Capítulo 28

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Capítulo 28, relatos.

Então não tem sinalização?

— Exato. Como eu disse, é tipo um labirinto — respondeu Ira. — Ah, e até a metade do percurso têm fiscais para garantir que vocês não vão cortar caminho. Já do meio até o final, a chegada, há apenas uma possível rota.

— Não aguento mais essa roupa de ginástica! Parece até que virou uma segunda pele — comentei. Ele riu.

— Sério, nada de tentar cortar caminho. Você é desclassificada, caso faça.

— Tudo bem, não irei. Boto o meu Time em última posição, mas não vou trapacear.

— Com licença — pediu alguém, tocando no ombro de Ira. — Posso falar com ela rapidinho?

Era Jack.

— Sim — respondeu ele e se virou novamente para mim. — Não esquece a bolsa com garrafa d'água. Ah, e seu Time é o Dois.

"Arrasa e mostra pra esses estaduais quem é que manda."

— Okay! — concordei, rindo.

E ele saiu.

— Oi — disse um pouco envergonhada.

Não tínhamos conversado desde o dia em que o deixei sem explicações nas Fogueiras.

— Oi... Feliz aniversário! — ele estava tão sem jeito quanto eu, era nítido.

— Obrigada.

Jack não sabia como entrar no assunto, então dei o primeiro passo.

— É... Eu sei que estamos precisando conversar, e também não quero mais adiar isso. Então quando acabar, podemos ir para algum lugar.

— Tudo bem.

Ficamos nos encarando até que ele tomou a iniciativa e me deu um abraço bem apertado. Aguardávamos por esse momento.

— Obrigada por compreender.

— Tenho uma surpresa para você hoje.

"Grupos Quatro, Times Um e Dois comparecer na entrada. Repito, Times Um e Dois comparecer na entrada."

— Claro que teria — sorri para logo me afastar. — Preciso ir agora.

— Tchau, até logo!

Juntei-me ao meu grupo.

"Time Um, largada será dada em 3, 2, 1..." (Soou a buzina).

— Somos os próximos — disse April ao meu lado.

— É, pelo jeito sim.

— Nervosa?

— Um pouco. Deve ser porque é a minha primeira vez.

— Ah, eu fico assim todo mês. E acho que vou ficar até a minha última.

Estranhei o comentário pela ênfase esquisita que deu ao final da frase, mas fiquei quieta.

— Ai, meu Deus, me ajuda! — exclamou a garota ao nosso lado.

— Está tudo bem? — perguntei preocupada.

— Sim, sim, está sim. É que é minha primeira vez, completei quinze anos semana passada.

— Também é a minha.

Sua testa estava molhada de suor, mechas grudavam nela. O dia estava nublado e fresco, não era por calor.

— Mas se você não relaxar, vai ser pior — completei.

O RefúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora