Mortos e Vivos

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Quarta-Feira 18 de Outubro de 2017  

Quarta-Feira 18 de Outubro de 2017  

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Eu não dormi. Eu não consegui dormir por causa de um garoto que só me deu dor de cabeça. 

Eu me sinto como um saco de lixo que só tem coisas boas dentro de si, não sou tão ruim, mas ainda assim um saco de lixo.

Mas sei que se eu gostasse dele de verdade estaria muito pior, eu estou bem assim, só preciso viver um pouco de drama. Tirei as meias para descer a escada e conseguir um pouco de barulho. Coloquei o queijo entre os pães e tudo foi prensado na sanduicheira.

Voltando ao principal, sim, eu o perdoei. Totalmente. Eu senti que ele tinha algo para mim à partir do momento que atravessou a porta do meu quarto. Aqueles olhos perdidos nunca mentiram, acho que em parte é por isso que me sinto um lixo, porque o tempo todo eu sabia o que estava acontecendo e ignorava achando que de uma hora para outra tudo ia ficar bem e conseguiríamos ser felizes namorando e tudo mais. Mas meus pensamentos foram interrompidos por um cheiro de queimado e corri para transferir o sanduíche para um prato, estava meio escuro mas consegui comer.

Disse para Brenda que estava mal e não conseguiria ir ajudar com os preparativos do baile na escola. O que eu tinha de melhor para fazer se encontrava na televisão com De Repente 30. Bendita Jennifer Garner que mostra que temos problemas em todas as idades. Apesar de que com 16 já ter o suficiente, é desse tipo de drama que eu falo.

Eu o perdoei porque já vi essa cena antes. 

Pouco antes do meu pai morrer estávamos todos juntos, a família completa, meu sonho eu diria. Se eu soubesse que era tão feliz teria aproveitado mais.

Max e eu éramos amigos, todo domingo tinha sorvete, todas as noites eram em família, parecia teatro.

Então estávamos brincando na rua por tempo demais, e Max disse que precisávamos voltar porquê estava tarde.

Mas era cedo e poderíamos ter ficado mais tempo sim.

O som era baixo e delicado, nem sei como consegui ouvir. Imaginar as lágrimas correndo pelo rosto do meu pai fez-me chorar junto. Max tinha ido tomar banho enquanto eu estava lá, sentada encostada na parede, chorando.

Eu escutei aquelas palavras que minha mãe disse claramente. Disse que não o amava, por mim nunca amou. Não teria feito isso nem com ele, nem sujeitado a família inteira a isso. Como se fôssemos um bando de idiotas.

Ninguém tem o direito de julgar os sentimento de alguém, muito menos eu. Mas eu senti. Eu estava lá e eu senti quando aquelas palavras foram ditas e espelhadas pelo ar atingindo meu pai e eu, e ambos os corações.

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