Epílogo

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"Harry." Summer invoca o meu nome e agarra a minha mão com alguma força, devido ao nervosismo que deveria estar a sentir.

"Tem calma Summer." A minha mão viaja pela sua pálida cara. "Ninguém te vai morder."

"É complicado." Ela enterra a sua cabeça no meu ombro. "Vou ver o meu pai, os teus pais e a minha mãe não está aqui por minha culpa." A rapariga soluça.

"Não chores." A minha mão viaja pelas costas de Summer. "A culpa nunca foi, nem alguma vez vai ser tua." Limpo as lágrimas que ficaram na sua cara e depois pego na sua delicada mão. "Agora vamos visitar o teu pai, algo que eu sei que tu queres fazer e depois, se for essa a tua vontade, visitamos os meus pais.."

Ela estica-se e beija a minha face. "Obrigada, Harry. Obrigada por estares aqui."

"Eu estou aqui, porque quero e porque tu mereces. Eu só te quero a meu lado, já sofri demasiado pela tua ausência."

Eu estou loucamente apaixonado por ela. Sempre estive.

"Tenho medo." A rapariga sussurra. "Toco à campainha?" Ela questiona a tremer por todos os lados.

Os meus dedos estão entrelaçados com os seus. "Sim."

Ela toca à campainha duas vezes ouvindo-se rapidamente um fraco "Já vou". A voz que pronunciou aquelas palavras foi reconhecida por Summer, o que a faz estremecer.

"Eu vou esconder-me atrás de ti." Summer coloca-se atrás de mim com rapidez.

"Harry." Sr. Jones cumprimenta-me. "É bom ver-te." Ele tenta transmitir alguma alegria apesar de ser claro o facto de que tinha estado a chorar. Notava-se que já não era o mesmo Sr. Jones de sempre. Este era um Sr. Jones diferente. E eu sei que a Summer notou isso pois sinto as suas mãos a fazerem desenhos rápidos nas minhas costas.

"Eu tenho uma pequenina surpresa para si." Alego. "E acho que vai gostar."

Resmungo num sussurro, a fim de Summer aparecer diante do seu progenitor. Percebo pela sua linguagem corporal que ela está relutante, mas mesmo assim caminha até ficar a meu lado.

"Olá pai." A sua voz trémula cumprimenta.

O pai dele fica em estado de choque, mas em situações destas, quem somos nós para julgar? "Summer?" Ela assente. "Summer." Ela abraça-o e ambos começaram a chorar.

Momentos destes não se vêm todos os dias. Não é todos os dias em que podemos ver finais felizes. Mas hoje é um desses dias. É bom poder ajudar quem amamos e quem nos ama. Traz boas sensações ao nosso corpo e à nossa mente. Eu estou feliz por ter ajudado a Summer, mas ela não foi a única a ser ajudada. Eu também saí beneficiado no meio. Fui curado da dor e da doença da saudade. Eu amo-a e tê-la de volta a mim, faz-me sentir feliz - genuinamente feliz.

"Muito obrigado." Ele sussurra.

"Por acaso, foi ela que nos encontrou." Revelo. "Só tem que agradecer a ela."

"Harry, tu sabes que a tua família deixou de acreditar que a minha filha... tu sabes." Ele começa o seu discurso hesitante.

"Eu e a minha família não temos o melhor relacionamento por causa disso mesmo." Afirmo. "Aliás, eu apenas mantenho contacto com a minha irmã, Gemma."

"Não te importas que eu lhes conte a notícia?"

Eu sorrio. "Eu acho que podemos ir os três contar as novidades."

"Vamos lá!" A morena exclama.

(...)

Com um certo receio, Summer bateu com a sua mão na porta da habitação dos meus pais - onde eu fui criado.

A mesma porta é aberta e a minha o corpo da minha progenitora aparece por detrás dela. "Boa tarde. Eu conheço-a?"

"Já não me deve reconhecer, claro." Ela afirma. "O meu nome é Summer Jones. Provavelmente já não se lembra de mim. Eu namorei com o seu filho, Harry."

A expressão presente na cara de Anne não tem preço: arrependimento, receio, redenção.

Subo os poucos e pequenos degraus que antes me separavam das duas mulheres. "Olá, mãe." Rodeio os ombros de Summer com um braço.

"Harry." Ela engole em seco. "Tinhas razão - a esperança é a última a morrer."

"Eu amo demasiado esta rapariga para poder desistir dela." Falo como se Summer não estivesse presente.

"Nota-se." Ela sorri. "Desculpem-me. E eu estou a ser o mais sincera que consigo ser. Desculpem-me por não acreditar, por não ter tido esperança."

A morena e eu trocamos olhares como se fossem palavras. "Acho que falo pelos dois ao dizer que alceito as suas desculpas." Ela profere.

"Sim." Digo quase de forma praticamente inaudível. "Temos que ir. Foi bom ver-te mãe."

"Fizeste bem em perdoar a tua mãe." O pai de Summer comenta assim que nos aproximamos dele.

"Espero bem que sim." Balanço a minha cabeça.

"Eu tenho que ir, tenho muita papelada para tratar. Vejo-os depois." Ele desaparece do nosso campo de visão algum tempo depois.

"Obrigada. Por tudo." Ela repete os seus agradecimentos e eu ponho as minhas mãos nos seus ombros.

"Porque é que estás a agradecer? Foste tu que fugiste, foste tu que vieste ter comigo."

"Eu amo-te tanto." - Um pequeno beijo é depositado na minha face.

"Eu amo-te ainda mais." Junto os nossos lábios.

Ela é a mulher da minha vida e nada pode mudar isso.

Where is she? ➸ stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora