Minha história começa numa aldeia italiana, muitos e muitos anos atrás... E continua na cidade brasileira de São Paulo, muitos e muitos atrás... Atrás, onde?... Lá, no tempo e no espaço da minha memória.
Eu tinha dez anos quando, com meu irmão Caetaninho, cheguei ao porto de Santos para reunir-me à metade brasileira de minha família: minha mãe, meu padrasto e os irmãozinhos nascidos no Brasil.
O mar, aquele grande mar que apaga os rastro de todos os barcos, apagara as imagens de minha infância: Domenico Gallo, meu pai, vovô Leone, pai de meu pai, vovó Catarina, mãe de minha mãe, todos sepultados num pequeno cemitério de aldeia. Vivos, mas sepultados na minha lembrança, ficavam, como um aceno de saudade, padre Cherubino, irmão de meu pai, e vovô Vincenzo, pai da minha mãe.
Eu estava em São Paulo, eu estava em 1900. Um novo século, uma nova idade. O futuro era agora. E a menina que tinha vindo "fazer a América" ia crescer, deitar ramos, flores e frutos, como uma árvore da Saracena, desarraigada e replantada em terra alheia.
vou conta...
YOU ARE READING
A MENINA QUE DESCOBRIU O BRASIL
RandomOs imigrantes tem pressa. O século XX promete prosperidade a quem a quem trabalha e poupa. Preguiça e cansaço são palavras ausentes ao cotidiano da rua Tamandaré, reduto dos calabreses. Felizes os que têm muitos filhos. Quantos mais braços, mais cu...