[...]
O mar estava calmo, o bater das ondas nas tábuas de um barco — não tão grande nem tão pequeno — podiam ser ouvidas, enquanto o som das próprias águas era produzido por bater em si. A água era tão linda que parecia ser azul. O vento, não tão forte e nem tão fraco estava em ação, enquanto uma figura na ponta do barco na parte da frente, tinha seus cabelos negros e longos um tanto ondulados, — apesar de presos por uma trança e uma fita azul na ponta — sendo balançados pelo vento.
Suas vestes eram simples, uma jaqueta comum com a cor marrom, indo abaixo de sua cintura parando sobre seus quadris. Dentro da jaqueta, há uma blusa branca, calças de mesma cor, junto de botas pretas com um salto de 5 centímetros, a bota ia até a suas panturrilhas, chegando próximas do joelho com suas bases, ajudando-o com seu pequeno corpo. E para finalizar uma espada velha, porém afiada, com grande valor sentimental, a qual apenas usava para sua própria defesa. Este pequeno garoto é One, um marinheiro e líder de uma tripulação iniciante a qual se encontrava no mesmo barco. Apesar de sua aparência jovem e inexperiente ele sabe o que fazer... às vezes. Seu senso de justiça é algo assustador, está sempre à procura de soluções que beneficiam ambos os lados.
Ele está em uma viagem com o desejo de explorar ilhas e continentes que nunca viu, principalmente, os tão aclamados condados, dominados pelos benevolentes Condes. Mas claro, sozinho seria algo muito difícil... Portanto, ao longo de suas viagens iniciais, foi adquirindo amigos.
Do outro lado do barco, havia um garoto encostado a beira. Ele tinha pequenos e lisos cabelos de cor igualitária ao seu capitão, sua vestimenta não era tão diferente de One, apenas pelas botas, as quais tinham o salto menor. Seu nome era Peter, ele havia aceitado ajudar seu amigo, — após ele ter o ajudado — nada como um prazeroso pacto de confiança. Sua função no barco é cuidar da segurança, e manipular a vela principal, apesar de seu físico, sempre atento às coisas em volta, sendo assim, ficava no mastro. Um garoto até que um pouco... malandro, sem sair dos limites impostos por seu amigo, e superior, o capitão. Mas aparentemente, estava tirando uma de suas longas folgas, encarando as ondas.[...]
One continuava a contemplar a vista com seus olhos castanhos que nadavam entre as águas do mar... O marinheiro observava os detalhes das águas salgadas, a cada movimento previsível e pacífico das ondas. A cada vez que se levantavam a enfrentar as tábuas de seu navio, ele sorria. Um sorriso tão passageiro, mas verdadeiro. Aquele sentimento o abraçava, como se não precisasse de mais nada, além do mar. O som das ondas o deixava calmo. Uma porta atrás do capitão, logo foi aberta. Dela, um homem abaixava-se para passar pela porta, elevando todo seu corpo em seguida. Esse é Michel, o cozinheiro do barco, outro que teve as mãos de One em seu destino. Ele é um pouco... estranho, e às vezes deixa seu charmoso sotaque francês transparecer. O maior da tripulação, tinha cerca de 1,80. Tinha cabelos lisos e escuros que chegavam até seus ombros, mas ele os amarrava em um rabo de cavalo.
‘Bonjour, capitaine. O café da manhã está pronto.’ Michel sorriu, ‘A propósito, One, por que não está navegando?’
O capitão sentiu seu corpo se arrepiar, até mesmo, tremia. Ele era, sim, o capitão do barco, aquele que deve direcionar e navegar, entretanto... talvez não estivesse pronto para tal.
‘Eu... eu... machuquei as mãos na última batalha!’ ele mentiu, por algum motivo, isso acontecia diversas vezes. ‘Eu não posso navegar assim! Vamos ter que pedir a Emy mais uma vez...’
Michel parecia saber sobre sua mentira, além de não ter estrutura, One era passivo demais para atacar algo ou alguém. Contudo, mesmo assim, ele se manteve calado e apenas concordou com o balançar de sua cabeça positivamente.
‘Foi aquela batalha contra os peixinhos?’ ele perguntou.
‘Eram peixes perigosos!’
‘Claro que eram..., então, ao menos vá chamá-la, “capitaine”!’ ele deu as costas à sua autoridade, puxou e bateu a porta.
‘Respect your capitain!’ a autoridade o respondeu em risadas, deixando assim, transparecer seu sotaque inglês. Em alguns segundos, One colocou seus pés ao piso do barco, criando um som como se fosse afundar seus pés na madeira. Ele se mantinha observando todo o navio, tinha orgulho de seu transporte, mesmo não sendo muito grande e charmoso.
Caminhava até a porta, a abrindo, com um grande e bobo sorriso a sua face. O capitão descia as escadas com cuidado segurando no corrimão, a cada passo, ele arrastava suas mãos pela madeira que o ajudava com seu equilíbrio. Ao chegar no corredor, ele continuou a dar passos lentos e firmes, até chegar em frente a um dos quartos. Alguns suspiros podiam ser ouvidos através da porta, logo, ele ergueu sua destra fechando-a e batendo o punho suavemente a porta.
Adentro do quarto, havia uma garota deitada sobre sua cama bagunçada, ela possuía cabelos castanhos, longos e bem mais ondulados do que os fios embaraçados de seu capitão, os quais chegavam até seu quadril. Sua pele era um tanto branca, e sobre suas bochechas, haviam algumas marcas um tanto atraentes, sardas. Seu rosto estava avermelhado, seus olhos fechados e um enorme e brilhante sorriso estava sobre seu belo rosto. Ela estava realmente feliz enquanto abraçava várias cartas.
O quarto estava um tanto bagunçado, haviam cartas espalhadas por todo o chão. Ela com certeza passou a noite as lendo... Seu nome era Emily, as cartas eram de seu amante, Anthony. A saudade é um sentimento vindo do amor, portanto, forte como o próprio. Para manter as chamas de sua lareira de amor, eles trocam cartas enquanto ela fica ao lado de seus companheiros, descobrindo novos lugares, mas sem nunca o esquecer. Ela estava com uma camisola dada pelo seu amante, a qual ia até seus quadris.
Do outro lado da porta, após ouvir os "socos" de seu capitão, suas cartas foram jogadas para cima em um movimento desesperador protagonizado por ela. A garota de sardas se levantou ligeiramente e abaixou-se, ajoelhando ao chão, com suas pequenas mãos, juntava as cartas, as empurrando para próximo de uma caixa.
‘Só... só um segundo!’ exclamou Emily em uma tentativa de acalmá-lo, ‘Eu só preciso de um tempinho!’
Após alguns segundos, ela agarrou todas as cartas, as lançando adentro da caixa, a qual foi trancada, e por sua vez, empurrada abaixo da cama da donzela americana. Emily deu passos leves e velozes até a porta, mas voltou a trás percebendo a falta de vestimenta em sobre suas pernas, logo, se vestiu e dirigiu-se até a porta a abrindo.
‘I'm sorry it takes so long, captain!’ ela estava um tanto desesperada, era perceptível em seu tom de voz e respiração um tanto ofegante. Por conta disto, também foi possível notar a diferença entre os sotaques, sendo o dela, mais americanizado.
‘O café está pronto! Come on!’ One acabara de a convidar, mas seu sorriso já era a resposta. Ele apenas abriu um sorriso para não a deixar sorrindo sozinha. Um som característico destruía todo o silêncio, a porta usada para entrar no barco era aberta, logo, Peter, descia as escadas com passos fortes.
‘Estou morrendo de fome.’ disse Peter, olhando para seu bom amigo, One, a única coisa a sua frente.
‘Bom dia, Peter!’ Ambos o responderam, levando seus olhares para o garoto de estatura média, o que entristecia o capitão por alguns segundos. Para não deixar transparecer, One manteve o sorriso antes entregue a Emily. Peter retribuiu o sorriso e seguiu em frente levantando sua esquerda e finalmente os respondendo com seu sotaque alemão, ‘Guten morgen.’
‘Bom, lhe vejo lá!’ One encerrou a conversa, pondo-se a andar, levando seu olhar aos quadros pintados nas paredes. Vários navios, os quais ele desejava viajar sobre.
‘Cer... certo!’ Ela o respondeu logo em seguida, fechando a porta de seu quarto.
Emily colocou suas mãos sobre seu rosto, encostando suas costas sobre a porta, deixando-se deslizar até o chão ainda encostada na porta, logo, ela sugava todo o ar possível e o soltava lentamente, ela respirava fundo com seu rosto avermelhado escondido por suas mãos.
‘Não podem pensar que sou fraca...’ disse para si, encarando suas mãos frágeis, mas as fechou, com um semblante mais confiante. ‘Vamos lá!’
Ela se levantou com tudo, e abriu a porta. Com passos firmes e suaves, ela caminhou para a cozinha, afundando seus pequenos pés em sons de madeira atingidas por seus passos.
‘Bom dia a todos!’ ela exclamou para os presentes a cozinha, ainda mantendo o sorriso de antes, olhando para todos eles, sentados nas cadeiras enquanto Michel servia o café a mesa.
‘Good Morning!’
‘Bonjour.’
‘Guten morgen. De novo.’
Todos a responderam, com entonações, sotaques e ânimos diferentes, mantendo a variedade dentro do barco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The One In The Blue Sea
AdventureO sábio e velho homem sorriu a mim, mostrando-me o maravilhoso mar azul com seu dedo indicador apontando para o imenso mar aberto. E então, ele me disse. 'Aquele no mar azul, sempre navegando num mar de sonhos, com um sorriso sobre sua face que...