1°Capítulo

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— Meu nome é Ayla Jarsdel. Tenho 23 anos, sou morena e tenho olhos castanhos claros. — disse fazendo uma pausa. — Como todos podem ver. — disse divertida, fazendo todos da sala rir. — Estou fazendo faculdade de psicologia, mas já é meu último ano.

Me apresento a turma da faculdade que está no mesmo ramo que eu. Odiava me apresentar, mas temos que nos acostumarmos com a auto apresentação. Já estou ficando sem coisas para falar de tanto repetitivo que isso soa todos os anos. Me sento de volta na cadeira rabiscando um papel qualquer para disfarçar a vergonha.

— Me chamo Christopher. — disse uma voz grossa, parei de escrever olhando para onde vinha essa voz que me deixou arrepiada. Meus olhos pousaram em uma figura alta musculosa e linda, inteiramente linda. Como eu não havia o percebido antes? Fiquei tão hipnotizada que não percebi que ele já estava me olhando, seus olhos eram ameaçadores, mas eu não conseguia desviar meu olhar. O homem bonito estava em pé e apoiado em sua carteira que ele dividia com outra pessoa. — E é só isso que vocês precisam saber. — disse ele, não deixando em nenhum momento o meu olhar. Fiquei observando a forma como o seu maxilar marcado mexia, ele iria se sentar, mas logo parou na posição e se enrijeceu novamente. — Penso que a psicologia tem excelentes prodígios. — disse me olhando de cima a baixo, mesmo sentada na cadeira. — Quem sabe no futuro eu não precise de uma psicóloga? — supos ele, devorando-me com o olhar. Não pude deixar de sorrir de leve pela sua flertada, mas rápidamente virei para frente envergonhada.

As aulas passaram rápidas, talvez seja o meu interesse pela coisa, pois, sempre estava preparada se o assunto fosse psicologia.

Deu a hora de ir embora e eu saí da sala arrumando as coisas em minha bolsa preta de ombros. Esbarro o ombro em alguém e quase caio, mas me equilibro sentindo uma leve dor no ombro, pois, tinha batido em algo duro. Olhei para cima e vi o mesmo homem da sala me olhando seriamente.

— Me desculpe, estava distraída e não o vi. — disse com um sorriso amigável no rosto, mas logo o desmanchei pela sua pose séria, ele só me olhava e não dizia nada, até que ele dá as costas e sai pelos campus. Ele havia ficado bravo por causa de uma esbarrada? Qual era a dele? Em uma hora flerta comigo e em outra me ignora completamente. Eu nem o conhecia, mas senti vontade de grita-ló e confronta-ló, mas eu não sabia quem ele era, então resolvi deixar de lado e ir para casa. Peguei meu carro no estacionamento da faculdade e dirigi direto para casa.

Chego em frente ao portão principal e o abro com o controle, entro e procuro o controle da garagem, mas não estava comigo. O portão da garagem se abre, isso quer dizer que minha mãe estava em casa, já que ela sempre abria quando eu esquecia o controle. Moro com a minha mãe desde os 17 anos, ou melhor, ela mora comigo já que a casa é minha, tudo que tenho trabalhei e comprei com o meu esforço, começando pela casa e depois o carro. Sustento minha mãe e meus irmãos que é uma menina e o outro é um menino.
Minha mãe não trabalha porque ela é viciada em heroína e eu não deixo ela sair de casa, pois, ela ainda tem crises e não quer ir para uma clínica, então mantenho ela em casa fora dos perigos do mundo.

Desci do carro soltando um suspiro de alívio. As aulas da faculdade eram extensas e cansativas, mas valeria a pena futuramente.

Entrei em casa com uma chave reserva que tinha, não dava para tocar a campainha toda vez que eu chegasse, então fiz uma cópia da original.

Entrei dentro de casa fechando a porta logo em seguida. Olhei ao redor e estava muito quieto, o que era estranho já que meus irmãos eram uns pestinhas. Fui andando de vagar até o pé da escada, olhei para o final da escada e nada, nem um mísero barulho.

— Ahhhhh! — gritou os pestinhas, fazendo um barulho absurdo e me assustando.

— Não façam isso! Quase infartei! — disse com a mão no peito, eles sorriram e me abraçaram. — Cadê a mamãe? — perguntei e eles apontaram para a escada, lá estava ela com um leve e singelo sorriso no rosto.

— Você chegou, querida. — disse terminando de descer a escadas.

— É, cheguei. — disse saindo dos abraços dos pestinhas.

— Como foi a faculdade? — perguntou ela.

— Cansativa. — respondi esfregando as mãos no rosto.

— Vamos! Venha para cozinha, vou lhe preparar um chá. — disse ela indo em direção a cozinha, mas parando e olhando para meus irmãos. — Vão fazer o dever de casa. O professor logo chega. — ordenou, meus irmãos assentiram e saíram correndo escada a cima. Meus irmãos estudavam em casa. Depois que a minha mãe desenvolveu o vício, tenho medo de deixar pessoas que amo sair no mundo e se perder nessa crueldade que ele carrega em si. Sim, posso estar sendo egoísta, mas eles são importantes demais para mim, além do mais era para o bem deles.

Sentei na cadeira da bancada da cozinha, esperando minha mãe fazer o chá.

Eu me parecia com a minha mãe, ela tinha os mesmos olhos castanhos, só que escuros, diferente dos meus que são bem claros. Seus cabelos eram pretos ondulados, enquanto os meus eram lisos e castanhos, mas a nossa face era muito parecida, muitas pessoas falavam.

— As crianças hoje me perguntaram porque elas não vão à escola. — disse ela de costas para mim. Encarei suas costas imediatamente. — Elas querem ir à escola como todos vão Alya, está cada vez mais difícil dizer a eles que eles não precisam saírem de casa para aprender, sendo que podem vir ensina-lós. — disse ela com um semblante triste.

— Converse com eles, explique direito a situação, se achar que eles não vão entender… — suspirei. — Fale a verdade. Eles não vão sair para estudar, pelo menos não agora. Eles terão que entender, já tem coisas demais para me preocupar e irmãos em escola só iria complicar ainda mais. — disse levemente irritada. Não queria eles expostos ao mundo. Me levantei me retirando da cozinha não esperando o chá. Entrei no meu quarto e fui direto para o banheiro, tomei banho e vesti uma regata cinza e uma calça branca, vesti o jaleco e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Iria para a clínica, estava fazendo estágio como psicóloga e já estava na minha hora.

Desci as escadas e não tinha ninguém na sala, resolvi não incomodar a mamãe para dizer que eu já estava de saída, então fui sem avisar.

Cheguei na clínica e já fui entrando para minha sala sem falar com ninguém, pois, hoje realmente não era um bom dia.

Eu sempre carrego comigo anotações dos próximos pacientes e informações de seus casos, pois, é sempre bom estar organizada.

Já eram 5 horas da tarde e agora estava marcado horário com um paciente, seu nome ou sobrenome não sei, pois, é meio estranho, mas lá só estava registrado Kennedy.

Escutei batidas na porta e mandei entrar, provavelmente era o paciente. Meus olhos estavam fixados na agenda, estava vendo quantos pacientes faltavam para atender hoje. A porta se fecha e eu não dei o trabalho de olhar.

— Sua agenda é mais importante que seu paciente, Srta. Jarsdel? — perguntou uma voz que eu realmente conhecia. Olhei imediatamente para o dono dessa audácia e para minha surpresa era ele. O sujeito estava sentado na cadeira preta confortável a minha frente, ele estava me olhando como me olhava mais cedo, o olhei franzindo o cenho, vendo ele relaxar a expressão séria e dar um sorrisinho de lado.

Psicótico Medíocre Onde histórias criam vida. Descubra agora