A história se repete

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Sentei no sofá de meu escritório, fiquei pensando na minha vida, em tudo em que havia mudado desde a morte de Amy. Nunca aceitei meu passado, na verdade eu era mais culpada do que imaginavam. Todas as cenas daquela noite vierem em minha mente, apesar de minhas tentativas de espantá-las, elas permaneciam. A dor de uma perda era tão grande, principalmente daquela que você presencia, daquela que você se culpa eternamente. Tudo aquilo foi mais forte do que eu, as lágrimas escorreram pelo meu rosto ficando cada vez mais intensas, meu nariz e minhas bochechas ficaram avermelhados.

A porta lentamente se abre, causando-me o desespero de alguém me ver naquela situação.

- Licença! – Hayley entrou, dando um sorriso envergonhado, mas seu sorriso havia desaparecido quando percebeu que eu estava chorando. – Você está bem?

- Claro! – Menti, mas ela não era boba, minha melhor amiga me conhecia muito bem e sabia que eu não chorava atoa.

- Para! Esqueça a Amy, se perdoe, Lexi. – Ela parecia ler minha mente, sabia exatamente o que eu estava pensando, mas ela não poderia dar nenhum conselho o suficiente, não era ela que estava presente no sequestro da amiga quando criança.

Eu tinha 12 anos quando ela desapareceu, fazia pouco tempo que havíamos chegado em Nova York, mas logo que entramos no novo colégio fizemos amigos. Foram longos meses a sua procura, até que foi encontrada no quintal de sua própria casa. A polícia nunca encontrou o assassino.

Fazia 13 anos que ela havia partido e nunca consegui aceitar essa injustiça.

- Hayley, eu prometi que encontraria o assassino e acho que estou no caminho certo. – Falei, deixando-a em choque.

- Como assim? – Ela perguntou curiosa.

- Ela foi morta pelo mesmo ácido. – Sorri esperando que ela concordasse com meus pensamentos.

- Mas o que tem a ver? 

- Esse ácido é proibido em vários países e só é encontrado em mercados clandestinos, além disso, ele parou de ser produzido e apenas pessoas ligadas à química sabem como o produzir. – Ela ainda parecia confusa, então decidi explicar melhor. – Lerda, estou querendo dizer que como ele não é mais produzido comercialmente e para alguém fabricá-lo precisa de experiência na área química. Deve ser um professor, aluno ou até mesmo profissional. E como você já sabe, eu estava naquela noite, apesar de não me lembrar muito, pude observar um homem nos seguindo e ele é bem parecido com o qual o barman descreveu.

- Você acha que o assassino de Amy pode ser o mesmo de Karen Brewster? – Ela parecia estar entendendo. - O que me disse tem sentido, mas pode ser apenas uma coincidência. 

- Eu sei, mas algo em mim diz que é o mesmo homem.

- Mas é possível que as duas tenham se conhecido? – Perguntou se mostrando cada vez mais curiosa.

- É isso que vamos descobrir, avise Megan para continuar procurando por pistas nos aparelhos eletrônicos de Karen. Você e Dean vão examinar novamente o corpo da vítima e eu e Noah vamos investigar a vida dos Brewster. – Me levantei e fui à procura de meu parceiro.

- O que vamos fazer agora senhorita Anesburg? – Noah brincou.

- Ir para casa da vítima. – Entramos no carro e fomos investigar.

A casa era grande, com paredes de pedras e um jardim bem florido em frente. A mãe de Karen, Meredith Brewster nos recebeu, uma mulher muito bonita e simpática.

- Se quiserem podem ir ao quarto dela, talvez ajude em alguma coisa, eu acompanho vocês. – Ela nos guiou até o segundo andar.

O quarto tinha detalhes em rosa, uma cama de casal com edredom cor de palha e um travesseiro pink. Uma escrivaninha com livros e um caderno com um pequeno cadeado.

- Essa é Davina. – Meredith apontou para uma foto no mural. – Melhor amiga de Karen. – Uma garota ruiva dos olhos castanhos claros.

- Quando você a viu pela última vez? – Noah perguntou referindo-se a Davina.

- Semana passada. Mas acho que as duas brigaram, da última vez ela saiu daqui mais cedo do que de costume e parecia nervosa. Quando fui procurar Karen ela estava chorando. 

- Ela escrevia bastante no diário? – Perguntei apontando para o pequeno caderno.

- O dia inteiro, tudo que acontecia ela registrava nele. – Os seus olhos se encheram de lágrimas. – Ainda não acredito que ela se foi, uma garota como ela não merecia esse destino. Eu a amo tanto. 

- Agora infelizmente não podemos fazer nada além de pegar o assassino e o colocar atrás das grades. – Sorri.– Você poderia nos emprestar o diário dela? Talvez ele nos ajude.

- Claro, podem levar. – Ela o entregou em minha mão e nos guiou novamente para o lado de fora da casa. – Obrigada.

Voltamos até o departamento e fui até a sala de Hayley e Dean, para verificar se eles já teriam conseguido alguma evidência.

  -Ela tinha marcas de arranhões por todo o corpo, verifiquei em baixo de suas unhas e havia um pouco de pele, fiz o teste de DNA e era dela mesma, provavelmente ela se arranhou quando começou a sentir as dores do ácido corroendo os órgãos. – Ela me mostrou alguns laudos. – E vocês conseguiram algo?   

- O diário de Karen, de acordo com a mãe dela ela escrevia todos os dias, de qualquer coisa que acontecia no seu dia.

-Estamos indo bem nesse caso, por enquanto. -Ela disse antes de eu ir até Megan.

- Megan?- Esperei uma resposta. - Megan!

- Oi. Desculpe-me. Estava vendo algumas ligações que Karen recebeu na semana passada. Foram seis ligações do mesmo número. – Ela respondeu.

- Tempo de ligação? – Perguntei.

- As quatro primeiras duraram 10 minutos e as duas últimas duraram 5 minutos. – Ela entregou uma folha com mais alguns detalhes.

- Então rastreie o número! – Ordenei.

- Já fiz isso, sabia que você pediria. – Ela passou o endereço e fomos até o local da residência. 

Sede de Justiça- A Busca Pelo MedoWhere stories live. Discover now