Mya

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— Clyde?

Mya ia entrando na casa, era simples e ao mesmo tempo aconchegante, aquela parte de West Virginia não tinha muita coisa para ser vista. Para ir ao posto mais próximo era necessário pegar o carro e dirigir por uns dois quilômetros até chegar no destino, e aquilo era recorrente naquela localidade. A casa de Clyde Logan era igualmente distante da dela e isso fazia aquela parte da Virginia tão peculiar.

Era uma casa pequena, havia pouco conforto, uma cozinha vazia talvez e uma sala com um sofá mofado, uma pequena tv que chiava e um quarto não tão confortável, havia muitos livros que ele gostava de ler. Clyde era um Logan diferente de seus irmãos, era tímido e reservado, tinha uma inocência cativante e talvez fosse um pouco ingênuo, mas ele nunca deixava de agir quando precisavam dele. Trabalhava a maior parte da noite no seu bar Duck Tape e ficava alguns dias de folga, ela não sabia dizer ainda quais era, porém ele era muito dedicado.

— Clyde? – Chamou mais uma vez

— Aqui – Disse uma voz ao fundo

Ele tinha mania de ir para o quintal e tomar algumas cervejas enquanto lia alguma besteira sobre famílias e suas tradições, não era um lugar muito bonito para se observar, realmente só tinha uma luminária de teto que mal iluminava alguma coisa e muito mato depois da cerca. Ela abriu a primeira porta branca e depois a segunda gradeada, ele estava com uma bermuda camuflada e alguma camisa de banda que ela nunca conseguiria identificar em cem anos por causa do desgaste da estampa.

— Clyde, quanto tempo mais vou ter que dizer que esse não é o melhor lugar para você ler? – Questionou ela com impaciência, trazia alguns sacos em sua mão esquerda – Vai terminar ficando cego

— Tia Mary nunca ficou cega, todos os dias ela lia a essa mesma hora e sabe o que aconteceu? Ela morreu de crise de vesícula – Disse ele fechando o livro para olha-la

— Pelo santo Estados Unidos da América, Clyde – Ela chiou entrando novamente – Sua Tia Mary pode ter morrido de vesícula, mas todos em Virginia sabemos que o grau dela era 8 em um olho e 10,5 no outro

Mya colocou as coisas em cima do balcão da cozinha e foi abrindo os pacotes, havia variados tipos de comidas nos pacotes, mas a maioria era junkfood, não qualquer tipo, junkfood de qualidade comprado no Bill do outro lado da interestadual.

— Jimmy me disse que você não tem se alimentado direito – Ela virou-se para vê-lo

Clyde estava como sempre olhando com aqueles olhos de uma criança curiosa, era muito fácil lidar com o homem pois de bom ele tinha sempre muito. Clyde também era facilmente influenciável e isso ela tirava de letra, porém de uns tempos para cá ele havia se tornado um pouco desconfiado, talvez por ter se envolvido com a moça do FBI. Estava parado olhando ao pé da porta, seu braço mecânico preto fazia alguns barulhos quando os impulsos eram levados a ele, Clyde logo saiu dali quando escutou o nome de seu irmão.

— Não gosto quando anda com o Jimmy

Sentou-se no sofá mofado com um pouco de irritação e ficou ali olhando para a parede, Clyde se referia aos novos planos que o irmão tinha para assaltar um grande evento no ginásio de futebol americano da cidade. Ela pegou os pratos em cima do balcão e levou até ele, o homem olhava para ela com uma cara de chateação enquanto ela se sentava ao seu lado, o rapaz logo colou seu prato em cima da mesa de centro que havia a frente deles.

— Fala sério, Clyde... Quando vai conversar comigo sobre isso? – Ela colocou o prato dela ali em cima com raiva – Nós podemos fazer! Vai ser fácil, não envolve explodir coisas dessa vez... Mellie e eu somos boas na corrida, até a Sylvia vai estar envolvida dessa vez... Por que eu não?

Clyde LoganOnde histórias criam vida. Descubra agora