Café havia saltado para cima da marquise do edifício, e então, para o prédio do outro lado da rua. Saltando de um lado a outro, sucessivas vezes, até que entrou pela janela próximo do topo. Caiu dentro de uma loja, fazendo uma boa bagunça.
— Meu Deus! — gritou uma mulher que trabalhava numa loja de jogos eletrônicos. Uma centena de caixas de DVDs piratas estavam espalhados por todo canto, mas felizmente, ninguém foi ferido. Café seguiu dali para o interior do prédio e subiu as escadas o mais rápido que pode. Os quatro lances finais e depois, uma escada vertical.
Café colocou a cabeça para fora do alçapão e viu o horroroso ciborgue pisando com sua perna metálica sobre a perna esquerda de Mariana. Ela estava toda ensanguentada, e a perna toda esmagada, virada num ângulo muito errado. Uma raiva poderosa ferveu na cabeça de Café. Ele saltou com tudo em cima do inimigo.
Os olhos do ciborgue brilharam com uma luz intensa que cegou momentaneamente Café. O Saci então apenas saiu de lado, gargalhando, num timbre irritante e metálico. Em seguida, veio o chute na barriga que atirou Café contra o guarda corpo feito de metal fino, pintado de branco. O guarda corpo entortou todo e Café passou para o outro lado, segurando-se apenas com a ponta dos dedos na beirada do prédio.
O Saci veio logo e pisou com tudo, usando seus pés de titânio, nos dedos de Café. Café gritou, sentindo dor, mas não largou.
— Morra, Homem-Café! Morra, desgraçado!
Então ele reconheceu algo de seu sotaque. Não era a primeira vez que se encontrava com aquele cara. Haviam lutado, há muitos anos, em São Paulo. Era o vilão conhecido como Juca Furacão. Na luta contra ele, a ventania convocada pelo próprio vilão fez desabar um prédio velho sobre eles. Café escapou ileso, mas Juca fora hospitalizado numa condição crítica, com a maior parte do corpo esmagada.
— Juca! É você, seu maldito!
— Não sou Juca porra nenhuma, eu sou o Saci Maldito! E vou enterrar você, Homem-Café! Vou enterrar você e todos seus amigos!
Café projetou a energia fazendo-a envolver a perna metálica do Saci. A energia negra foi subindo e cobrindo todo o corpo do ciborgue.
— Tira, tira essa coisa de cima de mim!
E a energia negra envolveu o corpo dele, até sua boca e nariz ficaram tapados. Ele cambaleou para trás, levando as mãos metálicas contra a garganta.
Café subiu, agora vulnerável, sem sua energia protetora.
— Eu devia deixar você morrer... E isso que eu queria fazer, seu desgraçado. Mas depois, a peste do Henrique vai ficar me atormentando, então, então, seu maldito saci robótico, agradeça o fato de eu tá meio maluco. Agradeça por ainda viver depois disso...
A esta altura, o Saci estava caído no chão, em convulsões por falta de ar. Café retirou a energia que voltou a envolver cada centímetro de seu próprio corpo.
Juca inspirou fazendo soar um longo chiado.
— Só para garantir que quando você acordar...
Café chegou do lado dele pegou a perna robótica, segurando a cocha no chão e puxando com toda sua força o restante até que os pedaços foram se soltando e a perna foi arrancada.
— Agora sim, um saci decente.
Café acionou o comunicador da LIS, pedindo um resgate de emergência. Coisa de dez minutos depois, Sonicstar, seu colega russo, surgiu.
— Hey, Coffeeman... Oh, this is bad.
Sonicstar olhou para os ferimentos de Mariana. Não era uma visão nada boa.
— Come'on, Magnetic Woman, I'll take you to the nearest hospital.
— Iti is dati uei! — O Homem-Café apontou.
Sonicstar sorriu e respondeu — I'll just follow the GPS.
Elevou-a voando para o hospital mais próximo. Como os heróis achariam esses lugares nos dias de hoje sem um GPS? Ninguém mais consegue viver sem essas coisas...
O Homem-Café olhou para o Juca Ciborgue e teve a sensação que aquilo não acabava por ali. Sempre tinha alguém por trás, alguém que não sujava as mãos. Tiradentes havia mencionado o Senador Janjão Perrengue. Estaria ele por trás daqueles atentados? Por que havia atacado os vereadores que trabalhavam para ele? E o próprio prefeito?
— Agora você está pensando, Café. — veio a Voz de Coffee Break.
— Aff! Eu pensei que estava livre de você, moleque.
— Eu vou tentar ser menos irritante.
— É... com certeza. E a corrupção e roubalheira no Brasil vão acabar manhã cedinho.
— Acho que isso não vai acabar nunca, Café, mas se não houver ninguém disposto a lutar contra ela, significa que eles já venceram, não é mesmo?
— É Rique, o jeito é continuar lutano.
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Homem-Café - O Retorno dos Inconfidentes
ActionDepois de salvar o mundo da destruição, o Homem-Café segue sua luta contra o crime. A pedido do ex-companheiro de equipe, Tiradentes, retorna a Belo Horizonte para ajudá-lo com a apanhar um terrível político que comanda uma facção do crime organizad...