I - you're late pt 1

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"Good things take time, right?"

05 de junho de 2087
Pyeongchang, Coréia do Sul

p.o.v.

•°~ Park Jimin ~°•

A luz entrando pela parede de vidro por trás das minhas costas aquecia minha pele. Uma grande mesa retangular escura como o breu a minha frente... Aquelas vestimentas brancas... Ah. Eu estava novamente naquela sala, pronto para ser interrogado mais uma vez, e eles, sempre eles, mantinham uma esperança de conseguir alguma informação útil das minhas poucas palavras.

Um homem de terno branco e gravata cinza clara entrou na sala, minhas mãos suavam, meus dedos dos pés estavam inquietos, e eu não parava de pentear o cabelo para trás com as mãos, por mais que ele insistisse em permanecer caindo perto dos meus olhos.

Não entendia por que eu estava tão nervoso, e nem entendia como meu cérebro estava conseguindo assimilar tudo isso como se eu já tivesse tido essa mesma experiência antes, mas eu não estava me lembrando bem. Eu estava nervoso, isso era nítido. O que estava acontecendo? Por quê eu estava ali naquela sala branca com algumas paredes de vidro e, em volta... uma floresta enorme?? Essas eram perguntas que não paravam de surgir na minha mente, era tudo rápido demais...

— Olá Park Jimin — O homem de terno branco se sentou ao meu lado naquela mesa enorme. — Fique tranquilo, daqui a um ou dois minutos o seu cérebro vai voltar a assimilar todas as informações normalmente como antes, não fique nervoso. — O homem de aparência mais velha, deveria ter cerca de uns 40 anos, enquanto ele falava, estava botando uma espécie de câmera na minha frente, mas por quê ele ia querer tirar fotos minhas?

Foi então que a minha memória voltou a funcionar. Foi como se eu tivesse despencado de um prédio de 59 andares e caído direto no concreto. Meus olhos se arregalaram, minha respiração e batimentos cardíacos aceleraram consideravelmente, e tudo começou a fazer sentido: Eu e Suga, correndo pela beira da floresta que cercava o aeroporto... estávamos quase alcançando a pista, mas o nevoeiro me puxou, uma pessoa toda equipada falando comigo, disse que iria ficar tudo bem... que ele estava do nosso lado... Gritos, Jungkook... Namjoon. E então eu fui levado para essa base experimental de interrogações de híbridos, não havia uma floresta aqui em volta, essas árvores e essa luz que eu estava vendo das paredes de vidro... não passavam de uma mera computadorização. Isso tudo era sombrio na realidade de fora, quando eu fui levado até esse prédio, no caminho da entrada haviam muitos carros e naves, pessoas armadas até os dentes e mais híbridos como eu, algemados e sendo levados a força. Eu já havia sido interrogado aqui antes, por isso a sensação de dejavú, eu me recusei a falar todas as vezes, eu não poria em risco a liberdade e a vida dos meus amigos. Amigos... Uma lágrima saiu diretamente do meu olho esquerdo, e consequentemente, outra do meu olho direito, e então eu fechei meus olhos, apertei o máximo que podia, e pedi, pedi com toda a fé que ainda me restava, que isso tudo tivesse um fim, que toda essa dor e toda essa história não passassem de um sonho ruim, e que no fim do dia eu veria meus amigos outra vez. Não, meus "amigos" é um termo muito superficial. Eles são minha família.

Havia se passado tanta coisa antes de eu vir parar aqui...

Meus olhos começaram a coçar e a ficar irritados, eles estavam ficando assim de uns dias pra cá e eu não entendia, deveria ser alguma alergia.

O homem de terno branco terminou de arrumar a maldita da câmera, que agora eu lembrava: servia para filmar tudo o que eu falava, para depois eles analisarem e verem minhas expressões, tudo para saber se eu estou dizendo a verdade. Se eu dissesse, eu ganhava comida e não uma injeção na nuca para dormir como da última vez, que aconteceu isso. Bom, eu preferia não comer nada e ganhar uma injeção ao ter que dizer o que esses monstros queriam saber.

— Bom Jimin, vamos ser mais racionais hoje, tudo bem? — O cara de terno branco finalmente se sentou quieto e colocou as mãos sobre a mesa, reação que resultou no aparecimento de computadores olográficos na mesma.

Não disse nada, apenas enxuguei meu rosto com as costas das mãos e penteei os cabelos para trás com uma das mãos novamente, jamais iria perder a postura na frente de sujeitos como aquele.

— Bom, pelo visto já se lembrou de tudo, certo? — Ele abriu um sorriso cínico no rosto, como se gostasse do fato da minha memória me machucar tanto.

Balancei a cabeça em sinal positivo.

— Bom... já que agora você já está se recordando de tudo, que tal começar da parte em que dizia para onde seus amigos foram quando entraram no avião que você estava indo também?

— Não lembro dessa parte. — Minha cabeça estava ereta, de frente para a câmera, meus olhos estavam fixados em minhas mãos deitadas no meu colo, com o olhar baixo, eu disse: — Você e nem ninguém vai conseguir informações de mim. Eu não vou trair minha gente, diferente de vocês, humanos, que traíram a própria criação.

— Ora Jimin, não seja tolo, não traímos nossa criação, apenas estamos querendo ajudar vocês, pobres almas que perderam a trilha de uma vida sem crimes... só que para isso é preciso apenas de um pouco de cooperação, entende?

Muito engraçado mesmo esse cara, uma comédia andante. Pensei totalmente sarcástico naquele momento de impaciência.

— Ajudar? — Indaguei ao mesmo tempo que meus lábios se curvaram em um leve sorriso irônico. — Você diz então que nos ajudar é nos tirar de nossas famílias, assustar todos os híbridos com um nevoeiro misterioso que invade todos os distritos híbridos lentamente, como uma presa caçadora, raptar todos que nele estejam e ainda por cima nos trancar em quartos brancos como se fossemos loucos? E depois nós é que somos chamados de criminosos? Nos interrogar para conseguir informações sobre onde estão nossos aliados para vocês saberem como raptar eles também e fazer a mesma coisa que está fazendo comigo? — Ergui meu olhar para a câmera dessa vez. — Eu sinto muito, mas essa não é a maneira certa de se ajudar alguém.

O homem ficou calado, olhando para a mesa como se seus pensamentos estivessem muito longe dali. E eu sentia, não sei bem como, ou porque, mas eu sentia que algo grande iria acontecer ainda nesse dia...

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ᴛʜᴇ sᴇᴠᴇɴ sɪɴs ↬  tae.kook | bts ! abo au ¡ Onde histórias criam vida. Descubra agora