Capítulo 5

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Amélia

Estava no JUDE´S onde marquei de me encontrar com Tereza, ela insistiu em me ajudar com a matéria da aula de biologia amanhã quando sem querer falei que não me dava bem nela. O local estava cheio, a maioria de alunos da escola com seus grupinhos, até o Nathan estava lá. Estava lendo o livro e já perdendo a paciência, tanto porque não entendia nada e pela Tereza estar atrasada  quando alguém se sentou na minha frente e fui obrigada tirar minha atenção do livro e ver quem era, era um garoto que eu nunca vi na vida, ele estava com um sorrisinho no rosto, rosto esse que não me parecia nada agradável, não perdi nem dois segundos olhando pra ele e voltei minha atenção para o livro dando a entender de que não estava afim de conversar com ninguém mas parece que não entendeu o recado porque começou a puxar assunto comigo:

—Oi, meu nome é Henry. — Ele me disse com um tom muito alegre de voz, dei outra olhada pra ele ver se ele se mancava e saísse da minha mesa, voltei a atenção novamente para meu livro o ignorando completamente, ouvi umas risadas na outra mesa, com certeza onde ele estava sentado com os amigos, então ele tentou de novo

— Vi que você está sozinha, não quer companhia?

— Não. — Respondi sem tirar os olhos do livro e a mesa ao lado explodiu em risadas, ele devia estar se corroendo por dentro pelo modo como se mexeu desconfortável na cadeira.

— Tem certeza? Vi que está estudando e eu poderia te ajudar com a matéria já que você é nova na escola. — Ele continuou tentando me convencer, revirei meus olhos com a persistência, fechei o livro e olhei pra ele respondendo

— Se eu quisesse sua ajuda eu teria pedido. — E comecei a juntar minhas coisas pra levantar, isso já estava me deixando com dor de cabeça. Ele se levantou também e pegou no meu braço pra chamar a minha atenção para ele e disse

— Você sabe com quem está falando?

Foi rápido demais o que aconteceu, em um segundo ele estava segurando meu braço e no outro eu tinha me soltado e batido a cabeça dele com força na mesa em uma rapidez surpreendente, ouvi um barulho de algo se quebrando, acho que foi o nariz dele já que ele levava a mão para o mesmo local para estancar o sangramento assim que se desvencilhou de mim, o local entrou em um silencio absoluto quando o tal Henry se levantou gritando

— Você quebrou meu nariz sua vadia!

Se eu já estava perdendo o controle agora eu tinha perdido totalmente, porquê me movi mais rápido que um humano normal  pegando o nariz quebrado dele com força e falei

— Se você chegar perto mim assim ou me chamar de vadia novamente, eu vou quebrar partes mais importantes do seu corpo.

Respondi o largando não dando importância pra ele, peguei minhas coisas e sai daquele lugar, passei pela mesa do Nathan e acho que vi um sorriso no rosto dele, não importava, eu tinha que sair de lá o mais rápido possível, estava perdendo todo o controle. Passei por uma Tereza afobada na porta me perguntando aonde eu estava indo e nem eu sabia, só sai correndo sem rumo. Encontrei um caminho para a floresta mais a frente e entrei.

Que se dane o que o alfa Derek achava, eu precisava me transformar. Fui andando até achar que já estava longe o bastante da estrada e das pessoas, tirei minha roupa e a deixei em um canto perto de uma arvore e deixei que a Valentina tomasse conta do meu corpo. Meus ossos começaram a se quebrar, um por um, no que parecia uma tortura, mas que para mim era uma libertação. Não me transformava já tinha dias e estava me sentindo enjaulada em mim mesma, sem poder ser quem eu quem eu era realmente. Quando em fim a transformação terminou já não era mais eu que comandava minhas ações, Valentina era pura intuição e instinto, e por mas que nunca estivéssemos nessa floresta, ela começou a explorar como se já a conhecesse.

Precisava deixar ela sair para pensar em tudo o que estava acontecendo e ter duas mentes em um corpo só não me deixava pensar ou agir direito. Meus pais estavam mortos e quem fez isso ainda está por ai enquanto eu estou nessa cidade sem conhecer ninguém quando poderia estar com a tia Ally e os outros resolvendo isso, eu era umas das melhores rastreadoras da família e eu tinha sentido um cheiro estranho quando encontrei meus pais, não tinha falado pra ninguém por não saber do que se tratava o cheiro e agora com os meus sentidos aguçados eu comecei a lembrar. Era um fedor pungente, de algo que não parecia ser de qualquer criatura que eu já tenha conhecido e muito menos humano. Valentina parou na margem de um rio e mesmo com o céu já escurecendo consegui ver o reflexo na agua, nós lupinos não eram conhecidos só pela força e rapidez, mas todos temos a mesma aparência em comum, todos somos brancos ou cinzas variando da tonalidade da cor e olhos violetas. Valentina era totalmente branca e a única coisa que a maculavam eram os olhos violetas brilhantes, tinha entre 1,70 a 1,80 de altura aproximadamente. Eu me transformei pela primeira vez quando tinha 12 anos e tinham que me acorrentar por não ter o controle e ser indomável, só fui conseguir o controle total a pouco tempo com 16 anos e não foi uma coisa fácil de se conseguir.

Andamos mais um pouco sentindo o ar puro, ouvindo os outros animais por perto, uns se recolhendo para seus ninhos e tocas e outros começando a caçar, quando a lua nova começou a despontar no céu decidi que já estava bom e fui atrás de minhas coisas

Mas já?

Valentina me perguntou.

—Já. — Respondi me transformando de volta em forma humana. — Temos que ir pra casa. — Me vesti e comecei a ir para casa, quando cheguei tia Maggie me recebeu com uma cara nada boa e me deu uma bronca por ter quebrado o nariz do filho do beta do Derek.

Mas do que merecido.

Valentina falou e eu concordei com ela, subi para meu quarto, tomei um banho e fui dormi, meu corpo precisava se recuperar da transformação.
Na manhã estava sentada na minha mesa esperando o professor chegar quando Tereza parou na minha frente com uma expressão brava, e quando ia começar a falar o professor chegou falando

— Em seus pares pessoal, hoje aula vai ser pratica e eu irei passar um trabalho no final da aula para cada dupla.

Ele disse e os alunos começaram a se mudar de local se sentando com seus pares, Tereza vendo que eu ficaria sem ninguém perguntou ao professor:

— Com licença professor, mas a Amélia ficou sem dupla, será que ela pode se sentar conosco?

Ela fez aquela carinha do gato de botas em Sherek ao professor e quando ele ia dar a resposta a porta foi aberta e o Nathan entrou na sala de aula.

— Com licença professor. — Ele disse parando na porta.

— Pronto, agora não estar faltando mais ninguém senhorita Jones, o senhor Hale irá fazer dupla com a senhorita Morrigan, podem se sentar.

Ele falou, Tereza passou por mim se desculpando e Nathan se sentou ao meu lado me presenteando com o perfume de madeira com hortelã e mais alguma coisa cítrica no meio.

— Acho que ainda não tivemos tempo para nos apresentar, sou o Nathan. —
Ele disse se apresentando.

— Amélia. — Respondi me virando, ele me olhou estudando meu rosto e depois se virou para o quadro onde o professor estava dando os dados da aula de hoje, era  alguma coisa com genética e dei um suspiro e abri o livro na pagina que ele anotada.

— Não gosta de biologia? — Ele me perguntou, me virei pra ele novamente respondendo

— Não é que eu não goste, só não me dou bem com ela.

— Eu te ajudo. — Ele me disse derepente depois de um tempo, olhei pra ele de novo — Claro, se você quiser. — Ele emendou —Temos um grupo de estudo, Dylan não faz essa aula, mas o Oliver sim, ele é da outra sala. Se quiser podemos estudar. Todos juntos.

Ele parecia meio nervoso ou era impressão minha? Ele continuou me olhando esperando uma resposta.

— Ta bom, eu aceito.

Disse a ele, ele sorriu pra mim e eu não estava preparada pra esse sorriso tão bonito a essa hora da manhã.

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