CAPÍTULO I

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Micaella

Era mais um dia normal aqui no morro, tudo certo e tranquilo. Cada um na sua responsa. O dia passou rápido e no final dele chegou um grupo de pessoas que pediram pra falar comigo, fui atender, chegando lá era sobre um projeto social que iria acontecer daqui a alguns dias. Não entendi muito bem, mas como era pras crianças, eu aceitei e dei tudo oque precisavam.
As crianças daqui realmente precisam de uma atenção em tudo, educação, cultura, saúde e etc. Eu sempre ajudo em tudo que posso, mas não é o suficiente.
Os dias passaram sem nenhuma novidade e chegou rápido o tal dia do projeto social. Eu queria participar de tudo, porque gosto de observar essas coisas e ver como irão tratar as pessoas aqui. Como tinha muita gente de fora não pude ficar armada do jeito que gostaria, mas estava com uma pistola na cintura e soldados em volta. 
Quando cheguei o projeto já tinha começado, as dentistas estavam cuidando apenas das crianças e as crianças estavam bem animadas.
Fiquei olhando tudo com atenção e logo uma assistente social junto com uma das dentista veio falar comigo.

_Bom dia senhora Micaella! Essa aqui é a Gabriele responsável geral do projeto social que está sendo realizado. _ disse a assistente social.
_Que legal. Fiquem à vontade, qualquer parada estou aqui._eu disse olhando pra dentista que por sinal era a dentista. Que gata!
_Obrigada pela recepção! _Gabriele disse dando um sorriso e saindo dali

Não fiquei até o final, estava cansada e precisava agitar o dia, fiquei no corre da favela e quando anoiteceu fui pra casa.

Gabriele

Finalmente o dia do meu projeto social chegou, eu era responsável por um projeto que visita comunidades carentes dando assistência a saúde bucal das crianças e adolescentes. Estava animada, a assistente social já tinha comunicado ao pessoal da comunidade que teria esse projeto. Fomos todos muito bem recebidos por todos lá, a dona do morro, como é conhecida lá que foi um pouco curta nas palavras mas não deixou faltar nada.
No final do dia tudo tinha sido concluído com sucesso, os voluntários arrumaram as coisas e todos nós fomos embora. Eu estava bem feliz com o sucesso do projeto. Assim que cheguei em casa, mal descansei e fui sair pra tomar chopp com umas amigas de consultório. Pedi um Uber, pois queria beber em paz. Ficamos em São Conrado, barzinho perto da casa de uma das meninas do consultório. Na hora de ir embora cada um foi pro seu canto, já era 3h da manhã, ainda bem que eu não estava bêbada. Pedi um Uber e estava cochilando no carro já quando escutei...

_A baixa a porra do vidro caralho!! _quando abri os olhos no susto, só vi uns caras armados em volta do carro, fiquei apavorada mas tentei manter a calma.

_Sou trabalhador, estou levando uma passageira em casa. _disse o motorista do Uber

_Como é que entra na favela assim? Tá maluco porra, pode descer do carro todo mundo. _imediatamente eu desci e pude reconhecer o lugar, era a Rocinha.

_Ele é só o motorista, deixa a gente ir embora.

_Quem garante? Ninguém vai embora assim não.

_Qual foi do caô  Zelé? _ era uma voz feminina, eu já tinha escutado antes, me virei só pra confirmar e era Micaella a tal dona do morro, ela estava com uma pistola na cintura e um fuzil nas costas.

_Carro todo escuro na favela patroa, a regra é clara, entrou assim tem que tomar esculacho.

_Tá certo, mas pode se adiantar. Ela é a dentista que estava aqui hoje cedo. _O menino virou e saiu juntos com os outros caras.

_Qual seu nome mesmo? _Micaella disse se virando pra mim.

_Meu nome é Gabriele _ falei com a voz pouco trêmula.

_Gabriele você está perdida por aqui?

_Sim, na verdade o Uber está perdido. _Nisso quando olhamos pra trás o Uber já estava indo embora.

Mica

Achei muito estranho ele sair assim. Mas na hora que saquei a arma pra dar um tiro no pneu dele, Gabriele gritou

_Ei você tá maluca?!?!?!

_A maluca aqui é você, entra na favela desse jeito e ainda grita comigo.

_Você vai tirar a vida de uma pessoa a troco de que??? _ela estava nervosa

_Continua gritando que eu tiro a tua também, sua maluca.

_Tira ué, não tenho medo de você não.

Que raiva já que eu tomei dessa mulher, porra. Vir no meu lugar de paz e tirar a minha paz. Imediatamente passei um radin para os soldados só pra eles conferirem se o carro ia sair da favela mesmo.

_Você tem dez minutos pra sumir da minha frente? _falei enquanto ela me encarava.

Ela não respondeu nada, apenas pegou o celular. Ligou pra alguém que se chamava Caio ir socorre-la e começaram a discutir feio. Em seguida desligou o celular.

_Você escutou o que eu disse? _falei mais uma vez já que ela não tinha respondido.

_Não sei se você percebeu, mas o garoto que eu ficava cagou pra mim. Não sei nem como sair desse lugar. Pede um Uber pra mim por gentileza.

_Sinto lhe informar mais Uber nenhum vem pra essa área que estamos. São quase 4h da manhã. Você pode ficar aqui até amanhecer e pegar um moto táxi, pois eu já irei dormir.

_E você não pode me ajudar de nenhuma forma?

_Posso. _ Não tinha como deixar ela sozinha ali, com certeza ia dá merda.

Gabriele subiu na moto fomos até a boca e eu pedi pra um dos soldados que não tinha passagem levar ela em casa. Assim que ela saiu com o soldado eu fui pra casa dormir.

RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora