Prólogo

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Me chamo Lexi Anesburg, sofro de uma rara doença chamada Urbach Whiethe, que faz com que o portador não sinta medo de nada. Isso de certa forma me torna uma das detetives que mais prende criminosos nos Estados Unidos. Eu trabalho no FBI, na área de investigação criminal.

Quando eu tinha 12 anos, minha melhor amiga foi sequestrada e alguns meses depois encontrada, já sem vida. O assassino nunca foi encontrado e a justiça nunca foi feita, causando em mim uma extrema sede de justiça e vingança.

Isso foi um dos motivos para eu tornar uma agente do FBI, pelo fato de saber que a justiça muitas vezes não é feita e o culpado sai impune do que fez.

Meus pais moram em Manhattan e minha irmã de 29 anos mora em Nebraska.

Estava trabalhando no momento em um caso de assassinato, esperando a autópsia, tomando o meu café duplo matinal com Noah, meu parceiro de trabalho e melhor amigo. 

- Lexi, a autópsia terminou. Analisei os dados e descobri que a moça estava sem órgãos. – Hayley me entregou um envelope.

- Como isso é possível?

- O nome da vítima é Karen Brewster, tinha 25 anos, foi encontrada morta no banheiro de uma boate. O barman disse que um homem a ofereceu um copo de bebida, mas ela recusou, depois pediu um refrigerante e foi até o banheiro, deixando o copo cheio na bancada. Nesse período ele poderia ter colocado algo em sua bebida.

- Poderia ser uma espécie de ácido, que fez com que os órgãos se degenerassem. O barman disse mais alguma coisa? – Perguntei.

- Falou que era um homem alto e de pele clara. Não o conseguiu observar melhor.

- Encontrou alguma digital no corpo da vítima? – Questionei curiosa.

- Ainda não. Provavelmente o homem não a tocou. – Afirmou pensativa.

Conhecia Hayley desde meus 12 anos de idade, ela tinha aparência de uma boneca, cabelos loiros, olhos castanhos esverdeados, magra e pele branca como neve, jovem com apenas 25 anos. Ela namorava o irmão de Noah, Dean Scott, que na adolescência foi um jogador de futebol americano e Hayley uma das líderes de torcida do time. Foi ali mesmo no colégio que nós quatro nos conhecemos. No momento, eu e Noah, éramos parceiros investigadores do FBI e Hayley e Dean eram legistas (esse nome é dado ao profissional que trabalha para desvendar qual a causa da morte e tudo que se passou no corpo da vítima).

- Vou ver se Megan conseguiu passar pelo sistema. Beijos e boa sorte! – Mas quando já estava fora da sala me lembrei de que deveria perguntar a ela um pouco mais sobre o corpo de Karen. Quando voltei vi Dean e ela conversando, encostei-me ao batente da porta só observando. Tentei escutar a conversa, mas ouvi apenas "Eu te amo", e já que eu não queria atrapalhar fui até Megan.

Ela trabalhava conosco há pouco tempo, era especialista em tecnologia, principalmente em invadir redes e hackear. Aparentava ser misteriosa, com seus olhos negros, e pele um pouco mais bronzeada, cabelos na altura dos ombros de cor castanhos escuros.

- Megan, conseguiu descobrir a senha do celular da vítima? – Perguntei sentando-me em sua frente.

- Claro! – Ela falou ainda olhando para os papéis em cima de sua mesa.

- E o que mais conseguiu?

- Ela trocou mensagens com o namorado, uma discussão horrível. A briga pode ter piorado, e causado assim a morte dela. – Ela falou andando de um lado para o outro.

- Ele já foi chamado?

- Sim, ele está lá em baixo, esperando que o interroguem. – Ela falou abrindo espaço para que eu saísse da sala.

Sai correndo para podê-lo interrogar, quando trombei de repente com Noah.

- Que susto! – Ele falou me olhando com os olhos arregalados.

- Desculpe, eu preciso ver o suspeito, fazer algumas perguntas. – Dei uma risadinha tímida para disfarçar meu constrangimento.

- Eu estava indo te chamar. – Ele me acompanhou até a sala de interrogatório. – Preparada?

- Noah, eu nasci preparada! – Abri a porta e me sentei em frente ao namorado de Karen, que poderia ser o assassino, mas por enquanto apenas um suspeito.

- Meu nome é Murillo. – O garoto disse. Ele parecia ser um tanto inocente, olhos castanhos, cabelos loiros bagunçados e a pele um pouco bronzeada pelo sol. Ele estendeu a mão ao meu comprimento e correspondi por educação.

- Sou a detetive Lexi! – Dei um sorriso desconfortável.

- Nome bonito detetive. – Ele me elogiou, fazendo com que meu coração derretesse de tanta fofura, mas não podia esquecer que estava ali em trabalho, então mantive minha expressão séria e apenas assenti. – Por que estou aqui, senhorita?

- Me parece que você está um pouco tenso!

- Apenas não quero problemas com a polícia. – Ele se defendeu, estampando no seu rosto um pouco de raiva.

- E o que teria feito, para lhe causar problemas conosco? – Pressionei, esperando que ele deixasse escapar alguma informação, se soubesse de algo.

- Às vezes faço coisas que me arrependo. – Ele admitiu.

- Como matar a própria namorada? – Dei um sorriso quase glorioso.

- A Karen? Eu nunca faria nada com ela, eu a amo. Mas por que estão perguntando isso? – Sua voz enfraqueceu.

- Onde esteve ontem por volta das 21h? – Indaguei.

- Em uma festa de aniversário. – Ele contou, dando novamente um suspiro, mas dessa vez um pouco mais longo.

- Algum álibi para provar sua inocência? – Questionei-o quando abri uma pasta.

- Sim, meus pais, amigos... Mas provar inocência em o que? – Imediatamente o desespero tomou conta de si.

- Karen... Ela foi encontrada morta em um banheiro de uma casa noturna. – Falei tranquilamente, mesmo sabendo que o tom mais calmo de voz não seria capaz de acolher alguém que acabara de perder um ente querido. 

- O que? – Ele gritou. – Não! Não! Sério que vocês acharam que eu tinha feito isso? Sério? – Ele se levantou em solavanco, pude ver a fúria estampada em seu rosto, que logo se transformou em uma expressão vazia e perdida como se minhas palavras ainda estivessem sendo digeridas e aos poucos fazendo sentido. Ele começou a se debater e por fim sentou-se no chão, pedindo indiretamente por alguma direção, implorando para que a notícia dada fosse apenas um engano. Mas não era, nunca era.

Sede de Justiça- A Busca Pelo MedoWhere stories live. Discover now