Capítulo 4

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Acordo com um barulho de despertador estranho, não me lembro de ter trocado o toque, minha mãe deve ter mexido nas minhas coisas, odeio quando fazem isso.

Abro os olhos e vejo que estou num quarto diferente, será que bebi demais ontem? Só lembro-me de estar voltando da pizzaria com o Ucker, chegar em casa e dormir. Será que perdi alguma coisa?

Me levanto e tento achar a porta do banheiro, preciso de um banho pra ver se minhas ideias clareiam sobre a noite passada. Ainda estou meio sonolenta, sempre que acordo demoro um tempo para despertar. Esse quarto é um pouco familiar pra mim, só não consigo lembrar de quem é.

Por sorte o quarto tinha um banheiro, ando coçando os olhos até o espelho e quando vejo...

-Ahhhhhhhhhhhhhhh- despertei de vez- que merda é essa?- pergunto pro nada. Passo as mãos por todo meu rosto- já sei, isso deve ser um sonho- pisco várias vezes e até me belisco pra ver se é verdade.

Aquela cigana não pode ser de verdade. Droga essas coisas nem existem. Olho pra baixo e vejo que ele.. eu estou só de cueca. Não que esse seja o momento, mas a cueca é bem volumosa.

O que eu vou fazer? Estou no corpo de Christopher e se eu estou no corpo dele isso significa que ele está no meu.

-Filho está tudo bem?- é a voz da mãe de Ucker- escutei um grito.

-Ér, está tudo bem- minha voz está diferente.

-O café está pronto- eu vou chorar.

Eu ia tomar um banho, mas desisti. Não vou tocar nas partes intimas dele, não que eu já não tenha tocado, mas agora é diferente. Como eu não percebi essa situação quando acordei? Saio do banheiro e ando de um lado para o outro no quarto. Não vou surtar, não vou surtar, repito pra mim mesma na tentativa de me acalmar. Está tudo bem, você só trocou de corpo com outra pessoa. Será que o Christopher já acordou?

Olho num espelho que tem no quarto, toco no rosto dele novamente, isso só pode ser uma brincadeira. Vou encontrar o Christopher pra gente procurar a tal cigana pra resolver essa situação. É isso mesmo que vou fazer. Só mantenha a calma. Mas antes preciso colocar uma roupa, abro o roupeiro e pego uma calça e uma blusa qualquer, coloco um sapato. Olho para o lado e vejo o celular de Christopher em cima da mesinha, o pego na mão e desbloqueio a tela, por sorte não tem senha.

Tento achar o número dele no celular, só então me lembro que preciso ligar para mim mesma. O telefone chama, chama, chama e então alguém atende com a minha voz. Droga como isso é estranho.

-Dulce me diz que isso é mentira- ele nem me deixa falar- eu dormi com um pau e acordei com um par de seios e uma vagina.

-Aquela cigana não estava brincando- choro- precisamos reverter isso Ucker, ela disse 90 dias, é muito tempo.

-Eu sei, eu sei, você acha que eu gosto de estar com voz de mulher?

-É bem estranho- digo.

-Dulce estou indo pra minha casa, vamos achar essa mulher e voltar pros nossos corpos.

-Vou te esperar, não demora- falo- e coloca uma roupa que combine, não me deixe passar vergonha.

-Não enche Dul- e desliga.

Lembro-me das palavras da cigana, ela disse que nada poderia mudar. Não, não, não ela vai tirar essa praga nem que seja a força.

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