Capítulo 1

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Assim que o elevador começou a subir, minha mente se distraia com o celular. Era a única coisa que me tira da realidade, Ontem a noite havia briguei com meu pai, e corri para a casa de uma das minhas amigas, aquela briga tão ridícula para escolher uma nova escola me deixou furiosa. Mas meu irmão acaba de me ligar dizendo para voltar. Porém ainda não estou de acordo com a situação.

Suspiro de maneira cansada, e observo os números que em contagem regressiva me levariam até meu destino, não estava nem um pouco afim de ir para casa, se fosse outra pessoa que me ouve-se ligado talvez ficaria mais calma. O elevador para de uma maneira inesperada onde desperta minha consciência para a realidade, havia outros solicitado seus serviços, novamente pego meu celular e noto que minha bateria havia acabado. Que má sorte, nem para fingir que não existo eu presto.

A pessoa que entra era um garoto, estava bem vestido, nada formal porém estiloso, alto de ombros largos, seu cabelo é comprido e rebelde de uma cor escura, assim que cruzamos olhares não resisti estudar seus lindos olhos, e por um momento pensei que havíamos uma conexão.

Meu peito dispara e assim que as portas se fecham desvio o olhar. Com aquele par de segundos minha mente ficou em branco pela primeira vez, era como se conectarmos nosso olhar o mundo desaparecia. Nunca senti tanto conforto em olhar para alguém desse jeito, geralmente entrego uma mirada mais evasiva.

Novamente ponho meus olhos nele, que distraidamente estudava os papéis em sua mão. È uma carta para se matricular em uma escola interna. Eu conheço essa escola, creio que...

O elevador para novamente, dessa vez ele foi mais ruidoso, as luzes se apagam e nada mais estava funcionando. Eu nunca gostei que filme de terror, mas juro que se aparecer um fantasma a minha alma vai embora junto com ele. O garoto ao meu lado também parecia inquieto, assim que chega aos botões de emergência aperta calmamente esperando resposta. Porém os resultados foram zero.

Mais de 10 minutos em pé, e os botões ainda não funcionavam, o calor invade o local, ele já estava tirando casaco. Eu não sei mais o que me deixa desconfortável, se era gritar feito louca, tentar abrir por dentro do elevador ou ter uma conversa tranquilizante.

Pensar nisso me deixou ainda mais inquieta, era como se minha consciência tivesse apertado um botão chamado "pânico". Quando eu finalmente decido algo escuto sua voz.

- Hey, você está bem? vejo que não gosta de lugares fechados. - È que você não está no meu lugar.

- Nunca fiquei presa em um elevador. - Respondo.

- Entendo, não tenho sinal, e parece que você está sem bateria. Creio que o que nos resta é esperar que alguém note nossa ausência.

- Rezo para que sua sorte seja relevante hoje.

- Porque pensa assim? - Ele parece procurar a resposta estudando meus olhos ou está apenas implorando para que lhe conte. Ainda não entendo porque me sinto tão confortável.

- Minha sorte fugiu com apenas escutar a conversa que tive com meu pai. Sempre brigamos... não é um assunto relevante.

- Desculpa tocar em uma parte sensível.

- Não se preocupa, eu... nunca conversei sobre isso com ninguém, me sinto até melhor.

- De nada. - Ele me faz rir, e o clima parece se tornar melhor, talvez ficar presa no elevador não foi tão ruim. - Eu moro com o meu padrasto, ainda não o conheço muito bem, tampouco somos íntimos. Foi tão rápido que eu suspeito que eles já haviam uma relação antes do divórcio.

Eu deixo o silêncio tomar o lugar, Ele parece compreender o que sinto como ninguém. Ele conversou comigo porque talvez se preocupou. Creio que é minha vez.

- Chama isso de problema? Eu tenho uma mãe que está internada em um hospital, meu pai volta para casa com cheiro de bebidas, e algumas vezes perfume de mulher. Ela usa Chanel No 5. é o mesmo perfume que ele deu para minha mãe.

- Você fugiu de casa não foi? - Ele também faz uma pausa.

- Apenas para pensar. - Seu eu pudesse ir mais longe não voltava.

- Creio que somos dois.

Ele abre um sorriso para rir junto comigo mas logo outro barulho interrompe o ambiente, era o elevador, assim que saímos eu não senti o alívio que havia desejado depois de 40 minutos, talvez, esses 40 minutos foram os mais significativos da minha vida. Assim que saí do meio da multidão encontro meu irmão que logo me abraça.

- E eu pensando que estava fugindo, está tudo bem?

- Sim, eu preciso ver uma coisa logo...

- Não podemos perder mais tempo, nosso pai está furioso, ele disse que quer consertar as coisas. Vamos.

A pressa foi tão grande que nem ao menos sabia que aquele garoto tinha um nome. Talvez nunca saberei...

- Como sabia onde eu estava?

- Fui ao prédio, para falar com sua amiga, mas alguns guardas e mecânicos estavam na frente arrumando um elevador, eles disseram que a câmera dentro dele apagou então tiveram que abrir.

- O que o papai quer falar?

- Disse que pode escolher a escola que quiser, ele disse que desiste de você. - Já estávamos no carro, eu lembro que havia um carregador no banco de trás. Eu tiro algumas caixas de cima do banco e noto alguns papéis caído. Isso é...

- Isso é uma carta de inscrição para um colégio interno?

- Sim, é para meu "amigo", Noah.

- Ethan! Somos melhores amigos desde criança! não vem como esse entre aspas!

- Mas nunca pensou em algo mais? Ele é um cara legal.

- Ethan Dominic dando opiniões para arranjar um namorado? Algo passou quando eu estava fora?

- Alex! - Ele me faz cosquinhas como provocação. Eu volto a olhar para os papéis a minha frente.

- Escuta, Noah já conseguiu um colégio. Posso ficar com esse.

- Alex, essa escola é apenas para garotos.

- QUEM FOI O MACHISTA?!

- E eu sei lá?! e para de gritar, estamos chegando em casa.

Assim que saímos do carro eu pego meu celular quase descarregando e corro para meu quarto e o deixo carregando, assim, passo na cozinha onde vejo meu pai no telefone, Minhas pernas parecem estar fora do meu controle, não tenho medo mas meu corpo não demonstra essa coragem. Eu sei que ele não me bate, porém seus olhos me intimidam.

- Alex. Senta-se por favor.

- Claro...

Mais de uma hora conversando sobre a escola que iria ir, eu escolhi uma fora da cidade em uma kitinet sozinha, a cidade onde estaria aquele garoto, será que vou poder vê-lo? espera, porque eu quero tanto vê-lo? às vezes o mundo não se demonstra pequeno. porque eu quero tanto vê-lo? Preciso tanto assim falar com ele? Não importa, eu entrarei nessa escola. preciso voltar a falar com meu irmão, essa será a ideia mais doida que eu já tive.

- Ethan fecha a porta, precisamos conversar.





continua..........

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⏰ Última atualização: Nov 30, 2019 ⏰

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