Capítulo 5

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Micaella

Eu notei que Gabrielle deu uma afastada e eu não quero a atrapalhar. Seja lá o que ela pretende eu apenas irei deixar. Vivemos em mundo totalmente diferentes. Mesmo eu me sentindo muito atraída por ela, eu não posso me envolver não.
A semana passou rápido e tediosa, pouco tempo se falando e eu já tinha me adaptado a conversar com ela.
Era sexta-feira, me deu uma vontade louca de dar um mergulho no mar. Quando anoiteceu fui com meu melhor amigo. Tiramos a roupa e pulamos no mar, eu estava com um biquíni azul marinho e ele de sunguinha. Quando saímos do mar, eu vi um casal de longe. Mas nem me importei com nada. Paramos no quiosque do melhor açaí do mundo e quando olhei pro lado, o coração disparou de uma forma sem igual, era ela, rindo e conversando com um outro carinha. Eu precisava esconder o que estava sentindo e continuar ali. Fingi que nem a vi e sentei pra tomar meu açaí. Menos de 5 minutos Gabrielle me percebeu ali, mas fingiu que não me conhecia também. Fiquei conversando com meu amigo e quando olhei pra mesa dela novamente, ela estava beijando esse cara. O sangue subiu na hora, mas eu continuei fazendo a plena.
Passou um tempo nos levantamos e fomos embora.
Cheguei na favela cheia de raiva, não sabia o motivo, parecia ciúmes. Isso tinha que passar, como sentir ciúmes de alguém que nunca nem fiquei. Resolvi excluir o número de Gabrielle.

Gabrielle

Em plena sexta-feira, recebi um convite de um amigo de consultório para sair e tomar um açaí. Eu não iria fazer nada e precisava esquecer Micaella que não saía da minha mente.  Aceitei o convite e fomos no acaí. Eu já tinha chegado em casa, coloquei um macaquinho despojado e fui. Roni era um gato, mas não me atraía em nada, nada mesmo. Eu acho que estava virando gay, não é possível.
Ficamos conversando um bom tempo no quiosque. De repente, eu vejo uma coisinha linda se aproximando, só de short e a parte de cima do biquíni, um coque largado... Era ela, não é possível, deve ser perseguição. Gente como conseguia ser tão linda? Ela estava sentada na mesa com um menino. Os nossos olhares se encontraram algumas vezes, mas ela não esboçou nenhuma reação, parecia que nem me conhecia. Eu decidi fazer o mesmo.
Depois de um longo assunto, Roni me puxa e beija. Ele beijava bem até, mas a minha cabeça não estava ali. Porém continuei o beijando. Passou um tempo e ela foi embora. Eu estava me sentindo mal. Ver Mica me fez sentir mais saudades ainda, vontade de falar com ela... Mas ela não me procurou também, então eu iria ficar na minha. Inventei uma desculpa pra Roni e resolvi voltar pra casa.

Desbloqueie o celular e abri na janela de Mica, de repente a foto sumiu, ou melhor, tudo. Será que ela me bloqueou? A curiosidade de falar com ela e a vontade venceu.

_Olá. Me bloqueou?

_Faria diferença? _ ela respondeu em minutos

_Sim. Como você está? Nem falou comigo hoje.

_Estou ótima e você? Não queria atrapalhar o casal.

_Não somos um casal.

_Não é o que pareceu. Mas enfim... Tanto faz

_Eu tô com saudades...🙊

_Qualquer dia a gente se ver :)

_ AF. Queria hoje. Não dá pra você?

_Vai vir aqui por acaso?

_Vem aqui você

_Nem rola

_ Então, beijos medrosa.

Até mandei outras mensagens mas Mica nem visualizou, me ignorou total. Eu não quero ficar naquele lugar, mas se ela já me garantiu que nada irá acontecer. Será que preciso mesmo ter medo?
De tanto pensar peguei no sono. Sabe quando você acorda com uma saudade avassaladora? Eu acordei assim, precisando ver Mica. Mandei bom dia, mas ela cagou, tomei um banho, tomei café e fui lá na Rocinha. Vamos ver quem é a medrosa. No fundo é óbvio que eu estava com medo, fui de Uber e peguei um moto-taxi pra subir. Vi a moto de Mica do lado de uma barbearia, já sabia que ela estava por perto. Pedi pra descer e esperei perto da moto. Uma hora ela ia aparecer. E não é que apareceu? Com aquele Ray ban que fica lindo nela, uma regatinha e um short, mas portava um fuzil nas costas, eu tremia só de olhar. Ao me ver, Mica até tirou o óculos e franziu a testa, foi se aproximando.

_Pode me dá licença da moto?

_Você não vai falar comigo?

_ Eu tenho algo pra dizer?

_Eu vim aqui pra te ver...

_Pensei que estava perdida. Sobe aí...

_Eu não vou subir vc com essa arma

_Eu coloco pra frente. Para de show.

Eu cruzei os braços e não saí do lugar, Mica me olhou sem acreditar. Ela não gostava mesmo de ser contrariada e eu amava contrariar. Depois de perceber que eu não iria sair dali, ela passa o fuzil para um de seus amigos/soldados e então eu subo.

_Alguém já te falou que tu é muito abusada? _ela dizia enquanto pilotava

_Você que é...

Chegamos na casa e Mica me deixou sozinha, disse que precisava resolver umas coisas mas já voltava, eu fiquei naquele terraço lindo. Olhando a paisagem. Cerca de uns 30 min ela voltou.

_Vamos almoçar?

_Por favor, estou com fome

_Eu que vou fazer o rango, bora lá

_Sério? Você? Que medo!

Ela riu e puta que pariu, nunca tinha reparado nesse sorriso, acho que ela nunca tinha dado um sorriso pra mim. Ficamos na cozinha, eu tentei ajudar e no final de tudo saiu uma costela ao molho barbecue. Maravilhosamente boa.

_Onde você aprendeu a cozinhar?

_A vida ensinou. Eu sou chata pra comer, prefiro comer a minha comida.

_ Até eu prefiro

Ela sorriu e foi chegando bem pertinho, muito perto, eu gelei, pressionou meu corpo na mesa e falou no meu ouvido "A louça é tua".
Ficamos brincando e eu lavei a louça mesmo. Logo depois fomos para o quarto.

RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora