Capítulo 4: Um Grito Mudo

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Estou cansada

Estou cansada de ter que responder aos vazios: "Como você está?"

Quero apenas ficar com a minha cara de cansaço sem que ninguém me pergunte o porquê

Quero o grito mudo que me ensurdece e me aflige e me acolhe e me aquece

Estou cansada

Estou cansada dos dias em vão, nos quais, como tola, busquei o amor. Ele não me satisfaz mais, ou nunca me satisfez... porque ele não existe

Estou cansado dele e de todos.

Estou cansada

Eu quero sonhar o sonho dos justos... e que essa noite dure até a volta do que virá. Quero dormir como uma criança, sem culpa; quero acordar como uma anciã: repleta do meu mais profundo eu

O vazio das pessoas e das coisas e das pessoas coisas me corrói os ossos. Não há ninguém aí fora. Não há ser que possa me preencher e me transbordar e me aquecer... e me amar

Estou cansada e estou derrubando o rei. Não quero julgamentos que me dilaceram a alma. Não quero opiniões fúteis e olhares acusatórios.

Eu quero o inocente, o puro, o ingênuo, o quente e casa... amor

Mas estou cansada e, cansada, eu paro, penso, afundo e ressurjo, afogo-me novamente e vivo... Mas cansada de não dizer: eu desisto de buscar, desisto dessa luta insana e cansativa pelo amor.

É tolo quem diz o contrário.

E estou cansada dos tolos.

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⏰ Last updated: Jun 25, 2018 ⏰

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