Bônus 2: Isabelle e Benjamin

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Alguns feixes de luz transpassavam a cortina, criando filetes de claridade e indicando que mais um dia começara.

Depois de uma noite "pertubada" com sonhos indesejados, Isabelle se viu obrigada a acordar. Sentou-se na cama e vagou lentamente os olhos pelo cômodo em que dormia, tentando escapar da realidade.

- Droga de mente! -Resmungou. - Eu conto com você pela racionalidade e é isso que ganho!

Mesmo que quisesse, Isabelle não tinha como esquecer sobre o que sonhou. Olhos cor de mel ( tão doces quanto ) e sorrisos bobos, com poder de fazer qualquer mau humor sair correndo. Um problema sem solução, mas com nome e sobrenome: Benjamin Ward.

O problema maior não foi ter sonhado com ele boa parte do tempo ( se bem que isso contava muito ) e sim por tê-lo ouvido pedir desculpa. Provavelmente seu subconsciente estava fantasiando e a deixando com raiva pela constatação de que Benjamin jamais faria algo do gênero.

Notou a luz de fora que entrava no quarto e se perguntou que horas era. Pegou o celular debaixo do travesseiro e tomou um susto quando viu que não passavam das 8:00. Acordar cedo para ela era tão difícil quanto cortar madeira com uma faquinha de plastico, mas era ainda pior, neste momento, a ideia de voltar a dormir.

Resmungou novamente decidindo levantar e tomar um banho para amenizar os nervos.

Alongou-se e foi até o banheiro na esperança de que um bom banho ajudasse em seu estado de espirito. Isabelle parou em frente ao espelho dando uma olhada e, para melhorar, estava com cara de quem tinha bebido todas e entrado no meio de um furacão. Olhos pesados, cara amassada, cabelo totalmente habitável para passarinhos e um terrível gosto de papel molhado na boca, além das roupas amarrotadas. Na noite passada, depois de chegar, ela foi direto para o quarto tentar pensar um pouco e não surtar com Benjamin, mas estava tão cansada pelo dia anterior que acabou dormindo daquele jeito. Jogou as roupas no cesto e entrou no chuveiro.

Após vários minutos desfrutando da calmaria na água tépida e do cabelo lavado e cheiroso, decidiu sair e procurar uma roupa de seu agrado. Pela milésima vez sentiu a tristeza por não ter conseguido trazer nenhuma de suas roupas. Claro que estava tremendamente agradecida pelo gesto de Benjamin, ( sem querer admitir ) mas ainda sim, elas não tinham o conforto de suas roupas e nem a praticidade. Mas claro, aquilo era melhor que nada.

A irmã de Benjamin de fato tinha um ótimo gosto para roupas, mas Isabelle se viu gargalhando de algumas lingeries que ela tinha comprado. Eram bizarras ou completamente inúteis em seu ponto de vista. Escolheu um conjunto creme, pegou uma calça preta e uma regata cinza. Se olhou no espelho. Parecia faltar algo.

Começou a vasculhar nas gavetas atrás de uma tesoura até achar. Tirou a calça e rasgou algumas tiras por toda ela. Depois pegou a blusa e cortou mais as laterais. Vestiu as novas peças e aprovou o resultado. Agora parecia com ela.

Tudo isso não demorou mais que vinte minutos, ainda eram pouco mais das nove. Colocou a cabeça para fora do quarto, não escutou barulho. Ótimo. Ainda não estava pronta para enfrentar Benjamin.

Noite passada ela acabou se excedendo por ser controlada pela fúria acumulada por tudo. Uma exaustiva caminhada, Benjamin com humor azedo, ter que aguentar sua cara de pau e, quando achou que ia começar a melhorar, tudo piorou a um nível extremo fazendo-a explodir de vez. Nunca foi de controlar a raiva, muito menos língua, por isso não se conteve ao esfregar na cara dele o que tinha ouvido dizer a seu respeito. A final de contas, quem ele achava que era?! Isabelle sabia lidar muito bem com esse tipo de gente. Só que seu coração lhe dizia que ele não era de todo culpado. Pena que ela só ouvia a razão.

Fez um café bem forte e se sentou no sofá agradecendo pela cafeína existentente nesse mundo caótico e seu efeito. Obviamente ela era uma fã de carteirinha e se negava a entender por que tinham pessoas que não gostavam, como Lauren por exemplo. Para ela o café era amargo e dizia para Isabelle que esse era o motivo dela ser desse jeito. Realmente pensar nisso era quase um calmante, momentos normais. Depois de tomar o café ligaria para Lauren, talvez para surtar um pouco e perguntar como tinham parado ali ou para saber como iam as coisas com o príncipe Deren.

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