Cap. 4

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Akira e Akemi não sabiam como se sentir, aliviados por estarem juntos na mesma turma ou nervosos pelo fato de que assim seriam cada vez mais rejeitados. Os dois se olharam. Akemi fez sinal com os olhos apontando para um lugar sem pessoas, indicando que já era o momento de sair de lá. Assim que Akira percebeu o recado, concordou rapidamente com cabeça e ambos saíram  correndo para outro lugar da escola

depois de correram sem nem ao menos se preocuparem o suficiente para prestar a atenção para onde estavam indo, pararam para respirar e perceberam que estavam no corredor perto do refeitório. Sentaram em um banco azul que tinha por perto e mataram aula o dia inteiro. Passaram horas conversando sobre  si, conheceram um ao outro e, com o tempo sentiram-se confortáveis consigo mesmo . Depois de um tempo pensaram em sair da escola e ir em algum local apropriado para conversar. Sorrateiramente, eles iam se abaixando nos pontos onde tinham câmeras e correram ate o portão que como o esperado, estava fechado. Claramente eles teriam que pular. Akira já tinha feito isso, quando fugiu de casa, e Akemi pulava o portão do orfanato quase sempre, então não tinham muita insegurança quanto a isso. Akira foi primeiro porque Akemi estava com uniforme de colegial, e tinha medo de que sua saia subisse. Depois disso saíram correndo, rindo. Passaram em uma cafeteria. Conversaram mais um pouco e foram ate uma livraria, onde ficaram uma hora lendo mangás e quadrinhos, depois disso foram expulsos de lá porque ficaram empolgados e acabaram derrubando um monte de livros. Olharam a hora  e perceberam quanto tempo se passou, já eram 12:00. Os dois tinham um pouco de dinheiro então foram até restaurante de lamen e comeram. 

Um tempo depois foram para uma praça, apenas para se deitarem na grama e observarem o céu. Tanto tempo sem fazer absolutamente nada , Akira percebeu que não tinha um lugar para ,morar na verdade tinha a casa da mãe dele, mas ele não considerava mais ela sua mãe, e também não queria ver seu padrasto. Assim que percebeu em que situação estava, olhou com os olhos arregalados para akemi

-akemi?

- sim?

-tenho uma má noticia .

-Qual?

-Agora eu não tenho mais lugar pra morar

Akemi encarou Akira com uma expressão apavorada.

-AAAAAHH COMO VOCÊ SE LEMBROU DISSO SÓ AGORA?

-EU NÃO SEI, EU SÓ SEI QUE AGORA EU NÃO TENHO PARA ONDE VOLTAR.

-DAQUI  ALGUMAS HORAS JÁ VAI FICAR ESCURO, EU VOU TER QUE VOLTAR PARA O ORFANATO E VOCÊ VAI FAZER O QUE?

-EU NÃO SEI.

-TEM MAIS DINHEIRO?

-NÃO.

-COMIDA?

-não

-e as suas roupas?

-estão na minha casa.

-lembra o caminho?

-claro.

-fica a quanto tempo daqui?

-de ônibus 15 minutos e caminhando aproximadamente 45 minutos.

-pega sua mochila, vamos.

-que? aonde?

-para onde quer que seja sua casa.

-mas nem temos dinheiro para o ônibus.

-É PORQUE VAMOS CAMINHANDO. AGORA VOCÊ PODE PARAR DE PERDER TEMPO E ANDAR LOGO?

-Tá bom, tá bom, estou indo.

Após 15 minutos de caminhada, chegaram em um campo onde havia muitas plantas e uma estrada de pedras a qual eles seguiram. Akemi olhava seus pés se moverem ligeiramente, escutando atentamente o barulho das pedras batendo umas contra as outras conforme ela andava enquanto a brisa fria batia nas folhas das arvores e ia até seus cabelos, os quais voavam para trás, deixando o vento passar pelo seus ouvidos fazendo-a ouvir um leve assobio. Akira não parecia muito bem. Talvez pelo fato de ter que voltar para a casa de quem o cuidou por tanto tempo. Com o seu poder, Akemi parou de ouvir o som dos seus passos e da ventania, e começou a ouvir as vozes que sempre a avisavam quando algo não estava certo. Nesse momento ela percebeu que precisava descontrair e distrair o seu amigo que estava triste.

-a gente já está chegando?- akemi pediu com uma voz infantil 

- Ainda não. Eu avisei que seriam em média 45 minutos, ainda deve faltar meia hora.

-hn

as vozes continuaram. Akemi estranhou, esperou 10 segundos e perguntou

-A gente já chegou?

-não 

- hn

-...

-e agora? a gente já chegou ?

-NÃO

-Ah, tá , tá.

As vozes não se calaram, mas ela resolveu ignorar. "Deve ser porque provavelmente ele está abalado." Pensou, tentando tranquilizar a si mesma. 

Depois de um tempo eles finalmente chegaram na casa, os dois entraram. Akira foi até seu quarto ver o que tinha deixado para trás enquanto Akemi sentou em uma cadeira. Ela ficou se balançando na cadeira, para frente e para trás, nervosa e pensativa.

E se as vozes estivessem sussurrando outra coisa, algo que não estava relacionado a Akira. Estava ficando desesperada, mas o desespero era um dos sentimentos que não podia demonstrar. Desespero era um sentimento ruim, Akemi não podia espalhar energias ruins. A linhagem 'amaldiçoada' da sua família tinha o objetivo de espalhar boas coisas para o mundo e se possível um dia encontrar a paz.  

Ela parou de se balançar ,cruzou as pernas  e roeu suas unhas. Logo levou suas mãos até  sua cabeça, apoiou seus cotovelos nas pernas e tentou ouvir o que as entidades estavam tentando lhe falar. Mas ela não conseguia entender de forma alguma. Queria apenas sair de lá para ver se tudo estava realmente bem.

Akira desde o momento em que entrou naquela casa não se sentiu nada bem. Sentiu a tristeza tomar conta dele  , mas de forma alguma iria chorar na frente de alguém.

Avisou Akemi que iria para seu quarto , já com a voz falhando, mas como ela estava distraída, nem percebeu.

Entrando lá , não podia mais controlar suas lagrimas que já caiam descontroladamente.

 Todas as memorias estavam voltando e ele já não podia se controlar. Ouviu de longe Akemi avisando que iria embora e com uma voz fraca respondeu 

-Tudo bem- logo depois se encolheu no chão e chorou como uma criança.

akemi voltou correndo para o orfanato, estava com um pressentimento muito ruim, as vozes não paravam nem ao menos por um segundo, mas agora elas estavam gritando.

Na frente do orfanato , ela não acreditou no que viu. Fogo. Estava completamente consumido por fogo.
















             


























ushinawareta tamashiOnde histórias criam vida. Descubra agora