Airi passou em uma farmácia e comprou uma caixa de band-aids de ursinhos, os quais ela mais gostava, antes de chegar ao seu trabalho, no Tribunal de Justiça de Daegu. Ela era promotora e conseguira o emprego há cerca de 4 meses atrás, algo bastante incomum para uma mulher de 25 anos, formada há relativamente pouco tempo na faculdade de direito.Airi era apaixonada por direito, porém não conseguia suportar advocacia. Odiava a ideia de ter de defender pessoas que, em sua opinião, nem sequer deveriam ser defendidas por qualquer outro indivíduo. Ela amava ser promotora. Nesse trabalho, sentia que conseguia, de fato, combater a criminalidade em suas diversas ramificações, além de atender aos interesses mais gerais da sociedade. Também gostava do juizado, mas não havia pensado, ainda, em se tornar uma juíza. Alcançar tal cargo era algo ainda muito distante, para ela.
Chegando ao Tribunal de Justiça, Airi bateu o ponto e foi até seu escritório, o qual dividia com mais duas pessoas: uma investigadora, senhorita Kang Cho-Hee - uma mulher de 42 anos, bastante centrada e dedicada - e um secretário, Cha Min-Kyung, com o qual não conversava mais do que o necessário e sabia poucas informações pessoais. Mesmo em pouco tempo de trabalho, gostava bastante de sua sunbae investigadora. Ela lhe passava uma imagem de tudo o que desejava ser no futuro, além de ajudá-la com casos que tinha dificuldade e que não possuía tanta experiência.
- Bom dia, investigadora Kang - Airi disse, inclinando seu corpo com reverência.
- Bom dia, promotora Kirishima - ela respondeu, abaixando apenas um pouco sua cabeça.
Airi sempre ria internamente do jeito que ela pronunciava seu sobrenome. Como era um sobrenome japonês, a maioria dos coreanos não o pronunciava corretamente, mas ja não os corrigia mais. Se mudou para Coreia ainda muito nova, com 6 anos, assim que se tornou impossível continuar vivendo onde nascera e morara até então, em Nagoya, no Japão. Ela e sua mãe, que era coreana, se mudaram para Daegu, onde tinham familiares: seus avós maternos e algumas tias, irmãs de sua mãe.
Cresceu frequentando diversas clínicas e diversos psicólogos diferentes, já que nunca conseguia se adaptar a nenhum deles, além de fazer uso contínuo de remédios para seus transtornos psiquiátricos. Quando mais velha, já com 18 anos, abandonou o acompanhamento psicológico/psiquiátrico e continuou tomando os remédios por conta própria, não porque se sentia dependente deles - até tinha dificuldade para lembrar de tomá-los - mas porque prometera à sua mãe que se cuidaria, de qualquer jeito.
- Bom dia, secretário Min. - Airi falou, enquanto caminhava até o armário onde estavam as infinitas pilhas de papel que teria de enfrentar durante o dia, pegando algumas delas e levando-as à sua mesa. Ele a respondeu apenas abaixando a cabeça, sem olhá-la diretamente, continuando a escrever os e-mails nos quais estava concentrado. Airi não ligou e também não fazia questão de receber qualquer atenção, era assim todos os dias.
A manhã se passou, arrastada e quase infinita, resumindo-se somente à folhear papéis e fazer anotações sobre os casos de suspeitas de crimes, os quais teria de se aprofundar posteriormente, dar início às ações penais cujas provas ja tivessem sido reunidas e requisitar diversas informações e documentos que a ajudariam nos futuros inquéritos. Apesar de bastante cansativo, Airi nunca reclamara de ter bastante trabalho a fazer. Isso a distraía, principalmente em dias como aquele, com tantas coisas acontecendo em um curto período de tempo.
De vez em quando parava de prestar atenção nos papéis e se perguntava como estaria a moça que encontrara no ônibus. Se ela estava assustada ou envergonhada, se já havia acontecido algo assim com ela. Queria ter feito algo além de segurar suas mãos trêmulas, queria ter tomado alguma atitude, mas aquele homem o fez antes que ela pudesse. Ele foi mais rápido, não hesitou nem mostrou qualquer desequilíbrio em seu rosto ou em sua fala por um bom tempo e conseguiu ajudá-la prontamente, enquanto Airi apenas conseguiu alguns pequenos machucados nas palmas de suas mãos e uma frustração dolorosa. Não sabia se estava com raiva ou extremamente curiosa sobre aquele homem, que jurava já ter visto em algum lugar anteriormente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Singularity
FanfictionKirishima Airi é uma promotora cujo passado a faz pensar e agir de maneiras distintas e peculiares; como consequência disso, tem grande dificuldade e medo em se relacionar com pessoas do sexo masculino. Min Yoongi é um jovem juiz que não consegue co...