Capítulo 2

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- Virou uma pulga, agora? Sai do meu pé.- falo, acelerando o passo.

- Não, Samuel. Você pode ir parando com essas suas gracinhas. Eu vou ficar com você no intervalo.

- Ah, mas não vai mesmo! Cadê a Madu? Vai ficar ficar com ela, oxi.

- Ah, mas eu vou sim. Também vou ficar com ela, assim que à achar.- diz, enquanto procura a menina com o olhar, até que a avista.- MADUUUU, AQUIII!- grita, levantando o braço e acenando, enquanto a mesma vem em nossa direção.

- Bom, pelo menos o trabalho ela não vai fazer com a gente! - suspiro e mudo de direção.

-A onde você vai?!- pergunta, tentando segurar meu braço, mas eu me livro.

- No Noé- respondo, continuando minha caminhada, enquanto uma luzinha se acende e me traz uma ideia.

- Que Noé? - ela e Madu perguntam ao mesmo tempo.

- No Noé da sua conta! Você não disse que vai ficar comigo, Rebeka?! Então só me siga!

- Ridículo! Só saiba que tô te seguindo porque eu quero, e não porque você mandou!- responde, revirando os olhos.

- E eu porque estou com a Rebeka! Se não eu estaria tranquila no refeitório fazendo o que a minha vida se resume em fazer além de estudar: COMER!!! - Madu acrescenta.

- Ah, que pena. Má escolha. Só que eu acho que vocês vão ter que me esperar aqui! - digo entrando no banheiro masculino - Tchaau!

- Anda logo! - Rebeka diz, irritada.

- Como é que você quer que eu faça minhas necessidades andando?!- digo fechando a porta e ouço Madu dar risada.

- Cala boca, idiota! - responde, dando risada - E você, Maria Eduarda?? Está do lado dele?!

- Não amiga. Eu tava vendo um meme aqui no celular. - responde, ainda rindo. A amiga respondeu algo, mas eu não pude ouvir, pois já estava distante da porta.

Assim que termino de fazer xixi, lavo minha mão e subo em cima de um vaso sanitário que fica 'embaixo' de uma janela grande. Passo por ela com facilidade e pulo pra fora. Apesar de a janela ser alta, eu caio em pé, pois também sou alto.

A sensação de liberdade que senti foi inexplicável, finalmente estava livre delas! Mas estou com fome, então vou à cantina comprar algo pra comer. Pego o lanche preferido do meu irmão: pão de queijo e Coca-Cola. É claro que peguei tudo rapidamente pra não correr o risco de ser visto pela Madu e Rebeka.

Escondo os alimentos nos bolsos da blusa e entro na biblioteca. Fico no fundo pra bibliotecária não ver que estou comendo. Coloco You Don't Know, da Katelyn Tarver, e fico lá até o final do intervalo.

Entro na sala e olho pra Rebeka, que está me encarando vermelha como um pimentão. Começo a ir em direção à minha carteira, segurando a risada e tropeço em algo, mais especificamente um pé, perco o equilíbrio e caio de cara no chão, na frente da carteira de Carter, que fica na frente da de Vitória. Incrível coincidência, não acha?

Coloco meu capuz de volta e me levanto com a ajuda de Rebeka, enquanto todos dão risada, principalmente Vitória. Apesar de realmente não precisar da ajuda dela, aceitei para não estender o assunto.

Nem me pergunte como ela chegou até mim, se não vou ter que citar o fato de ela ter dado uns bons empurrões em quem estava no meio do caminho dela!😑

- CARTER, SEU IDIOTA! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO, SEU IMBECIL?! - Rebeka grita, indignada.

- A cadelinha vai defender ele agora?!- diz ironicamente, se levantando.

- Cadela é tua mãe, SEU VAGABUNDO!!!- diz metendo um tapa na cara dele.

-TRETA! TRETA! TRETA! TRETA! TRETA!- o pessoal da sala começa a gritar.

- Você não devia ter ter feito isso, SUA VADIA!- ele fala agarrando os pulsos de Rebeka e sacodindo-a.

- Larga ela, Carter. Agora.- digo dando um passo na direção deles, com meu rosto abaixado.

- Deixa que eu resolvo isso, Samuel - ela diz, tentando se soltar.

- Se não o que, seu nerd escroto?! Vai tirar seu capuz idiota e mostrar o horror que você é? Aliás, você acha mesmo que isso aí esconde alguma coisa?! - diz apertando mais os pulsos dela e dando risada.

- TRETA! TRETA! TRETA! - continuam a gritar. Pelo visto, o professor ainda não tinha voltado para a sala.

- Eu avisei!- digo e vou pra cima dele dando um soco em sua cara, enquanto ele solta Rebeka e a mesma dá um chute nas bolas deles, fazendo com que o mesmo caia de joelhos no chão.- Ele te machucou?

- Não se preocupe. Eu tô bem! - ela responde.

Carter se levanta com os punhos cerrados e vem em minha direção. Eu desvio e puxo ele pela cintura até ele ficar de frente pra mim e meto dois socos seguidos em seu rosto, o que faz com que os alunos gritem ainda mais.

- TRETA! TRETA! TRET......

- Os autores dessa algazarra, agora pra minha sala! O resto, sentem-se em seus devidos lugares!- o diretor Sparks ordena, enquanto Rebeka pega a bolsa em sua mesa, enquanto percebo que o nariz do menino estava sangrando.

Enquanto eu, Rebeka e Carter seguimos o Sparks pra sala da diretoria, Rebeka arremessa algo para Carter.

- Seu idiota! - diz, quando percebo que era um lenço de papel, o que me deixa muito confuso.

- Sem xingamentos, senhorita Gregori! - o diretor reclama.

- Desculpa, senhor Sparks, mas eu não falo nada mais do que a verdade.- diz revirando os olhos.

Entramos na sala do diretor e lá ficamos pelo resto da aula. Carter disse que fez aquilo porque a Vitória mandou, então ele levou suspensão e eu, Vitória e Rebeka levamos advertência. Carter ficou puto da vida, mas não tinha o direito de contestar, já que foi o mesmo que começou.

...

- Por que você me protegeu?- a garota pergunta enquanto vamos a pé pro prédio.

- Porque ele é um babaca que estava de certa forma agredindo uma mulher. No caso, você... Odeio injustiça. Olha o tamanho dele e o seu.

- Sim, faz sentido.... muito obrigada! Outra coisa que eu não entendi foi o por quê de você deixar eu e a Madu plantadas na porta do banheiro masculino passando a maior vergonha! Como você saiu de lá?! Onde você tava?!

- Desculpa, mas eu realmente queria ficar sozinho! E eu não sei se tu sabe, mas tem janelas bem grandes no banheiro! Fui comer na biblioteca.....

- Eu não acredito que tu fez isso só pra se livrar de mim! - ela diz, morrendo de rir, enquanto eu me seguro para não o fazer.

- Por que você deu o lenço pra ele?- indago, por era algo que minha mente não conseguia processar.

- Eu não sei. Não me entendo as vezes. Quase todas, na verdade.

Ela ficou rindo por um bom tempo e depois começamos a falar sobre o que poderíamos fazer pro trabalho. Decidimos fazer hoje mesmo no meu AP, então fomos direto pra lá.

...

- Espera aqui na sala que eu vou tomar um banho.- digo ligando a TV e jogando o controle pra ela.

-Okay!- diz aconchegando-se no sofá enquanto eu vou pro meu quarto.

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