Depois
Alguns iriam segurar as primeiras armas que vissem contra Ragnar, até mesmo pedras encontradas ao lado de seus pés, outros iriam se aliar a ele, por medo do pior, pelo que ele fez àquelas garotas.
Depois de deixar Yuta em um porto ele partiu com as garotas para um pouco mais longe, a verdade era que ele andava em círculos e apesar de haver uma leve queimação em seu peito, ele não sentia a culpa, ele estava cumprindo seu juramento e aquilo era o suficiente. A água que mantinha os motores funcionando estava perto de acabar e ele ainda precisaria de mais para partir, então ele por fim pousou.
Taryan a Jenna, depois de se recuperar ela se apresentou, desceram do Jagar e olharam ao redor cautelosamente, eles estavam na clareira de um bosque próximo a uma cidadela, Taryan se virou para ele e o abraçou. Sem saber como reagir ele ficou rígido e ela se afastou com um sorriso, quando ficou ao lado da irmã elas se curvaram.
- Obrigada, Ragnar. Você é mesmo o herói em que podemos acreditar.
Aquelas palavras doeram nele. As duas irmãs ali, com suas peles morenas e olhos brilhantes estavam acreditando nele, um traidor da coroa. O traidor.
- Não se deve acreditar em símbolos. Acredite apenas em si mesmo. E no caso de vocês duas, uma na outra.
Desta vez a irmã de olhos azuis correu na direção dele e o abraçou ficando pendurada no pescoço dele e depois o beijou, na face direita. Ele piscou, seu olho metálico parecia mais quente. A garota se afastou e agradeceu mais uma vez.
- Obrigada por me tirar de lá.
Ele acenou.
- Sua irmã me obrigou. Então, adeus.
Ele colocou dois dedos na testa e os afastou já entrando no Jagar. Elas estavam radiantes em sua alegria e ele se arrependeu um pouco do que estava prestes a deixar acontecer com elas, mas ele não podia, não quando tinha tanto mais a ganhar. Então entrou no navegador e fechou a comporta.
Sem arrependimentos, Ragnar.
Ele ligou o motor e decolou, não olharia para trás, porém quando já estava quase longe o suficiente para não ver mais, ele olhou e viu as dezenas de soldados cercarem o perímetro, eles chegaram logo depois que ele saiu, a marca havia sumido, mas o peito dele doía.
Já era tarde, ele disse a si mesmo diversas vezes antes de pousar novamente para pegar Yuta. O companheiro jogou duas sacolas na mesa central, ouro tintilou e algumas moedas saíram da sacola, Yuta pegou uma e beijou.
- Veja só essas belezas, há tantas douradas que não precisaremos mais roubar pelo restante de nossas vidas.
Ragnar fez uma careta.
- Apenas com isso?
Yuta gargalhou e jogou mais duas sacolas e depois outra que carregava nas costas.
- Essa é a metade da sua parte, o restante está em um banco. Achei que você gostaria de ter algo seguro.
O velho amigo jogou uma chave para Ragnar que a pegou no ar.
- Banco Gerhado, Porto Amargo.
Ragnar enfiou a mão livre em uma das sacolas e a ergueu cheia de moedas, depois as deixou cair novamente dentro da sacola. Ele observou tudo aquilo longamente e depois olhou brevemente para o sorriso de Yuta. Em um segundo ele havia decidido.
Ragnar voltou a cabine de pilotagem e começou a ligar o motor, Yuta o seguiu e perguntou ainda sorrindo.
- Onde estamos indo?
- Minas de ferro.
- Ah, não.
Ragnar nem precisava olhar para Yuta para saber que expressão ele estava fazendo e certamente era a de desespero.
- Você está louco, amigo.
O motor estava funcionando e eles iniciaram a decolar, Ragnar finalmente olhou para seu amigo esverdeado.
- Duas Sussurrantes podem dar bem mais ouro estando ao nosso lado.
- Elas nunca vão nos perdoar.
- Elas nunca vão perceber que fomos nós, pois iremos tirar elas de lá.
Yuta se afastou, claramente arrependido de ter entrado naquele negócio.
- Louco, meu amigo, você finalmente deixou esse ferro dominar sua cabeça e agora a magia daquela mulher louca também está afetando você.
- Yuta, sente-se, vamos a velocidade máxima.
O homem não teimou e procurou logo um assento.
- Um dia ainda vou morrer por conta desses seus acessos de herói.
A palavra apenas fez ele ficar ainda mais determinado. Aquelas garotas acreditavam que ele era um herói, pois ele seria um daquela vez.
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Aliança de Ferro e Sussurros (Conto)
Short StoryEm um reino repleto de magia, os manipuladores são subjugados pelas armas dos não manipuladores. Eles são escravos, são servos, são os cães do rei. Ragnar já foi um desses e o preço por ter traído a coroa está marcado em seu rosto, parcialmente reco...