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No outro dia, no mesmo horário, lá estava eu, sentada no banco observando o garoto em seu skate.

Essa pista infelizmente é esquecida. Somente às vezes, algumas outras pessoas aparecem por aqui, mas isso é raro.

Eu venho aqui já faz 2 anos, mas, desde que eu vi esse rapaz, têm sido mais frequente.

Ele chegava sempre no mesmo horário, logo depois que o céu ficava laranja. E se ia embora assim que as primeiras estrelas surgiam, iluminando o céu escuro.

Eu não sei exatamente o motivo, mas eu adorava ficar o observando todos os dias. Ele não falava comigo, mal me olhava, mas eu sei que ele me vê, sabe que estou aqui.

Em determinado momento, ele parou. Pisou no seu skate apenas com um dos pés, e ficou me observando por um tempo. Eu fiquei sem reação, só com os meus olhos vidrados em seu tórax, que subia e descia rapidamente pela respiração ofegante.

- Porque vêm aqui todos os dias? - Sua pergunta me pegou de surpresa. Não esperava por isso. Sua voz era levemente grossa, mas estava calma.

- Eu... Gosto de te ver. - Falei por fim, mirando agora seus olhos.

- Me ver? - Ele franziu o cenho, oque eu achei engraçado pois ruguinhas surgiram em sua testa, mas eu não ri.

- Sim. - Eu respirei fundo e me levantei, ainda no mesmo lugar. - Eu gosto de te ver em seu momento de calmaria, também me acalma. Eu venho aqui pois quero ficar calma, e te ver calmo, me deixa calma.

- Você vêm aqui desde que cheguei nesta cidade. Porque eu?

- Como eu disse, você me acalma. - Sorri.

Ele me olhou sério, e depois deu um leve sorriso.

- Como você se chama? - Perguntou.

- Dara. Me chamo Dara Jones.

- Prazer Dara. Sou Michael Hall.

Ele estendeu sua mão para mim apertar. Eu apertei-a e sorri.

- Que bom que finalmente falou comigo senhorita Jones, já estava na hora.

- Oque? - Perguntei confusa.

Ele riu baixinho e se abaixou para pegar seu skate. O pôs embaixo do braço, e sorriu para mim.

- Quer tomar um sorvete?

- Quero sim.

- Então vamos, eu pago.

E depois disso, o garoto não voltou mais até a pista de skate sozinho, eu sempre estava lá com ele. Ele não fazia mais manobras, contava suas histórias e aventuras. Eu me apaixonei ainda mais por Michael, e ele por mim. Alguns meses depois, nós dois estávamos namorando, sempre íamos até lá, a pista de skate. Ficávamos sozinhos, rindo por horas.

Eu finalmente conheci o garoto misterioso. E ele me conheceu também.

"Ele ia para lá todos os dias, via o sol se pôr e a lua chegar. Mas não parava para olhar".

O Garoto Na Pista De SkateOnde histórias criam vida. Descubra agora