Realizei meu maior sonho, ou melhor, Charlotte o tornou possível. Nossos caminhos podem ter demorado a se cruzar como deveriam, mas nunca é tarde demais, não para nós.
A vida nos levou pessoas amadas e nos trouxe outras para amar. Quem diria que voltar a casa na praia seria uma boa ideia. Mas, senti que precisávamos. Foi aqui que muitas coisas começaram, e esse lugar marcou muitos momentos.
Observo Charlotte rodeada pelos nossos filhos. Seis crianças. Eu sempre quis ter muitos filhos, e um dia cheguei a pensar que não teria nem um, que dirá seis, mas hoje eles são o centro da minha vida.
Ver Marc e Miranda felizes enquanto seus filhos se juntam a brincadeira é como ter certeza de que fizemos a coisa certa, muitos de nós ainda estão correndo atrás de seus finais felizes e tem muito a percorrer... Mas no fim, quando tem que ser, é.
Eu também tenho muito a percorrer ainda. Esse é só o meio de tudo. Ainda não acabou. Minha esposa tem dias bons e ruins, meu melhor amigo ainda tem dias de lutas diárias. Eu e Miranda somos as pilastras da casa, mas eles são a fundação.
Ouço meus filhos e sobrinhos gargalharem alto e isso me faz sorrir. A família ainda está para chegar, almoçaremos juntos. Eu sei, nunca ficamos sozinhos e bem, eu seria um mentiroso se disse que gostaria de espaço. Porque eu não gosto. Eu gosto do barulho, das vozes, dos sorrisos, das conversas e do calor. Eu odeio o silêncio, ou melhor, passei a odiar depois que o silêncio se tornou meu inimigo. Gosto da casa cheia.
Chegamos ontem à noite e as crianças estavam cansadas. Charlotte e Miranda ficaram até de madrugada na varanda conversando. Marc e eu fomos deitar cedo. Por falar em Marc, nunca vi meu amigo mais feliz.
Fui acordado às seis da manhã com risinhos enchendo o quarto, ao abrir meus olhos me deparei com seis crianças me observando em expectativa e quando abri os braços eles subiram na cama. Abracei cada um bem apertado e ouvi cada uma das suas felicitações, as quais guardarei em meu coração, para quando estiver mais velho e rabugento.
— Feliz dia dos Pai, papai! — Aurora é a primeira a falar. — Você é o melhor pai do mundo! — Seus olhos brilham de certeza. A minha menina de olhos de tempestade, minha menina feroz.
— Feliz dia dos Pais, pai! — É a vez de Aria que parece uma cópia ainda melhor da minha esposa. Os mesmos olhos cinzentos que trazem certa tristeza no fundo. Ela ganhou meu coração desde o primeiro momento que a vi. — Você é o pai mais corajoso do mundo!
Ergo os olhos para ver Charlotte trocar um olhar com Alec e Alice. Nossa história foi mais complicada, teve mais altos e baixos, e desde o momento que os vi, sabia que seria o melhor que poderia ser para eles.
— Feliz dia dos Pais... — Alec começa, ele me olha por um longo momento e meu coração começa a bater mais forte. — Obrigado por ter ficado, por ter sempre feito o melhor pela nossa família, por sempre estar presente. — Puxo-o para mais um abraço apertado.
Antes que eu possa dizer uma resposta, Alice encontra meu olhar e sorri se aproximando novamente.
— Você não precisava ter ficado, mas ficou. Podia ter levado Aurora com você, mas ao invés disso, aceitou mais três crianças complicadas. Não desistiu quando nos tornamos destrutivos, nem pensou em correr para longe quando tudo ficou escuro. Obrigada por ter lutado pela minha Charlotte e por nos dar uma família novamente. Sei que papai estaria muito agradecido. — Alice tem os olhos cheios de água e puxo-a para mais perto, beijando sua testa.
Charlotte está em pé no fim da cama. As gêmeas sorriem e seus olhos verdes como os meus brilham de empolgação, mesmo sem entender muita coisa. Recupero minha voz e sem mais interrupções é minha vez de falar, afinal estão todos esperando.
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Um momento Especial
Short StoryComo seria o primeiro dia dos Pais perfeito? Para eles é rodeado das pessoas que amam e por quem tanto lutaram. *** ** Esse conto deve ser lido após a leitura do livro dois de Deixe-me Ir...