Capítulo 16 - Bônus

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Ele ficou um pouco surpreso com a rapidez e a eficiência com que Narcisa organizou aquele pequeno jantar, principalmente considerando o estado da mulher. Era visível em seu rosto o quando estava abalada e exausta, Voldemort sabia perfeitamente que ela estava imersa na tarefa de descobrir uma forma de ajudar às crianças de qualquer forma por menor que seja, ainda assim ela tinha conseguido fazer um trabalho impecável. Os lustres brilhavam magicamente e a música suave preenchia o ambiente, apenas alguns tons mais baixa que o burburinho de conversas, os convidados estavam em vários níveis de excitação e nervosismo, os mais jovens estavam curiosos, seus olhos praticamente colados em sua figura em todos os momentos em que pensavam que ele não podia perceber. Anos antes, reuniões como aquela lhe agradavam, a forma reverente com que todos lhe olhavam, o fato de saberem como estavam longe de alcançar seu próprio poder, ansiando por sua aprovação, mas naquela noite em particular ele gostaria de estar sozinho em sua biblioteca, despojado de sua persona, repassando os livros que tinha recentemente adquirido na travessa do tranco. Ele conteve um suspiro, era hora de ser um anfitrião.
A reunião e o jantar foram mais do que tediosos, ironicamente a única pessoa que ele se sentia confortável ao redor naquele momento era Lupin, que parecia tão avesso aquela reunião quanto ele próprio. O homem tinha se limitado a um canto da sala durante todo o tempo, não falando com ninguém além de Sofia e do próprio Voldemort, os olhares que recebia eram de nojo completo e indignação, tal indignação se tornou ainda mais gritante no momento em que todos se sentaram para o jantar, Voldemort quase pode ouvir todos segurarem o folego quando o homem se sentou diretamente a esquerda do Lorde, o lugar que todos sabiam pertencer a Snape, Lucius estava a sua direta como de costume. Voldemort conteve um sorriso divertido ao observar a inveja no rosto de cada um dos comensais do círculo interno.
Ele falou com todos e foi oficialmente apresentado a todos os filhos de seus comensais, nenhum deles parecia especialmente promissor, com exceção do filho de Sofia todos tinham um nível de magia mediano. O filho de Goyle era tão completamente inútil que o lorde teria acreditado que o rapaz era um aborto se não soubesse melhor. A noite correu lenta e entediante, mas ele se forçou a manter todos ali pela maior parte da madrugada, até que fosse completamente inaceitável que os pais mandassem as crianças de volta a Hogwarts na manhã seguinte. Ele precisava garantir que eles estivessem fora do castelo por ao menos dois dias, em especial Zabini e Malfoy.
O menino Malfoy foi uma desagradável distração durante toda a noite. Nada no garoto seria digno de atenção, não fosse ele a principal razão daquele baile em primeiro lugar. Tom não conseguia entender o que Harry poderia achar tão atrativo no rapaz, ele era bonito, Tom não iria negar isso, mas Blaise Zabini era tão belo quanto, e a menina Greengrass era definitivamente mais bonita. O garoto era patético, olhava para ele descaradamente a todo momento, sua expressão uma mistura de mágoa, medo e raiva. Tom não se dignou a olhar diretamente para ele por toda a noite, embora estivesse prestando atenção demasiado ao menino.
Quase pela manhã, seus comensais começaram a se retirar, agradecendo ao Lorde por ter lhes honrado com aquele convite, e novamente oferecendo seus serviços de suas crianças para qualquer coisa que lhe agradasse. Parkinson chegou ao ridículo de insinuar que ele ficaria contente de ter sua filha se tornando mais ‘próxima’ do lorde, Voldemort achou mais produtivo fingir que não percebeu aquela oferta ultrajante, o que em nome de Morgana ele faria com aquela criança? É claro que uma parte muito pequena no fundo de sua mente, uma parte que soava como Nagine, lhe lembrou que a menina tinha a mesma idade de Harry.
No fim apenas a família Malfoy, a família Zabini e Lupin permaneceram. Lucius estava a ponto de fazer sua própria retirada quando Voldemort anunciou.
- Eu gostaria de ter uma palavra com suas crianças. – Disse ele com suavidade, Narcisa pareceu surpresa e Sofia completamente satisfeita, quando Voldemort se virou em direção a escada, Lucius se moveu como se fosse segui-lo, mas o homem levantou sua mão para detê-lo – A sós.
Seguiram então em direção ao escritório, Voldemort podia praticamente cheirar o medo e a confusão dos dois garotos, mas fingiu não perceber, quando entraram ele fechou às portas atrás de si, e viu um arrepio de medo atravessar os dois rapazes, ele caminhou até sua mesa e sentou-se de forma elegante, ele geralmente diria aos convidados para se sentar também, mas tinha algo de agradável na forma desconfortável com que o menino Malfoy parecia completamente fora de lugar, então ele não disse nada a esse respeito.
- Fui informado da lealdade que ambos dedicam a Harry Potter. – Sua voz não tinha nenhum tipo de inflexão, nem positiva, nem negativa, era neutra e isso fez os rapazes ainda mais incomodados – Muito peculiar para Sonserinos se submeter a um Grifinório. O que vocês têm a dizer a respeito?
- Harry Potter pode ser um Grifinório, mas não a dúvidas de que seu lugar de direito era na Sonserina. – Disse Blaise, seu maxilar era tão firme quanto seus olhos, e todo seu quadro corporal emanava certeza e devoção – Ele já provou isso.
Blaise era leal. Sua postura não deixava qualquer dúvida quanto a isso, ele seria fiel a Harry da mesma forma que os próprios comensais de Voldemort eram, talvez mais leal do que a grande maioria. Isso era exatamente o que Tom esperava, e ele não deteve o pequeno sorriso que decidiu se espalhar por seu rosto sem lábios. Então ele se virou para o menino Malfoy, o loiro estava encarando o chão, sua face tensa e fechada.
- E você Draco? Não tem qualquer coisa a dizer?
O loiro pareceu fazer um esforço enorme para tirar os olhos dos próprios pés e encarar Voldemort, ele engoliu em seco no momento em que Vermelho e azul se encontraram.
- Eu estou do lado de Harry, não importa o que. – A voz do garoto era cheia de determinação e bem no fundo, tinha uma pontada de desafio, Voldemort ergueu uma sobrancelha para ele.
Voldemort se levantou e andou até os rapazes, circulando-os e lhes encarando com olhos avaliativos, uma gota de suor escorria pelo pescoço de Blaise e essa era a única coisa que denunciava seu nervosismo, Voldemort se permitiu admirar isso por um momento, não haviam muitos de seus comensais que poderiam permanecer tão impassíveis em sua presença. Draco era algo completamente diferente, o garoto tremia e todo o seu rosto estava coberto de suor, sua face estava transtornada e ele tinha voltado a encarar o chão, o contraste entre ambos era completamente ridículo. Ele estava prestes a se afastar outra vez e levar os rapazes de volta para seus pais quando algo no pescoço de Draco chamou sua atenção, era uma marca esverdeada que ele sabia bem deveria ter sido um roxo escuro alguns dias antes, a marca não estava realmente no pescoço, era mais próximo de sua clavícula, em um lugar que definitivamente seria coberto pelo uniforme, Tom sabia o que era aquilo e também sabia quem tinha causado aquele hematoma, um rosnado violento enrolou-se em seu peito e ele teve que conter sua magia para impedir que era acabasse agindo contra o garoto. Aquilo era um chupão, um chupão que Harry deu a ele. Sua visão se tornou vermelha por alguns instantes e ele respirou pelo nariz, forçando a raiva de volta para dentro de si, ele não tinha o direito de estar com raiva, Harry não era dele, não dessa forma, e ele sempre soube o que Malfoy era para seu pequeno, afinal, todo este teatro patético era destinado a esconder isso de Dumbledore. Ele sabia de tudo isso, mas saber não tornava a situação menos irritante.
Voldemort deveria se afastar agora, deveria descer com os garotos, entregá-los a seus pais e encerrar a noite, voltar a se concentrar em coisas mais importantes do que a paixão adolescente de Harry, mas ele não conseguiu, ele precisava marcar um ponto, apenas um, então ele chegou mais perto de Draco, vendo o loiro se encolher conforme a boca de Tom se aproximava de sua orelha.
- Você NÃO É bom o suficiente para ele. – Ele rosnou de forma quase inaudível, era tão baixo que mesmo Draco poderia ter perdido aquelas palavras, mas a forma como o garoto tremeu e ofegou de puro pavor lhe disse que ele entendeu, apenas então ele se afastou, colocando um sorriso predador em seu rosto e voltando ao tom normal de sua voz – Eu aprecio os serviços que estão prestando a Harry, continuem assim, guardem seu segredo ou eu cuidarei pessoalmente de cada um de vocês.
Ambos acenaram e seguiram o Lorde de volta para o salão de baile, quando o menino Malfoy se reencontrou com seus pais ele parecia doente, e isso agradou a Voldemort muito mais do que deveria. Houve alguma conversa insignificante e logo todos tinham ido embora, Tom deixou a figura de Voldemort deslizar para longe, caminhou até a mesa de jantar e serviu para si mesmo uma grande taça de vinho, olhou para a garrafa por alguns segundos e então decidiu que não faria mal levá-la consigo para o quarto naquela noite, afinal, foi realmente cansativo.

Harry Potter e o Mentor das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora