CAPÍTULO 11 "ATESTADO"

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Na quarta-feira que se passou, eu resolvi ir ao médico. Minha avó me buscou em casa e me acompanhou até o momento da consulta.

-Estarei lá fora -Diz olhando em volta e vendo que não tem ninguém perto -Esse cheiro de hospital me dá ânsia.

Dou um riso, mas logo interrompo por conta da dor no meu corpo.

-Okay. -Falo baixinho.

Entro na salinha pequena e aconchegante do doutor e logo se passa todo o procedimento que todos sabemos perfeitamente.

Segundo o médico, meus sintomas são normais de uma gripe, e que eu não deveria me preocupar tanto. Ele me passou os remédios e logo o atestado.

Fiquei sem entender, né.

Se são apenas sintomas de gripe, porque o bendito do atestado?

-Se tomar resfriado ou andar descalço mais uma vez, acho que nos veremos mais rápido do que imagina. -Diz sorrindo com o braço esticado segurando o papel entre o indicador e o dedo do meio. -Não é nada tão grave assim... Esse tempo de chuva fez com que seu corpo perdesse imunidade e te causasse esses sintomas, mas nada te impede de pegar um começo de pneumonia!

-Ãh...

-Só tome cuidado com esses pequenos detalhes, Okay? Te dei uma semana e três dias de atestado para ficar em casa... Um dia que você perdeu e o restante porque foi gentil e educado... Tenha um bom dia e qualquer coisa volte, tá bem?

-Tá!! Eu... Obrigado, e até mais! -Penso por um minuto -Espero que seja em outra ocasião.

Dou um riso mas as dores no corpo me impedem. Já ele, dá uma gargalhada deliciosa.

-Até mais.

Saio da sala e procuro minha vó, e acabo encontrando-a sentada em um desses bancos de rua mexendo no celular. Ela estava tão desatenta que não me viu chegar; me aproximei devagar e puxei seu aparelho gritando.

-Assalto! -Droga, a minha garganta!

A sua reação foi a melhor. Gritou e botou as mãos no rosto e quando ouviu as minhas lamentações por não poder rir, me encarou de cara feia e gargalhou depois.

-Eu já não tenho mais idade pra esses sustos, Leonardo! Mais um desses e você não terá mais avó. -Fala pegando o celular de volta e indo para o carro.

                                  ~•~

Quando chego em casa, me deito e sorrio por saber que ficarei uma semana inteirinha em casa sem ver os rostos feios daqueles garotos idiotas da minha sala.

-Pelo menos você não vai precisar acordar cedo para vir me buscar às seis da manhã. -Digo baixinho pensando em Thalel.

Como se soubesse, naquele mesmo momento meu celular apita me notificando que ele acabara de enviar um áudio no WhatsApp.

"E aí, Léo? Como foi lá no médico? Tá tudo bem aí?"

Dou uma risadinha e não reclamo por minha garganta me lembrar que ela está irritada.

Thalel estava dirigindo.

Leonardo -09:38

"Pare o carro primeiro... Não quero ser o causador de sua morte kkkkkkkkk"

Mesmo eu recusando o seu pedido de vir me ver ontem à noite, não ficamos chateados um com o outro ou coisa do tipo. Parecia que ele me entendia ou compreendia o meu lado e fez questão de mudar de assunto no mesmo momento que eu disse "não".

Demorou um pouco para ele responder essa minha mensagem, embora já tivesse visualizado e em minha cabeça se passava a cena dele procurando uma vaga para estacionar o carro apenas pra conversar comigo.

Cerca de cinco minutos depois ele me liga. Deslizo o dedo para atender a chamada.

-Estou chateado com você, ouviu? -Disse já interrompendo o meu "alô"

-Por que? -Pergunto me fazendo de sonso. Ou apenas revelando a minha verdadeira personalidade?

-Você deveria ter me dito ontem que estava doente! Você só veio me avisar agora de manhã que sua Vó estava te levando para o hospital. -Responde e então se estende o silêncio de sua parte.

-E o que você iria fazer se eu tivesse te falado ontem a noite que estava passando mal? Esqueceu que tinha um compromisso? -Falo tentando reverter o jogo.

-Ah... Eu... Eu ia aí ué, e ia te levar pro hospital! -Diz.

E eu então acabei sorrindo por sua resposta descarada.

-No máximo, você iria me dizer que eu tinha que tomar algum remédio que sua mãe te deu quando esteve com os mesmo sintomas... Embora eu já sei me virar muito bem, e eu queria ter certeza se  esse mal estar era coisa de momento! Talvez passasse no dia seguinte, e como não passou, eu recorri a um médico profissional! Explicado?

Thalel gargalhou do outro lado da linha e logo me lançou aquela pergunta tentadora.

-Que horas eu te pego amanhã?

-Amanhã você não me pega! E nem sexta, nem sábado, nem domingo, nem segunda... Enfim só segunda-feira da outra semana!

-Por que?

-Atestado, ruivinho, atestado.

                                 ~•~

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Onde histórias criam vida. Descubra agora