O grito da morte

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Naquela tarde, após ouvirmos sobre os filhos de Maria, a cidade toda ficou em estado de alerta a todas as cosias estranhas que pudesse ocorrer ou aparecer.
O tempo passou e nada de estanho e assustador aconteceu durante 6 dias.
Até que tudo mudou na noite de sexta do 6° dia. Naquela noite, a cidade estava fria como se todo o gelo do norte vinhese pra cá, e com ela as presenças malignas.
As 1:15 da madrugada, ouve-se um choro alto e agudo vindo da direção da praça da cidade. Naquele momento não sabíamos o que estava por vim, não tinha como prever o imprevisível.
A cidade toda acordou ao som do choro de uma mulher, todos estavam curiosos para saber quem era ela, o que estava fazendo ali naquela hora e a pergunta mais óbvia : por que ela estava chorando ?
Eu tomei coragem e fui em direção a praça, e vi que não era a única curiosa ali, o xerife , o médico, um casal e duas crianças foram em direção a praça também.
Quando chegamos lá, vimos Maria, a mulher que perdeu seus dois filhos a muitos anos atrás. Ela estava de joelhos segurando o que parecia ser duas crianças com as roupas iguais. Na frente dela, estava uma menina toda de preto sussurrando em uma língua totalmente estranha, algo que nunca tinha ouvido antes, parecia uma mistura de latim com russo. Mas era impossível indentificar a língua e muito menos o que ela estava falando para Maria.
Ao me aproximar mais um pouco , pude ouvir o que elas estavam conversando.
- occidere eum, occidere eum !! ( Mate-as ) -sussurrava a menina para Maria.
- Eu não posso fazer isso, por favor, pare, pare , por favor pare.
- occidere eum, ut rediit.( Mate-as )
- Isso é mentira, eles já se foram a muito tempo.
Quando me aproximei mais um pouco, avistei nos braços de Maria as duas crianças. Eram keylebi e Jessebel. Os dois filhos de Charles, o médico da cidade. Elas estavam desacordadas, vestidas de branco e com coroas de flores  vermelhas na cabeça.
Ao avista-los , Charles correu desesperado na direção de Maria.
- O que está aconteceu aqui ? Meu filhoooos, por favor solte meus filhos.
- Eu juro que não quero fazer nada a eles, mas ela está me obrigando.
- Por favor não faça mal a eles, são crianças. Por favor , solte-os. Solta meus filhos.
Aquela menina sombria , virou-se na direção do médio e só olhou para ele. Aquele olhar vazio, perigoso, um olhar da morte. Era como se ela pudesse controlar tudo a volta só com um olhar.
- Ei Charles, o que a de errado ? Sua vadia não pode mais lhe dá outros ? Tudo é substituível.
Não foi o que você fez com ela ? Trocou pela própria irmã ? Ou você acha que Deus vai lhe salvar ?
- Quem é você ? O que você é ? Pare com  isso.
- Ah Charles, vamos lá, conte para suas crianças como você estuprou a mãe deles, conte vá.
As crianças que estavam desacordadas, em um instante se levantaram e olharam em direção ao pai, seus olhos eram pura escuridão, como se algo as possuísse, algo maligno e perturbador.
- Conte - nos papai, conte como você fez ela sofrer. Aah nós sabemos de tudo papai. Somos o fruto do seu pecado.
O xerife da cidade ao vê aquilo, correu para chamar o padre que veio imediatamente. Sem saber com o que estávamos lidando, ou com quem estávamos lidando, decidirmos que tudo aquilo não estava mais nas mãos de pessoas normais como nós, que isso era caso para um ser espirituoso tentar ajudar.
- Muito bem senhor xerife, trouxe a putinha da cidade, que engraçado. Está na hora da diversão.
- Cale-se ser impuro. Em nome de Cristo, ordeno que saia deste corpo dessa pobre inocente.
- Inocente padre ? Ninguém aqui é inocente.
- Cale-se !!!
- Ah padre, o que vai fazer ? Xaqualar seu brinquedinho benzinho ? Me jogar água benta ?
Eu sou filho do criador padre, sou a imagem de Deus. Você acha que isso pode me deter ?
- Qual é o seu nome espírito imundo ?
- Eu tenho vários padre. - Disse a menina dando risada da situação - Mas por que eu diria a você ?
- Diga o seu nome !!!!!
- Ah padre, quantas crianças você assediou ? 7 , 8, 9 ? Lembra do pobre e inocente Kaio ? Que ia todos os dias a paróquia com sua mãe e você sempre o chamava para tomar chocolate quente na sua casa ? Ah padre, nos sabemos o que você fez....
- In nomine patris et fili spiritus sancti, instructus est ab hoc corpore in spiritu inmundo !!!  ( Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, foi instruído por este corpo com um imundo )
Por um instante, tudo ficou em silêncio, a menina que estava em frente a Maria caiu ajoelhada, as duas crianças caíram também de joelhos. Porém, ainda sentíamos algo pesado no ar.
O padre se aproximou lentamente das duas crianças para pegar elas e tirar daquele lugar. Ao pegar no braço de Jessebel ela olhou para ele e começou a gritar sem parar.
- Me solta , me solta, papai manda ele me soltar, está me machucando. Papai manda ele me soltar, me solta.
Ela caiu no chão e começou a se tremer toda, se contorcer e gritava sem para.

-bitch turpem ( sua puta imunda )

Até que tudo ficou silêncio, um silêncio de paz e tranquilidade.
Keylebi que estava de joelhos ainda, levantou-se e seguiu andando em sentindo a mim, eu fiquei assustada e fui me afastando cada vez que ele se aproximava mais e mais.
Seus olhos estavam todo preto, escória o que parecia ser lágrimas negras dos olhos dele.
- Do que você tem medo ? Você não me quer ? Sou muito novo pra você né ?
- Keylebi, é você ? Keylebi pare, isso não tem graça.
- Eu trago ele de volta, né isso que você quer ? Ah vamos lá Shedan, eu sei que é isso que você quer.
Eu sei de tudo o que todos vocês querem.
- Afaste-se dela espírito imundo. - disse o padre.
- Padre, que bom que você ainda está aqui. Venha, não quer me tocar ? Olha eu ainda nem entrei na puberdade. Sou tão novinho padre, tão Inocente, adoro brincar de esconde esconde. Você não quer brincar comigo seu padre ?
- Cale-se ser impuro. Ousa a voz de Deus que lhe ordena que saia deste corpo inocente.
- Ah padre, você já está me irritando. Mostre logo quem você realmente é. Seu deus não pode lhe salva. Cala-se e sente-se aí. Observe como se faz de verdade.
Ele desviou o olhar de mim e foi em direção ao casal que estava observando toda aquela cena perturbadora.
- Ei sua vadia imunda, venha, me chupe como você faz com o irmão do seu marido toda vez que ele viaja para poder trazer dinheiro pra você.
Pra você torrar tudo em jóias e roupas caras, só pra agradar os homens da cidade.
Ué, você não sabia que sua mulher é uma puta imunda que dar pra todos na cidade em troca de mais jóias ?
Vamos acordem e venham me adorar. Eu sou um Deus.
Sai das suas casas e tragam me seus filhos mais novos. Ou eu vou atrás deles por vocês.
A menina de que estava em frente a Maria se levantou e começou a flutuar misteriosamente. Ela deu uma volta em torno da cidade em cerca de segundos.
Quando voltou para a praça, parou e olhou para todos a volta.
Ouvimos um grito agudo vindo dela, um grito agoniante.
Por um momento, achávamos que tudo iria acabar ali, que aquele seria nossa última noite, e que tudo aquilo, tudo isso nunca iria ter fim.
Até que ela fechou a boca, encostou o pé no chão e começou a cantar o que parecia ser uma música infantil.

- Come little children, come with me
Safe and happy, you will be
Away from home, now let us run
With hypno, you'll have so much fun

Oh, little children, please don't cry
Hypno wouldn't hurt a fly

Be free to frolic, be free to play
Come with me to my cave to stay.

E se repetetia várias e várias vezes até que ela ficou em silêncio, olhou para o céu e começou a se balançar.
Por um momento era tudo calma e silêncio, só por um momento.
Depois de uns 2 minutos , ouvimos o que parecia ser choros agonizante por toda a cidade, uma gritaria descontrolada.
Eu corri em direção a casa mais próxima da praça para entender e vê o que estava acontecendo.
O que vi era perturbador.
Todas as crianças da cidade tinham desaparecido em um piscar de olhos.
As mães estavam em prantos e sem saber o que fazer e muito menos como isso foi acontecer.
Quando voltei para a praça, keylebi e Jessebel não estavam mais ali, nem a garota de preto.
O xerife e todos que estavam ali na praça estavam desacordados em sono profundo.
Tudo o que se via era névoa e um frio inexplicável.

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