- O que vossa majestade pretende fazer?
- Alguém tem que parar Otávio! E esse alguém sou eu! Não posso deixar Catarina nas mãos desse homem.
- Tem certeza disso? - questiona Gregório.
- É meu dever salvar Catarina, Gregório. Eu sempre disse que esse casamento com Otávio era um erro, esse homem é um desgraçado.
- Posso então reunir os soldados, vossa majestade? - pergunta Romero.
- Monte uma tropa, sairemos antes do amanhecer. Catarina precisa de ajuda! - ordena o rei.
Nesse momento, Amália entra na sala e ouve a conversa.
- Catarina precisa de ajuda? - diz, incomodada.
- Meu amor, Otávio prendeu Catarina na masmorra, esse homem passou de todos os limites.
- E você vai até lá? Pode ser perigoso.
- Com licença, majestade. Irei providenciar a guarda! - avisa Romero, saindo do local com Gregório e deixando o casal a sós.
- Estou ciente do perigo, mas estou disposto a correr esse risco.
- Por Catarina?
- Não só por ela, mas por Artena também. Preciso impedir esse casamento com Otávio, que fará de tudo para se aproveitar do reino.
- Essa mulher e Artena já não são mais problemas seus, Afonso. Catarina se meteu com Otávio porque quis.
- Você está ouvindo o que diz, Amália? É a vida de uma mulher que está em jogo, sofrendo numa masmorra. O futuro de um reino também!
- Estamos falando de Catarina, uma mulher perigosa... Não duvido que isso seja apenas mais uma armação dela.
- Chega, Amália! Não ficarei aqui ouvindo tais barbáries. Creio que está em um dia ruim, não sabe o que diz. - responde Afonso, irritado.
- Me desculpe, meu amor! Realmente não estou bem, mas lhe peço, não vá. - implora Amália, com lágrimas nos olhos.
- Eu ficarei bem! Partirei amanhã cedo. - avisa o rei, saindo da sala do trono e deixando a noiva sozinha.
Na Lastrilha, Catarina está sentada e cabisbaixa em um canto da masmorra, estava fraca e entristecida. Otávio chega e se aproxima.
- Catarina! Vou lhe dar uma última chance de me dizer onde está seu pai.
A rainha levanta a cabeça e olha para o vilão com um olhar de ódio.
- Prefiro morrer a lhe revelar isso, Otávio.
- Meus homens já estão em busca do rei Augusto, Catarina. Cedo ou tarde eles o acharão, só estou lhe pedindo para adiantarmos as coisas.
- Eu já disse... Jamais vou revelar algo.
Otávio se irrita e segura Catarina pelo braço, apertando fortemente.
- Eu estou perdendo a paciência. Não me faça lhe bater novamente.
- Me solte, Otávio, me solte!
- Me diga onde está seu pai! Se nao... - diz Otávio, aos gritos.
- Se não o que? Vai me bater? Me mate, Otávio. Me mate! Mas você nunca mais verá meu pai. E até um porco nojento como você tem que respeitar alguns limites, não se esqueça que eu sou a rainha de Artena. Tire as mãos de mim! - diz Catarina, se afastando do vilão.
Otávio se surpreende e olha para Catarina com ódio e prestes a agredi-la, mas recua.
- Está bem. Fique aí nesta masmorra, por mim morrerá de fome.
Ele sai do local, enquanto Catarina cai no choro com toda aquela situação.
No dia seguinte, Afonso e sua guarda real marcham rumo a Lastrilha e se aproximam do reino de Otávio, enquanto Catarina é levada para a sala do trono do castelo, onde se depara com o patriarca da fé pronto para realizar o casamento dos dois. Enfurecida e assustada, a rainha reluta ao se dar conta do que se trata.
- O que significa isso?
- Nós nos casaremos agora, neste momento.
- Você só pode estar louco. Eu jamais me casarei com você, Otávio. Prefiro a morte!
- Morte de quem? Por que vidas estão em jogo mesmo. De várias pessoas!
- Como assim?
- Seu pai, Catarina. Eu o encontrei!
- É mentira, está blefando.
- Estou? E o que me diz sobre isto? - Otávio, então, pega o capuz que Augusto usou durante a fuga e mostra a Catarina, numa tentativa de fazê-la acreditar que ele estava falando a verdade. A rainha de Artena cai na armação, já que Augusto continuava desaparecido e Otávio mentia sobre isto, e se mostra abalada com as ameaças.
- como você o achou?
- Não importa. Se você não se casar comigo agora, matarei seu pai, depois farei questão de matar Afonso, o grande amor da sua vida, com as minhas próprias mãos. Depois será a sua vez, você morrerá com a certeza que tudo que planejou não deu certo, além de ser a responsável pela morte de duas pessoas queridas.
Catarina deixa uma lágrima escorrer de seu rosto e responde, fria.
- Apresse logo a cerimônia, Otávio!
Do lado de fora do castelo, Afonso e sua guarda chegam no local, mas são impedidos de entrarem.
- Eu, Afonso de Monferrato, exijo que saiam da frente agora.
- Sinto muito, majestade. Não podemos permitir a entrada de ninguém no momento, ordens do rei Otávio.
- Dane-se as ordens desse canalha.
- Mais respeito, vossa majestade está no castelo dele. - responde um capanga de Otávio.
- Eu entrarei neste castelo por bem ou por mal.
Os guardas tentam impedir Afonso e as tropas entram em conflito, travando uma pequena batalha na entrada do castelo. Afonso aproveita o momento para entrar escondido no prédio, enquanto todos os outros duelam.
Enquanto isso, Catarina e Otávio escutam as palavras do patriarca até chegarem a famigerada pergunta para a rainha.
- Catarina de Lurton, vossa majestade aceita o rei Otávio como seu legítimo esposo?
- Eu, eu... - diz Catarina, segurando sua resposta.
- Chega de enrolação, Catarina. Diga agora, ou trarei seu pai aqui para morrer diante de você! - ameaça Otávio, em tom de voz alta.
- Vou repetir... Vossa majestade aceita o rei Otávio como seu legítimo esposo?
Nesse momento, um grito ecoa na sala e o casamento é interrompido.
- NÃO! - diz Afonso, chegando alvoroçado no local - Solte Catarina, seu desgraçado. - continua.
- Afonso? - diz Catarina, emocionada e aliviada com a chegada de seu amado.
- Eu vou me casar com ela, Afonso. Você está no meu reino e não pode dar ordens aqui. Guardas, prendam-no!
Só havia dois homens na sala e Afonso rapidamente os derrubou, enquanto os demais continuavam lutando no pátio do castelo.
- Você não está em condições de declarar uma guerra contra Lastrilha agora, Afonso, desista! Seu reino está falido. - debocha Otávio.
- Não precisa ser uma guerra entre reinos, basta que seja um duelo entre reis.
- Um duelo? Será um prazer acabar com vossa majestade.
Os dois sacam as espadas e travam uma luta acirrada, enquanto Catarina observa tudo aflita.
- Catarina não lhe diz respeito, Afonso. Está comprando uma briga que não é sua! - avisa Otávio, enquanto tenta acertar o rei de Montemor.
- Artena é assunto meu também!
- Artena será minha, você não tem condições de governar um reino, já abandonou seu povo uma vez, quem dirá cuidar de assuntos de outro.
- Cometi um erro e tive a coragem de conserta-lo.
- Será? Montemor está a beira da falência por conta do seu relacionamento com a plebeia, mas você é covarde o suficiente a ponto de colocá-la em primeiro lugar novamente.
Afonso se irrita e tenta nocautear Otávio, que consegue desviar e jogar o mocinho no chão, apontando uma espada para ele.
- Chega! Vamos acabar com isso agora.
Catarina se desespera ao ver Afonso no chão prestes a ser ferido e parte pra cima de Otávio, que a empurra e a faz bater a cabeça no chão.
- Catarina! - grita Afonso, desesperado.
- Está preocupado com ela, majestade? Não se preocupe, uma queda não faz mal, apenas um machucado. Aliás, não é a primeira vez que proporciono isso.
- O que? Você bateu nela? Desgraçado! - diz Afonso, partindo pra cima do vilão e o derrubando no chão, deixando sua espada ir para longe. O rei de Montemor se descontrola e dá vários socos na cara de Otávio, que fica imóvel no chão.
- Isso é por agredir uma mulher de uma maneira tão covarde, seu canalha! - Afonso continua os socos, até que recupera a consciência e larga Otávio ensanguentado no chão.
- Catarina, você está bem? - diz o rei, se aproximando da rainha de Artena, que está no chão aos prantos e machucada.
- Afonso, você me salvou... De novo! Eu devo a minha vida a você.
- Fiz o que tinha que ser feito, não poderia lhe deixar nas mãos deste crápula! - responde, aliviado por ter resgatado Catarina - Você está sangrando! - continua, ao vê-la machucada.
Afonso limpa o sangue da testa de Catarina e os dois se olham fixamente, se deixando levar pelo momento.
- Eu, eu... Acho que devo lhe agradecer por tudo!
- Como? - diz Afonso, olhando para a boca de Catarina.
Os dois se aproximam, os olhos se fecham e os lábios quase se tocam, até que Romero interrompe o momento.
- Majestade, a guarda de Otávio foi rendida e o presidente do conselho da Cália chegou depois do vosso pedido, veio tomar as providências quanto a Otávio. O que aconteceu aqui?
Afonso e Catarina se afastam, envergonhados, e o rei de Montemor responde o capitão do exército:
- Tudo já foi resolvido, Romero. Consegui imobilizar Otávio, o pesadelo acabou! Peça para o rei de Alfambres conversar com esse crápula. Tenho que levar Catarina em segurança!
Afonso, então, pega Catarina em seus braços e a leva para fora do castelo.
- Não há carruagem rumo a Montemor. Você acha que está em condições de ir a cavalo?
- Bem, acho que sim! Mas não posso ir sozinha em um. - responde Catarina, receosa.
- Não se preocupe, eu a levo! Venha.
Afonso ajuda Catarina a montar no cavalo e depois sobe no mesmo animal.
- Segure firme!
- Claro! - diz a rainha, entrelaçando seus braços no corpo de Afonso e o abraçando, enquanto ele segue de volta para seu reino acompanhado de sua guarda.
Mais tarde, no castelo de Montemor, Afonso entra no seu quarto e encontra Amália, aflita pela demora de seu noivo.
- Meu amor, finalmente você chegou. Estava temendo que algo de ruim acontecesse! - diz a moça, o beijando.
- Deu tudo certo, Amália. Catarina está a salvo e Otávio provavelmente sofrerá as consequências pelos seus atos. Não deve ser preso, mas expulso do conselho da Cália certamente será.
- E Catarina? Onde está?
- No castelo! Ela ficará aqui por uns dias.
- Aqui? Neste castelo? Não acredito nisso, Afonso.
- É somente por uns dias, ela não tem para onde ir.
- Depois de todos os conflitos que nós duas tivemos é impossível ficarmos no mesmo local por muito tempo, mesmo que seja dias, já é uma eternidade.
- Amália, se Catarina continuasse com Otávio Montemor e Artena sofreriam graves consequências advindas dessa união, você não entende?
- E quanto a nós dois? Essa decisão pode ter sido o melhor para os dois reinos, mas certamente não foi o melhor para nós.
- Não tenho mais o que fazer, temos que decidir o que é melhor para o povo.
Amália se enfurece e sai do cômodo irritada, deixando Afonso pensativo.
No dia seguinte, Gregório encontra Afonso estressado na sala do trono e os dois conversam.
- Imagino que esteja pensando nos problemas do reino.
- São vários problemas nos últimos dias, Gregório. Apesar de ter derrotado Otávio, Montemor ainda sofre com as consequências do desmoronamento da mina e Amália parece não entender meus motivos para deixar Catarina no castelo.
- Amália precisa entender que Montemor tem que permanecer em primeiro lugar.
Afonso se cala e o conselheiro continua.
- Majestade, não há mais o que fazer. Precisamos tomar uma atitude agora!
- Você não está pensando em... ?
- É o único jeito de salvar Montemor. Seu casamento com Catarina traria diversos benefícios para o povo e para a política de Montemor.
- Mas eu amo a Amália, não posso me casar e deixá-la.
- Ela vai entender, ela tem que entender, majestade. Será somente um casamento de fachada, para conseguirmos o empréstimo que o reino tanto precisa.
- Depois de tudo que passamos você está me pedindo para cancelar a celebração do meu amor com Amália?
- Vocês precisam se sacrificar. Tenho certeza que a rainha Catarina aceitará essa união.
Afonso fica pensativo até que responde e concorda com Gregório.
- Tem razão, meu amigo. É o melhor para todos! Pedirei Catarina em casamento.
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Lurton&Monferrato
FanfictionAfonso está certo que seu destino é enfrentar todo o preconceito da idade média para se casar com Amália. No entanto, quando uma explosão na mina de Montemor acontece, o rei se vê obrigado a se casar com Catarina. O que antes parecia apenas um acord...