Capítulo único

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Jooheon olhou pela janela do seu quarto mais uma vez, fascinado com as gostas de chuva que pareciam ter uma espécie de padrão no vidro.

O jovem de cabelos platinados se assustou com o barulho da cafeteira que havia acabado de preparar seu café da noite, e atordoado caminhou até a cozinha para adoçar a bebida. Tudo certo, até um apagão no prédio fazer com que o mesmo soltasse o jarro de vidro sobre a bancada, transformando-o em cacos e derrubando café quente na própria mão.

— AAISHHH! — gritou frustrado, sem conseguir ver nada. Apalpou o balcão com cuidado com intuito de achar seu aparelho celular, mas acabou cortando os dedos, pelos cacos.

A luz voltou e o rapaz pôde ver o estrago que havia feito na cozinha. Olhou para os dedos machucados que traziam consigo gotas de sangue. Assustado, correu para o quarto procurar a mala de primeiros socorros. Suspirou quando lembrou-se que tinha acabado com tudo.

Será que o vizinho estava em casa numa hora dessas?

Determinado, Jooheon foi com passos lentos até a porta, saindo no corredor e verificando se não havia ninguém ali nesta hora. Claro, até porque é super comum encontrar pessoas no corredor perto das onze da noite.

Engolindo seco, impulsionou o corpo para frente, se aproximando da porta número 303. Com a mão saudável, bateu três vezes, sentindo um certo desconforto.

Somente o silêncio saía do apartamento 303, aparentemente estava vazio. Jooheon sentiu um calafrio percorrer o corpo, o machucado estava começando latejar. Quando o loiro ia voltar para o seu conforto, ouviu passos raivosos vindos do apartamento e a porta foi aberta brutalmente.

— Quem diabos é o embuste que bate na porta dos outros às dez e quarenta da noite? — se assustou com a raiva do garoto. Jooheon o analisou. Era um pouco mais baixo, cabelos castanhos e dono de uma beleza sem igual. De alguma forma seu coração palpitou, acendendo o alerta vermelho. — O que você quer? Açúcar pro seu café idiota da madrugada ou um livro de palavras cruzadas? Eu não tenho essa merda, então cai fora daqui.

Quando o mais jovem ia bater a porta novamente, Jooheon entreabriu os lábios, tentando reunir coragem para dizer algo. O dono do apartamento 303 revirou os olhos, não pensando duas vezes antes de fechar a porta, deixando o loiro desacreditado.

Porém, Lee Jooheon não desistia facilmente. Determinado, bateu na madeira mais uma vez, e foi recebido com a mesma hospitalidade de antes, ou pior.

— Qual é o seu problema? Eu já disse que não tenho o que você quer, vai dormir seu idiota. Você é estranho, não bata na porta novamente, entendeu? — levantou uma sobrancelha, brigando do típico modo coreano. O mais hilário é que ele fazia o uso da linguagem informal, nem se importando se eram colegas de idade ou não. Ao fazer menção de entrar novamente, o loiro segurou a porta com a mão boa.

— D-desculpe. Você tem um kit de primeiros socorros? — mostrou a mão cheia de cortes, causados pelos cacos do jarro. O moreno mordeu o lábio inferior coçando a nuca e logo em seguida pressionando as têmporas, tentando se acalmar.

— Entra aí.

O vizinho adentrou na própria casa, deixando o Lee plantado na porta. Sem entender, o mais velho entra, encostando-a com cuidado e parando ali mesmo.

O apartamento não era muito diferente do seu. Na entrada, a sala embutida com a cozinha americana na lateral. No canto o quarto e o banheiro. Pequeno, mas suficiente para uma pessoa com fobia social.

Seu rosto se iluminou quando o dono do apartamento voltou do quarto com uma caixinha, ainda carrancudo.

— Ta tudo aí. Quando sair bata a porta, sim? Se pegar algo eu sei onde você mora e sei os lugares que frequenta. — avisou o moreno, ameaçador. Jooheon prendeu a respiração, assustado. O jovem aproveitou a ocasião para usar o banheiro e o loiro tentou enfaixar a mão, falhando totalmente.

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