Capítulo Único

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"Para um lugar melhor ela foi

Só para conseguir a paz"

-Paródia feita por Yasmim

Olá, me chamo Rebecca Smith. Não queria ser eu a contar essa história de vida ou de morte.

Há exatos dois anos, encontrei minha melhor amiga dentro do banheiro de sua casa, eu tinha ido fazer um trabalho de sociologia. No momento que entrei no recinto, vi Ana, minha melhor amiga Ana Broken no canto do banheiro com várias caixas de remédios ao redor, ela estava morta. Urgentemente desci as escadas para chamar seus pais.

Flashback on

-Senhora Melinda – digo embargada pelo choro – a... a Ana – ela me olha assustada – no banheiro.

Senhora Melinda e Sr.Carlos correm para a escada, enquanto eu ligo para a emergência. Subo as escadas, vejo Mel e Carlos chorando copiosamente, eu não estava diferente, meu rosto estava banhado em lágrimas, queria eu que fosse por chorar de rir com a Ana e não por nunca mais rir com a Ana.

Olho para baixo tentando controlar minhas lágrimas,quando vejo que estou pisando em um papel, me abaixo e o pego, vejo que quem escreveu foi Ana, minha melhor amiga, agora morta. Olho para quem ela iria mandar e vejo "Beck", com um pedido de desculpas em baixo. Pego-a e guardo no bolso, no momento não tenho cabeça para nada.

Em seguida ouço a sirene da ambulância. Poucos minutos depois, médicos entram no cômodo e correm para o banheiro. Vejo pela porta eles se abaixarem, checarem o pulso de Ana e dizer para os pais dela "Sinto muito". Senhora Melinda começa a gritar desesperadamente, parece que agora que ela entendeu o que estava acontecendo. Eu levanto-me e corro para ajudar Senhor Carlos a segurar sua esposa. Olho para as enfermeiras, e uma delas vem em nossa direção e aplica um sedativo na Melinda.

O enterro foi no dia seguinte, várias pessoas foram, até quem caçoava de Ana. Cheguei em casa devastada, fui ao meu banheiro e peguei a carta que encontrei no dia anterior. Sigo até o meu roupeiro e a guardo em uma caixinha. Sim, eu sou fraca, não tenho forças, Ana era a minha melhor amiga, era para quem eu contava todos os meus segredos, era com quem nunca abusava de sair, era com quem eu ria que chorava, era com quem estudei por toda a minha vida, era com quem que eu poderia ser a verdadeira Rebecca Smith, sem me preocupar se ela me julgaria ou não. Pois Ana, ela nunca julgaria ninguém.

Flashback off

E agora, aqui estou eu nas Ilhas Maldivas, olhando o mar. Esse era o meu sonho com Ana, um dia conhecer as Ilhas. Nesse tempo nunca aceitei ter outra melhor amiga, esse lugar sempre pertenceu a Ana e sempre irá pertencer. Abro minha bolsa e pego a carta, nunca tive coragem suficiente para ler. Sento-me na areia em uma parte isolada da praia, e abro. Suspiro pesadamente com os olhos cheios de lágrimas começo a ler.

Para: Beck

Desculpas.

Oi Beckzinha, te conhecendo bem, sei que está lendo essa carta um tempo depois do acontecido. Desculpa-me, me desculpa não ser forte o suficiente, me desculpa não falar com você, mas eu não consigo. Esses sentimentos apenas não saem de dentro de mim de jeito nenhum. Você foi a melhor coisa que me aconteceu, quem tem você ao lado, pode ter certeza que anda com algo bem mais valioso que qualquer diamante existente no mundo. Mas, eu não aguentei mais meus demônios interiores e nem os exteriores, eu queria paz, eu queria sossego, desse modo eu não aguento mais. Não há mais lugares no meu corpo para extravasar a minha dor (acho que agora você entende o meu escândalo quando você acidentalmente quase levantou a manga da minha blusa, né?). Piadas na escola, piadas na rua, piadas nas redes sociais e piadas em qualquer lugar que vou que você não esteja comigo e nem meus pais. Aliás, por favor, diga aos meus pais que eles são os melhores pais que eu poderia ter. Pessoas não medem suas palavras, não medem a dor que elas podem causar, não medem o que elas podem fazer e elas não medem tamanha dor que podem causar. Eu sou fraca, eu sempre fui fraca, porém me tornei ainda mais fraca no momento em que fui à farmácia. Estou deixando essa carta para você saber, que eu quero que viva sua vida, chega de tristeza (te conheço bem!) e seja alegre como sempre foi, a minha melhor amiga, seja Beck Smith, seja REBECCA SMITH. Encontre seu príncipe, estarei aqui do céu te vigiando e te protegendo do mal. Não bloqueei nada que vier, você sabe que eu odiaria isso. Saiba que eu sempre estarei com você, no seu coração. Amo-te Beck, Te amo melhor amiga!

Nesse momento não consigo controlar mais o choro, olho para o céu e falo:

-Te amo Aninha. Minha melhor amiga! Não irei mais me privar, irei ser a Rebecca que sempre fui com você.

Levanto-me e me limpo como posso. Olho para os lados e vejo um cara, muito bonito por sinal, me encarando, ele estava um pouco longe, quando ele ver que eu estou o encarando, ele começa a caminhar até mim. Quando chega, indaga:

-Você está bem? – voz dele era grossa, e ele transmitia confiança. Ainda com receio respondo

-Agora sim! – ele me olha um pouco surpreso, e entendo que acabei transmitindo um sentido errado – Digo... assunto resolvido. – falo levantando a carta

-Namorado? Céus! Desculpa-me, não quis ser intrometido! – ele me olha um pouco desesperado. O olho risonha e digo:

-Tudo bem. Não, não é namorado, é minha melhor amiga, digamos que ela está nos olhando nesse momento. – ele começa a olhar pelos lados – Oh não! Ela não está aqui. – ele olha confuso e aponto para o céu, ele me olha assustado.

-Oh, sinto muito, sinto muito mesmo! – o olho tentando dar um sorriso, o que não deu certo. – Posso te abraçar? – ele pergunta e eu assinto.

-Obrigada. – digo ainda no abraço e me afasto – Mas, como disse antes, assunto resolvido!

-Que bom, eu acho. Aliás, me chamo Nick. Nick Bateman.

-Prazer Nick! Eu sou Rebecca. Rebecca Smith.

-Posso acompanha-la?

-Sim...

E assim fomos andando até o hotel, conversamos bastante e marcamos de nos encontrar amanhã para curtir a praia. Entro no meu quarto e digo sorrindo:

-Olha aí Ana, estou seguindo a minha vida, espero que esteja me olhando. Obrigada por tudo e me desculpa qualquer coisa. E acho que estou conhecendo o meu "príncipe"...

DOIS DIAS DEPOIS

Olho nervosa para Nick

-Calma, vai dar certo Rebecca. Sobe nesse palco e arrasa – sorrio e subo no palco.

O palco era na praia, estava tendo um evento, e o Nick conseguiu falar com o gerente para me deixar cantar uma música que eu fiz para Ana no dia que marcamos para curtir a praia. Estou bem nervosa, mas irei fazer isso.

-Boa noite a todos! Hoje irei cantar uma música que fiz para minha melhor amiga Ana Broken. O nome é "Pobre Moça" – olho para Nick assentindo e ele começa a tocar o piano.

Chorando a noite

Seus pulsos a sangrar

Já sofreu muito

Essa dor ela não vai aguentar

Ela tentou, mas não aguentou

Não aguentou oh oh

Se machucou e não suportou

Não suportou oh oh

Pobre moça... (2x)

Para um lugar melhor ela foi

Só para conseguir a paz

Não dá mais para voltar atrás

E a culpa consumiu seus pais

Ela tentou, mas não aguentou

Não aguentou oh oh

Se machucou e não suportou

Não suportou oh oh

Pobre moça... (2x)

A música termina, eu já chorava bastante. Nick veio até mim e me tirou dali. E os dias foram passando e eu segui a minha vida, assim como Ana pediu.



AGRADEÇO A TODOS QUE LERAM! :)   

Pobre MoçaOnde histórias criam vida. Descubra agora