Não diga que não me olha

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Kyungsoo aprendeu durante os seus longos 18 anos de vida que nunca, jamais, se deve depender de outra pessoa para qualquer mínima coisinha que pode vir a existir. Porém, na época ele era muito cabeça dura para ouvir os conselhos de sua mãe. Quando ela lhe disse, lembrava-se bem, "você e o Jongin só não esquecem a cabeça em algum cômodo da casa porque ela é grudada no pescoço", o baixinho sabia que em algum momento de sua convivência com o moreno em seu novo lar iria dar alguma coisa errada. E ali estava ele remoendo as palavras de sua mãe enquanto batia repetidas vezes a cabeça na porta do apartamento que dividia com Jongin.

Ele estava trancado do lado de fora. Ou seja, o menor iria ter que esperar até que o moreno chegasse para poder entrar no próprio apartamento, mas se ele bem conhecia Kim Jongin sabia que o mais novo não voltaria tão cedo e tudo isso por pura pirraça. Jongin estava irritado com o que Kyungsoo havia dito em frente à faculdade e o alvo tinha consciência disso, mas sinceramente, ele não dava à mínima. Em sua mente, não havia nada de errado em querer transar, o problema talvez fosse que muitas pessoas conhecidas saberiam que ele estava sem praticar o ato carnal fazia algum tempo. E se desse tudo certo alguma alma de bom coração teria escutado seu desabafo e se emocionado o suficiente para tirá-lo daquela seca. O que era o desespero perto do que o menor vinha sentindo, não é mesmo?

Foi criado tendo como lição, qual levaria para a vida toda, que: quando um homem é privado dos prazeres da vida ele começa a fazer e dizer muita besteira. No seu caso não foi diferente. E a culpa era colocada unicamente em Kim Jongin. Se não fosse por ele, Kyungsoo estaria namorando loucamente com o guri do 94 naquele momento. Para o seu azar esse último fortaleceu uma amizade com Jongin e depois veio com aquele velho papinho de "não devo ter nada com o ex do meu amigo" e "seria muito vacilo com o Jongin". Kyungsoo havia ficado irado com aquela desculpinha barata que Oh Sehun lhe deu. Mas ele deixou passar daquela vez, afinal, o importante era ter saúde.

Depois de tanto fracasso o baixinho desistiu permanentemente de tentar um relacionamento com alguém. Ele e suas mãos estavam muito bem. Mas vejam por outro lado, tudo isso cansava um dia. Chega um momento em que o ser humano precisa achar a sua cara metade, o prego do seu chinelo desgastado. Resumindo, Kyungsoo estava mais na seca do que chão de deserto e precisava de alguém para tirá-lo da fossa.

O pior de tudo era que esses pensamentos começavam a lhe estapear a cara justamente quando ficava sozinho, com o nível de vulnerabilidade sentimental muito alto. A famosa bad tentava o seduzir e ele só dizia para ela "sai que eu sou gay". Jamais iria se permitir ficar desolado por causa de macho, ou melhor, da falta dele. Do Kyungsoo tinha princípios.

Ficou um bom tempo jogado em frente à porta do apartamento onde morava, aproveitando o silêncio do ambiente para revisar tudo o que havia sido passado na faculdade, até que, por preguiça, acabou tirando um cochilo ali mesmo. Parecia um mendigo, mas um mendigo feliz. Só acordou mesmo porque alguém o cutucou com o pé, como se fosse um saco de batatas. Logo depois de abrir seus olhos para aquela realidade desgraçada, descobriu que aquele tênis sujo era de seu azar número um.

- Onde você se meteu? – O alvo levantou se escorando na parede, com dificuldade por estar tonto, e mantendo seus olhos bem fixos em Jongin na sua frente.

Kyungsoo queria se manter firme, mostrando que estava irritado com Jongin e que não o perdoaria facilmente, mas no momento que seus olhos bateram na sacola que o maior trazia ele se esqueceu de todos os seus fundamentos básicos.

- Trouxe comida. – Jongin deu de ombros, abrindo a porta com a chave, que ele fez questão de quase esfregar na cara de Kyungsoo, e indo diretamente para a cozinha.

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