Capítulo 5

18 5 0
                                    

Akemi já tinha percebido que as vozes estavam querendo falar alguma coisa, mas não estava conseguindo o que era que elas estavam falando. Milhares de pensamentos passaram pela cabeça dela naquele momento. Como sabia que não conseguiria pensar em algo para resolver os problemas, ela optou por organizar sua mente. Primeiro ligou para os bombeiros para apagar todo aquele fogo. Depois começou a tentar entender o porque de ela não ter conseguido entender o que as vozes estavam tentando lhe falar, era a primeira vez que uma coisa desse tipo acontecia com ela. Certa vez , uma entidade lhe falou que no momento que ela encontrasse alguém especial que realmente a entendesse, as entidades iriam se afastando porque não confiam em qualquer pessoa, e então nesse momento, ela teria 3 opções, ela teria que se afastar dessa pessoa, ou ficar junto com ela e nunca mais conseguir entender as vozes que iriam se afastar cada vez mais , ou ela teria que se encontrar com a alma mestra, falar com ela, teria que conseguir ajuda  para poder ficar com essa pessoa e ao mesmo tempo conseguindo entender as vozes. Aos poucos que ela ia ligando os fatos, tudo fazia sentido. Mas agora ela tinha um problema pior: ela não sabia de absolutamente nada do incêndio. Ela não sabia como ele tinha acontecido, quem morreu, o que sobrou, quem sobreviveu, o que ela teria que fazer.

lentamente ela ia passando os olhos por cada centímetro daquela cena que estava diante dos seus olhos, tentando ver quais dos órfãos estavam faltando. Ela sabia que o orfanato tinha exatamente 342 pessoas. 54 delas eram adultos que cuidavam das crianças e os outros 288 eram órfãos. Akemi era boa com números, contagens e rostos então ela sabia que em questão de minutos ela teria uma media do numero de pessoas que morreram. 

Ao fundo escutou a voz de uma mulher falando que não havia mais ninguém no local, então já era hora de ela tentar contar o numero de vitimas. Akemi olhou primeiramente para os médicos e enfermeiros, eles pareciam estar atendendo em media umas 40 pessoas. Dessas 40, 32 não tinham sofrido nenhum arranhão. 19 pessoas aparentemente tinham sido levadas para o hospital. 

Duzentos e setenta e três. foram 273 mortes. Akemi já estava certa disso, ela precisava apenas da confirmação de alguém de que seus cálculos estavam certos. 

Nara, Naomi, Sakura, Sayuri, Yumi, Emi, Aiko, Mahina, Yoko, Takashi, Keikko, Raiden, Ren, Shin, Yoki, Mina, Katsuo, Fuiuky, Haiato, Yasu, Kin, Keiji, Seiji... Esses eram alguns dos nomes de mortos que Akemi conseguia listar.Agora tudo o que restava a ela fazer, era esperar. 

Um tempo depois ela ouviu um oficial falando que realmente o fogo havia se alastrado por tudo muito rápido e não havia para onde as pessoas fugirem, assim consequentemente muitos sentiram-se sem esperança e deixaram-se serem devorados pelo fogo.

Akemi estava muito assustada ainda, as vozes estavam gritando desesperadamente e nem ao menos conseguiu ouvir que uma mulher estava a chamando. Rapidamente ela olhou para trás e viu a mulher encarando-a. Ela estava vestindo uma farda o que significava que ela era uma policial, os cabelos castanhos escuros levemente cacheados caiam em seu rosto, seus olhos demonstravam a tristeza e a pena que estava sentindo, claramente já havia passado por situações semelhantes. Logo que se deu conta, voltou para a realidade e ouviu a pergunta da policial.
- Você morava aqui?- Ela perguntou.
-Sim- respondeu Akemi.
-Eu sinto muito mas você vai ter que ser transferida para uma espécie de casa temporária.Preste atenção no que vai acontecer. Lá você e as órfãs  sobreviventes vão ficar temporariamente até todos serem adotadas, mas mas terá um prazo de 3 meses. Se nesses 3 meses alguma de vocês não serem adotadas, vão receber uma pequena quantia em dinheiro dada pelo governo e terão que se retirar de lá. Você está vendo aquelas caixas?- apontou para um monte de caixas e Akemi assentiu com a cabeça.- Lá está os pertences que conseguimos resgatar e algumas doações para vocês sobreviverem. Pegue o lhe pertence e se for preciso mais algumas doações e me siga até a delegacia para eu poder lhe esclarecer melhor as coisas.
Ainda calada, Akemi seguiu a mulher pegou as coisas na caixa e foi até a delegacia.
- Então, vamos começar. Primeiro vou te pedir o local exato de onde você estava no momento do incêndio.- perguntou a oficial logo que chegaram ma delegacia.
- Estava na casa de um amigo- respondeu Akemi .
- Certo...Sabe como o fogo começou?
-Não exatamente.
-Quando você voltou da casa desse suposto amigo, qual era a situação do local?
- O fogo já tinha tomado conta.
-E por que veio para o orfanato naquela hora
- Achei que estivesse na hora de voltar- Akemi não podia revelar para qualquer pessoa sobre seu poder.
- No que estava pensando enquanto eu tentava falar com você e você me ignorava?
- Em nada demais.
Analisando a expressão de Akemi, a policial e convenceu de que claramente a garota que estava em sua frente não era a causadora do ocorrido.
- Então vou te falar como o incêndio aconteceu. Bom, aparentemente vândalos colocaram pequenas quantias de fogo e gasolina em cada parte do local, no momento em que acendeu um dos pontos de gasolina o fogo automaticamente se alastrou por toda a estrutura impossibilitando da fuga das vítimas. Com base em nossas investigações, chegamos em nas seguintes conclusões: ou alguém se infiltrou lá a partir de alguém e morreu no local ou conseguiu fugir, ou foi alguém que morava naquele local que por um momento de rebeldia e raiva, resolveu matar todas as pessoas de lá. Então, eu vou te fazer mais 3 perguntas e quero que você me responda sinceramente. Primeira , você viu alguém agir estranhamente nos últimos dias?
Akemi pensou bem no comportamento de todas e respondeu com toda a certeza - Não.
- Certo, então, você não viu alguém dentro do orfanato, alguém ou algo que não deveria estar lá?
-Acho que não.
- E última pergunta. Acredito que alguém que foi excluída e julgada indiferente dos demais a vida toda, teria motivos o suficientes para se revoltar. Agora quero que olhe nos meus olhos e me responda, não foi você quem iniciou o incêndio em busca de vingança?
Akemi ouviu alguém gritar em sua cabeça e saiu correndo do local .
Pegou a sacola com seus pertences e foi até um dos únicos  lugares que sabia que não seria julgada e poderia viver : a casa de Akira.

ushinawareta tamashiOnde histórias criam vida. Descubra agora