Capítulo 2

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Voltei!!!!

Tudo bom, amores? Felizmente meu notebook está novinho em folha e poderei voltar às postagens normalmente. Como prometido, esta semana terão capítulos extras para compensar a semana passada. Hoje já temos um deles! Amanhã tem mais.

Espero que gostem!

Beijoquinhas <3


Capítulo 2


Jocasta

Jocasta

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Eu olhei para minha imagem no espelho rachado e vi duas de mim, como se uma fosse a real e a outra distorcida.

Há anos aquele espelho estava assim e minha mãe nunca tinha se preocupado em tirá-lo dali, comprar outro. O que não era de admirar. Tudo na nossa casa era precário, quebrado ou querendo quebrar, abandonado. Como nossa família.

Passei a mão pelos cachos cheios e macios do meu cabelo escuro, ajeitando-os em volta do meu rosto fino, já sem a aparência infantil. Eu era uma mulher completa aos 15 anos, com seios redondos e chamativos, corpo feminino com curvas. Mas por dentro era a mesma garota carente e insegura de sempre.

Tentei não pensar na minha vida, no meu passado, nem reparar no quarto feio com paredes descascadas. Passei batom nos lábios muito carnudos, doida para sair logo dali. Ainda assim, o samba tocando alto na sala e as risadas de gente bêbada logo de manhã não me deixavam esquecer quem eu era e onde eu estava.

Tinha sido uma surpresa minha mãe viver tantos anos em Nova Lima. Alba não costumava parar nos lugares, gostava de arrumar confusões e se mudar. Ali quase fizera aquilo, várias vezes. Perdera empregos, arrumara outros, no momento estava fazendo algumas faxinas diárias. Mas não tinha abandonado a cidade. Embora tenha ameaçado fazê-lo inúmeras vezes.

Ela tinha ficado e eu também. Mas Washington e Samanta, meus irmãos, acabaram seguindo os exemplos da nossa mãe: sem sentimento familiar, sem união, querendo sumir a todo custo. Ambos saíram da cidade e não tivemos mais notícias deles. O que tinha sido uma família desorganizada e fria terminara. Eu não sabia se um dia os veria de novo e nem se queria aquilo, lembrando das surras que levei deles, da falta de carinho, da raiva sempre presente.

Incomodava-me muito a falta de amor entre nós, com o abandono com que fomos criados. Talvez eu devesse ser como eles, mas nunca consegui. Eu sentia falta de carinho, de ser cuidada, de atenção. Me tornei adulta muito cedo, aprendi a me virar, o tempo todo esperando que algo mudasse, que eu pudesse ter a família que via meus amigos terem. Não era inveja; era desejo, era carência e solidão.

Terminei de me arrumar ainda sob a barulheira que vinha da sala, conferindo meu biquíni branco sob o short e a blusa apertadinha, presa com um nó sobre a barriga. Nunca tive muitas opções de roupas, não era uma das preocupações da minha mãe me vestir. Ela preferia pedir nos lugares onde trabalhava e trazia peças usadas para mim, quando via que as antigas não cabiam mais. Nunca se importou se eram muito grandes, velhas ou feias.

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