Capítulo 6

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"Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito" – William Shakespeare.

Algumas horas depois...

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Respire, Luana. Respire. Minha mente estava fervilhando, um embrulho de frases estava rodando por meu consciente trazendo imagens da minha "antiga" vida. Vida a qual teve reviravoltas nada boas, mas tudo se simplifica por uma simples palavra: consequência.

Quando eu era mais jovem – depois que Miranda tinha se suicidado –, aos 16 anos, para ser mais exata, eu fiquei totalmente perdida. Miranda não era só uma amiga qualquer, era uma irmã, tínhamos crescido juntas, e sua morte me abalou tanto que eu não aguentei mais nada. Meus pais, bom, eles tentaram me ajudar. Fizeram–me acompanhar um psicólogo e frequentar a igreja, mas, mesmo assim, nada disso foi capaz de confortar o meu luto. Foi aí que as coisas pioraram, eu fiquei tão cansada de tudo e todos – do olhar de pena das pessoas em me ver naquele estado, dos meus pais que faziam de tudo, mas que ajudavam em nada –, que eu procurei aquilo que não deveria. Drogas. Meu namorado daquela época era um garoto de 20 anos, baterista de uma banda que tocava em bares, um pouco louco e, que eu descobri ser bem depois, traficante. E, é claro, em meio ao desespero eu dei o foda–se e provei. Aquilo, eu pensava que seria minha salvação, era na verdade eu me aproximando do fundo do poço. E essa situação que estou vivendo agora me dá uma impressão que seguirá o mesmo caminho.

Dominic, meu confuso lobisomem, havia simplesmente decidido que eu iria embora com ele. Sem nem ter escutado o meu "Não" como resposta; ele me pegou pelas pernas, me colocou sobre seus ombros e me jogou dentro do carro como se eu fosse um saco de batatas. E cá estou eu, uma humana emburrada no banco de trás do carro, xingando com todas as minhas forças aquele que se diz meu destinado que está dirigindo.

– Vamos parar um pouco para respiramos o ar livre por um tempo, talvez assim você se acalme – escuto Dominic falar para mim.

Ele para o carro e soltando fogo eu salto do automóvel e caminho para dentro da mata. Estávamos em uma estrada pouco movimentada, havíamos dirigido algumas horas já e por isso estava quase escurecendo. A mata ainda tinha traços urbanos, algumas construções destruídas, mas já dava para perceber que a cada segundo entrávamos mais e mais no ambiente rural.

– Luana, espere!

Olho para trás e vejo um ser ruivo me seguindo. Ótimo! Não tenho um minuto sozinha. Sem dá muita bola para ele, caminho até chegar a um rio. Paro em frente à água e abraço meu próprio corpo e suspiro fundo.

– Ei? – Ele vira meu corpo para trás e levanta meu queixo com a mão, para poder olhar em meus olhos – Por que não me esperou? Você não pode sair andando por aí. Pode ser perigoso – Continuo fitando seus lindos olhos verdes. Tão intenso. Tão sedutor – O que foi?

– Você ainda pergunta? – Ele franze a testa e pressiona seus lábios um no outro.

– Você ainda está chateada por isso? – Ele revira os olhos e me beija. Fico parada, resisto a todo custo. Quando ele se afasta, ele finalmente percebe e pergunta – Você está triste?

– É claro. Um beijo não irá resolver nada, Dominic. Você me magoou e muito.

– Por quê? Eu só fiz o que achei certo. Eu não podia deixa–la e nem ficar.

Suspiro cansada. Cansada de tudo. Ele não entende ou não quer. Se me ama como diz ser a magia, deveria entender o meu lado. Ele passou muito tempo me esperando e até hoje ele só agiu como um alfa, e agora quer me tratar como se eu fosse um soldado seu.

O Amor de sua AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora