Último exame do décimo primeiro ano acabou! Depois de tanto tempo a estudar sem parar estou finalmente livre para me divertir com os meus amigos o verão todo e treinar sem parar para na próxima época estar em forma! Estou melhor que nunca,
tenho vindo a desenvolver bastante os meus saltos nos trampolins, estou quase a fazer o triplo mortal!
-Lena - chamou a Rita interrompendo os meus pensamentos e dirigindo-se para o meu cacifo - vens connosco ao café?
-Claro!
Acabei de arrumar as coisas e fomos ter com o resto do grupo que já estava do lado de fora dos portões e dirigimo-nos para o café habitual que ficava no cimo da rua que ia dar à escola.
O nosso grupo era constituído por mim, pelo André, pela Rita, pelo Diogo, pela Bárbara e pelo Rafael. Apenas o André e o Diogo eram da minha turma, os outros tinham escolhido humanidades, além disso, o André e a Bárbara treinava comigo. Tenho de admitir que aqueles olhos negros, o cabelo preto curto, a pele morena, o sorriso, a simpatia, o ar brincalhão... enfim, tudo o que o André tinha, fazia com que fosse difícil resistir-lhe.
-Então e vocês já sabem o que vão escolher? - perguntou o André.
Íamos todos passar para o 12° ano e provavelmente, os que eram da mesma turma, íam-se separar.
-Eu quero Biologia e Psicologia - afirmei - mais alguém?
Ninguém levantou o braço.
-Ainda não sei... - disse a Rita acompanhada com vários burburinhos de confirmação.
A tarde passou rápido e umas horas mais tarde entrei em casa. Havia caixas por todo o lado e tanto a minha mãe como o meu irmão estavam sentados no sofá. Assim que me viram levantaram-se e uma cara séria espelhou-se nos seus rostos.
-O que é que se passa? - perguntei ao pousar as chaves na mesa da entrada
-Senta-te aqui filha - disse a minha mãe ao apontar para o sofá.
Assim que me sentei, tanto ela como o meu irmão se sentaram a olhar para mim. O meu coração começou a palpitar, eles nunca tinham feito algo parecido, estavam a assustar-me.
-Então - começou o Leandro a medo - sabes que a mãe está desesperada para encontrar trabalho e ela quer dar-nos uma vida melhor.
A minha mãe tem um problema no joelho o que a impede de estar muito tempo em pé ou de fazer muito esforço no joelho logo, a maioria dos empregos para onde ela concorreu não a aceitaram.
-Concorri para um emprego - continuo ela - e aceitaram-me - os seus olhos brilhavam.
-Então mas onde é que as caixas se encaixam em tudo isto?
Por favor, diz que não vamos mudar de casa!
-Vamos morar para Vila do Conde! - a sua voz saiu calma mas um pouco receosa da minha reação.
Um grande peso caiu-me em cima tirando-me toda a energia e toda a vontade que tinha para aproveitar o Verão! Não quero mudar de casa, nao quero deixar os meus amigos, não quero deixar o resto da família em Viseu enquanto eu ia sozinha para Vila do Conde onde não conheço ninguém! Algumas lágrimas caiam-me pelo rosto.
-Filha - disse agarrando-me na mão - não leves a mal, tenta compreender.
-Vou ter de deixar tudo mãe! Tenta compreender! - solucei.
-Eu sei que vais, mas eu também vou, o teu irmão também! Mas é para o melhor de todos!
-Vou para o meu quarto - disse calmamente.
Levantei-me, agarrei numa caixa vazia e já no quarto comecei a empacotar as minhas coisas.
Nessa noite quase não dormi, sei que parece estúpido e um pouco infantil mas, quando se tem uma vida estável com toda a gente que conheces num determinado sítio, além de não os querer deixar, tens medo de que as coisas não sejam minimamente parecidas.
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Uma semana depois estávamos a pôr as caixas e a mobília na carrinha das mudanças. A minha mãe tinha encontrado uma casa e, pelo menos por agora, íamos ficar nessa. Entramos no nosso carro, ligamos o GPS e começamos a viagem seguidos pela carrinha. Uma hora e pouco depois estávamos a porta de um apartamento, não muito grande nem muito pequeno, com três quartos até grandes, uma cozinha espaçosa, uma sala um pouco maior que os quartos e duas casa de banho.
-Bem vindos a nova casa - disse a minha mãe com um sorriso encorajador.
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Nova cidade, nova vida
Teen FictionHelena tinha uma vida estavel até ao dia em que a sua mãe lhe dá a notícia que vão ter de mudar de cidade por causa do seu novo emprego. Sem poder fazer nada, ela tenta ao máximo ter um pouco da sua antiga vida de volta, mas nada é o mesmo desde que...