- Eu sei querido, é tudo difícil nessa cidade. – Aquela voz não era tão audível quanto pessoalmente. A minha tia, Tina, é a minha melhor companheira nos desabafos. Infelizmente, ela nunca estava na cidade de Jacksonville por conta de sempre dizer que não gostava do lugar sombrio que aquele lugar demonstrava ser todos os dias. A única saída era sair da cidade para outros lugares. E não pense que seria para outro estado, ou outra cidade qualquer. Minha tia sempre viajava para lugares que às pessoas sempre pensavam em pisar. São tantos lugares que nem ela mesma pode lembrar. Nesse instante ela está morando em Cuba, no México, o meu sonho de lugar. E por que não estou com ela?
Simples.
Minha mãe.
Ela nunca deixaria eu sair da típica cidade de Jacksonville. O motivo? Tem vários.
O qual mais me deixa chocado é o fato das duas se odiarem. Tina, e a minha mãe, Luna, se odiavam desde crianças, e até na vida adulta elas não se organizaram como família.- Pois é tia... Eu te contei que meu pai vai sair da cadeia? – A expressão dela não era muito visível por conta do baixo sinal de Cuba até os Estados Unidos, mas com toda certeza não era uma expressão boa. Meu pai, claro. Ele foi preso em 2016 por conta de ser acusado de homicídio que ocorreu em 2011... Mas recentemente, descobriram que ele é totalmente inocente, ou seja, ele foi preso durante 7 anos da vida dele atoa. A justiça prometeu pagar uma quantia de 40 mil dólares para que ele ficasse calado e não contar à ninguém sobre o grande erro que a justiça fez... ele recebeu o dinheiro, pagou sua fiança, e vai sair da cadeia em alguns dias. Em um passe de mágica, a notícia se espalhou por todo país, e o prefeito foi obrigado a pagar o dobro da quantia, ou seja? O meu pai vai voltar rico da cadeia. Engraçado, não?
- Como assim Tyler? Ele é um assassino! Você vai conviver com um assassino na sua própria casa? – Ela realmente teria razão, se fosse verdade. Então, dei um longo suspiro, me ajeitei de frente ao Notebook, e protestei:
- Fique tranquila tia, ele não é um assassino. – Expliquei com breves palavras, e novamente a sua feição de desentendida se instalou.
- Como assim garoto? – Ela perguntou enquanto mordia as suas unhas com tamanho assunto que ela estava recebendo. Tenho total certeza que isso não era um bom exemplo que uma tia poderia trazer ao seus sobrinho.
- Vou te passar um link. – E foi isso que eu fiz logo em seguida. Graças a internet, Jacksonville tem um site próprio para os cidadãos da cidade. Isso não é incrivelmente útil ao invés de criar um Blog de fofocas?
- Garoto você não está me ouvindo? – Ouço uma voz muito exaltada após o meu fone de ouvido ser brutalmente retirado do alcance dos meus tímpanos.
- O que foi mãe? – Perguntei entediado com tamanha dramatização. Lentamente, retirei o fone do conector do Notebook para a minha tia ouvir e ver o que eu passava todos os dias.
- Eu já disse mil vezes que o almoço está pronto! – Mesmo próximos a minha mãe gritava e se exaltava comigo. Talvez eu seja o maior dos motivos de estresse dela, mas tenho toda certeza que ela tem essa personalidade por conta de me amar demais.
- Oi pra você também Luna. – Minha tia finalmente se pronunciou depois daquele show que minha mãe inaugurou no meu quarto.
- Oi Tina. – Elas nunca se falavam por telefone, mensagens, ou qualquer outro meio de comunicação. Raramente mandavam um "Bom dia" num grupo de família – que eu não fazia questão em estar ou não – para se comunicar pelo menos uma vez na vida. Raramente.
- Desça logo! – E novamente ela gritou numa distância um pouco melhor. Fora do meu quarto. Meus ouvidos agradecem.
- Preciso ir tia.
- Tudo bem querido, até depois! – Ela se pronunciou antes do meu sorriso – se refletir na Webcam – como se fosse uma forma de despedida.
- Finalmente! Você não se cansa de falar com a sua tia? Parece que gosta mais dela do que de mim. – Ela disse se fingindo de ofendida com a minha aproximação com a minha tia.
- Nem vou falar nada. – Foi tudo o que eu disse antes de dar uma garfada na macarronada com queijo que só minha mãe conseguia fazer.
- Ok querido. Preciso te contar uma coisa.
- Quando você diz isso, sei que não é coisa boa.
- Você vai estudar em outra escola.
- O que?
Sem mais, nem menos. Foi tudo que eu não imaginava ouvir um dia na minha vida. Claro que quando eu era do ensino fundamental, acontecia várias vezes, mas nunca imaginei que depois de tantos anos, eu vou me mudar. Isso não é uma coisa que acontece todos os dias.
- O seu pai está sendo ameaçado de morte então, automaticamente, também estamos. Eu vou continuar ficando por aqui, por conta da justiça contratar alguns seguranças para ficar enfrente à casa dia e noite.
- Tudo isso por causa de um homicídio? – Pergunto, e dou de ombros em direção à pia.
- Ele foi acusado de matar o prefeito. Nisso eu concordo um pouco.
- E para onde eu vou? E meus amigos? E Minha popularidade?
- Ok calma... Você vai pra uma das melhores escolas particulares da cidade de Sunlight. O seu pai disse que é um colégio particular apenas para garotos. A sua popularidade vai ter que ser conquistada... Fiz umas pesquisas e a maioria dos garotos são milionários.
- Ótimo! – Bufei. Ando até a mochila que se encontrava sobre o sofá, dei um beijo em minha mãe, e saí.
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- Como assim Tyler? – Já era a 4° vez que Carmen surtava em meio ao corredor da escola, após a minha "maravilhosa" notícia. Carmen se tornou a minha amiga desdo fundamental. Desde então somos melhores amigos. Apenas ela sabe o meu segredo de ser bissexual. A única.
- Eu sei Carmen, não foi escolha minha. O meu pai está passando por alguns problemas e eu preciso ir pra outro lugar, isso é questão de vida ou norte.
- Eu nem sei o que dizer Tyler, não acredito que você aceitou isso numa boa.
O dia se passou e Carmen não se desgrudou de mim em nenhum momento. Tiramos fotos, tomamos sorvete depois da escola, e também fomos ao shopping como se fosse a última vez. E vai ser.
- Eu vou sentir muita a sua falta. – Ela disse enquanto saíamos do shopping.
- Eu também... Prometo manter contato!
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No outro dia...- Rápido Tyler! - Minha mãe gritava e aquelas malditas malas estavam super pesadas. Com certeza minhas mãos estão cheias de marcas agora.
- Eu já vou mãe! – Gritei descendo as escadas da casa, olhando cada detalhe que essa pequena casinha deixaria saudades no meu coração.
- Vamos logo! Entra no carro. – E foi isso que eu fiz.
Passamos exatamente 2 horas dentro do carro... Com direito à paradas nos postos de gasolinas, fome, árvores, pinheiros e algumas paisagens inacreditavelmente lindas.
Tudo isso já estava me deixando enjoado, até que algo me alertou. Uma placa enorme e verde:"Bem vindo à cidade de Sunlight"
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Sunlight | Romance Gay
Teen FictionDa noite ao dia, a sua vida pode mudar ao extremo. Tyler, um jovem de 17 anos que era o garoto mais popular de Hemeton High School em Jacksonville. Mal sabe ele que a sua vida não seria à mesma.