chapter one

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Até mesmo um bebê pode ser perigoso quando recebe um bisturi afiado.

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Começamos onde todas as histórias convencionais e clichês começam: no ensino médio.

Jimin tinha 18 anos e estava pronto para se formar, faltando apenas um mês de aulas no ensino médio antes de ir para a faculdade. Ele era um aluno exemplar, sem a parte dos óculos de nerd e do bullying.

Ele tinha uma rotina. Acordava às 05h59 e desligava seu alarme antes mesmo dele tocar. Depois de um banho e de escovar os dentes, ele tomava um café da manhã com cereais ou torradas com manteiga se estivesse se sentindo alegre naquela manhã.

Ele morava sozinho, sem pais ou irmãos para pegar em seu pé pela falta de relacionamentos ou de amigos, porque eles estavam todos mortos. Um trágico acidente de trem aconteceu quando estavam indo pela primeira vez à uma estação, o que resultou, também, em uma cicatriz maligna em seu rosto.

Jimin pegava o ônibus toda manhã para a escola ou para o pet shop em que trabalhava. Ele genuinamente amava a sua escola porque nunca ninguém havia mexido com ele. Havia uma base de "cada um na sua" por lá.

Mas então o dia 11 de novembro chegou.

Era o dia perfeito de inverno em Seul. A neve encontrava o chão como velhos amigos se encontram depois da seca. Era realmente uma seca na mente de Jimin, ele sentia muita falta dos flocos de neve. Ele gostava de andar bem lentamente pra escola em dias como esse, acordando meia hora antes só para chegar a tempo.

A escola estava aberta naquele dia, pois a neve tinha acabado de começar, mas provavelmente estaria fechada no dia seguinte. Isso era ótimo porque Jimin precisava de um dia a mais para estudar para a sua prova de trigonometria.

O diretor falava sobre os anúncios daquela manhã e Jimin nem escutava. Eles estariam escritos nas circulares que estavam segurando de qualquer jeito então ele continuou com seus fones de ouvido ouvindo Thank U Next da Ariana Grande.

História. Álgebra. Inglês. Ele pegou estes livros de seu armário e guardou alguns outros. As pessoas o chamavam de metrossexual por ser tão arrumado e elegante, tomando conta de si mesmo e nada mais. Mas ele era gay, na verdade. Um gay feliz e sozinho.

Ele sentiu um silêncio severo tomar conta do ambiente, mas escolheu ignorar. Provavelmente os populares chegaram. Idiotas com dinheiro e sem cérebro. Deus estava dando inteligência para as pessoas enquanto eles estavam passeando por aí.

Ele tirou os fones de ouvido, guardou-os na mochila e pegou um caderno em branco em seguida. Um dos cinco que havia em seu armário. Sua próxima aula era no prédio ao lado, então Jimin tinha seis minutos para caminhar até ocupar seu lugar no fundo da aula de história.

Ele estimou que duas músicas poderiam ser ouvidas durante esse tempo – talvez duas e meia se ignorar a introdução e o final. Colocando seus fones novamente, Jimin começou a andar até o prédio B. Ele tinha que atravessar o estacionamento se quisesse chegar lá antes do professor, foi o que ele fez.

Na metade do caminho, Jimin resolveu levantar a cabeça e desligar o ritmo cativante de Daechwita. Na breve introdução de quinze segundos ele viu de relance uma mulher muito bonita saindo de um Range Rover do lado do passageiro. Não houve sorriso ou aceno algum para o motorista, ela simplesmente saiu do carro, então provavelmente era um de seus pais dirigindo.

A risada de Jimin foi interrompida quando a segunda porta se abre e a pessoa atrás do volante sai apressadamente. Mais quinze segundos foram gastos observando essa nova pessoa.

The devil in me | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora