Um Homicida com Amnésia

Único

Ruídos, era só o que eu escutava, com meus olhos ainda fechados, posso sentir uma leve brisa balançando meus cabelos , ouço um farfalhar de folhas e abro meus olhos e o que vejo é simplesmente lindo , feixes de luz passam entre as folhas verdes vivas sobre mim,que se dividem em ramos e criam um mosaico em tons de verde contrastando com os galhos marrons, criando como se fosse o suporte para tal obra de arte, aromas florais são exalados pelas flores em tons de vermelho e roxo, que me embriagam com tanto perfume,e percebo que poderia ficar aqui por toda eternidade, admirando essa obra prima feita pela natureza, com o sol se repartindo em crinas e aquecendo a minha pele.

Porém percebo que eu não sei onde estou, não me lembro quem sou ou por que eu estou aqui,me levanto rapidamente,minhas roupas são estranhas em comparação onde estou, calça e blusa de mangas compridas totalmente alvas e descalço.

Observo até onde minha vista alcança e não percebo o menor sinal de qualquer coisa que não seja uma mistura massiva de tons de marrom, verde, vermelho e roxo.

Acho que ficar parado aqui não adiantará de nada, devo ver se acho alguém que me ajude, mas antes de poder executar qualquer movimento, vejo um pássaro, nada de muito incomum para o ambiente em que estou, se não fosse seu olhar de desespero e angustia, mais isso não chama a minha atenção em primeiro momento e sim sua bela plumagem, colorida, em tons de azul e amarelo, que fazem ser o mais belo pássaro que  já devo ter visto na vida.

Tento me aproximar do belo pássaro e constato ser um papagaio, chego mais perto e lhe faço um carinho em suas plumas,macias e com cheiro de glicerina, bem esquisito esse cheiro, porém não me é surpreendente já que essa situação em si é completamente sem sentido, ouço um murmúrio do mesmo, o qual me desperta dos devaneios em que me encontro.

--Perigo!perigo!perigo!

O pássaro começa a se agitar , repetia isso como se fosse um mantra, eu em completa confusão não entendia nada.

-- Qual perigo?O que está acontecendo?

--Perigo!perigo!perigo!

De repente percebo uma movimentação,um ruido estridente, me viro rapidamente, não vejo nada, volto a olhar o papagaio , porém ele não estava mais lá, voava sobre mim criando uma sombra, diria que a cena seria até bonita se não fosse tão macabra.

Sinto um arrepio, de repente, um medo me domina , porém não sei o que é, novamente me viro ,e vejo sair alguém de dentro dos arbustos , talvez  seja  minha salvação, uma pessoa , mediana , usa um vestido branco, com um chapéu com véu que cobre seu rosto.

--Olá, será que a senhora poderia me ajudar?!

Um apagão, não vejo mais nada, ouço vozes ao fundo, alguém gritando e perco a consciência.

                                                                                         (...)

Acordo e percebo que estou  do mesmo jeito e no mesmo lugar , os raios de sol iluminando meu rosto novamente, a cena se repetia extamente da mesma forma  e eu não fazia idéia do que estava acontecendo.

Respiro fundo, sinto a brisa contra meu rosto, fazendo um carinho suave em minha face, observo atento as coisas a minha volta, me sento, fico imerso em meus pensamentos , tentando compreender algo sã em meio a tanta loucura, será que foi um sonho? Não sei ao certo,nesse momento eu não sabia mais de nada.

Vejo o mesmo papagaio de antes, me levanto e caminho calmamente até ele, acaricio suas penas novamente,suspiros são soltos por mim enquanto tento compreender o que se passou, não faz o menor sentido essa situação, nem mesmo me lembro quem sou,então como correria perigo?