Capítulo único: Sixty days for you to die

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Vestia-me calmamente, o dia estava com um clima ameno, típico de começo de outono, não estava sentindo-me exatamente bem, meu coração apertava dentro da caixa torácica e eu sentia que algo de muito estranho estava para acontecer.

— Só vamos pegar resultados de um exame, é um local normal, Guk-ah, não precisa ir tão arrumado assim. — Taehyung entrou no compartimento, barra, quarto do mais novo, no loft em que dividiam. — Parece até que está indo para uma festa.

— Sai daqui, capricorniano, eu, como bom virginiano que sou, sou vaidoso ao extremo. Vai que, sei lá, uma agência de modelos ou uma empresa de entretenimento não me para no meio do caminho e fala "olha ele, que bonito ele, será que ele não quer ser um k-idol ou desfilar para tal campanha?".

— Aham, aí eles vão te debutar e quando as fãs pesquisarem sobre você, vai estar lá "Jeon Jeongguk, foi selecionado quando estava passeando normalmente pela rua".

— Com toda a certeza do mundo — afirmei convencido, logo me virando de costas para Taehyung, para terminar de vestir a camisa de tricoline. — Abotoa pra mim?

— Certo. Até o último botão? — indagou, já com os dígitos no tecido plano.

— Uhum, por favor.

Assim que senti os dedos do mais velho em contato, ainda que quase nulo, com minhas costas, foi como se minha derme se arrepiasse instantaneamente, e isso não era algo ruim, era boa a sensação que eu tinha quando estava na companhia do outro, uma paz interior se instaurava em mim, ainda que "paz" e "Taehyung" na mesma frase não combinem nenhum pouco.

Havíamos nos conhecido há alguns anos, quando ele havia sido transferido para minha turma no primeiro ano do ensino médio. Claro que foi ele a puxar assunto, porque, embora fosse normal um novato se sentir deslocado numa escola nova, com Taehyung não foi bem o que aconteceu, porque em menos de seis meses ele era uma das pessoas mais populares do colégio, presidente de classe e meu melhor amigo – essa última parte foi o melhor acontecimento, diga-se de passagem.

Nosso início de amizade foi engraçado. Não dava para esperar outra coisa vinda do Kim, já que tudo começou quando estávamos na prova de física e ele sentava-se atrás de mim. Modéstia a parte, eu era um dos melhores alunos da matéria, e eis que eu sinto uma cutucada na minha cintura e um pedido baixinho de "qual a resposta da última, pelo amor de Panem, eu não sei o que diabos é um cálculo vetorial".

Eu contive minha risada soprada para não chamar a atenção do professor e murmurei um "B" tímido, recebendo de volta um "obrigado, quando eu me formar, vou colocar seu nome em agradecimento no meu anuário". Desde ali, engatamos em uma amizade estranha baseada em algumas colas, porque ele tinha preguiça de estudar, alguns filmes juntos, horas de videogame na minha casa aos fins de semana e teorias sobre como a Katniss não precisava de macho nenhum em The Hunger Games, mas que gostávamos dela com o Peeta – e eu sabia que ele gostava da trilogia, barra, saga desde o momento de "pelo amor de Panem".

— Obrigado. — Sorri assim que ele colocou o último botão de massa em sua devida casa. — Vamos de bicicleta?

— Eu vou na cestinha! — Fiz careta assim que ele pronunciou. — O que foi? Você é mais forte, então, você pedala.

— Espertinho você, não?

— Inteligente seria a palavra certa, querido. — Soprou um beijo em minha direção, fazendo-me corar.

Maneei a cabeça em negação, poderia mentir e dizer que não sabia o motivo de estar a corar com uma simples brincadeira do meu melhor amigo, mas sabe aquele típico clichê super piegas de "best friends to lovers"? Então, não consegui evitar me apaixonar por cada coisinha do Kim, e cá estamos naquele impasse contínuo de "não vou me declarar para não perder a amizade", mas é aquele ditado.

Last days in VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora