The Darkest Side of The Night

Presa…numa casa desde sempre. Estou ainda à espera de alguém que chegue e me tire desta solidão, tristeza e escuridão. Dizem que é perigoso eu sair. Posso fazer mal às pessoas. Eu sei o que sou e o que posso ou não fazer. A noite…foi a única vez que eu estive fora do meu lugar. Não me lembro de ver a luz do dia, acho que foi há muito, muito tempo atrás. A única luz que vejo, às vezes, é a da lua.

A lua é a minha única companheira. A minha amiga. Eu queria tanto sair daqui mas eles selaram as portas e as janelas. Só se podem abrir por fora, mas ninguém sabe que estou neste lugar e já deviam ter esquecido a minha existência. Se alguém se lembrar de mim é pelos feitos terríveis que tenho vindo fazer ao longo dos tempos.

Mas eu agora mudei. A única coisa que quero é liberdade. Sinto-me a ficar mais fraca a cada dia que passa. Mas eu nunca morro, mesmo sem “comer” nada eu não morro. Apenas desmaio como se estivesse morta, mas depois volto à vida. Acontece pelo menos duas vezes por semana. Estou farta. Há séculos que isto acontece, e não, eu não estou a exagerar.

Aguardo, mais anciosa, a cada dia que passa, o dia de estar cá fora. Eu queria encontrá-lo. Só espero que ele não esteja numa tortura como a minha, ou até pior.

Não sei que dia é hoje, não sei de nada. Não sei em que ano estamos, não sei se é dia ou de noite. As janelas estão fechadas. Eu sinto-me arrependida de tudo o que fiz, mas não tive outra alternativa. Dizem que há sempre duas alternativas, mas eu apenas tive uma. Eu amava ser humana, até ao momento que me tiraram isso. Depois eu vinguei-me de todos os humanos que me faziam lembrar a vida perfeita que eu tinha. Sim, porque sendo-se humano, temos um mundo perfeito, e eles são uns tolos quando dizem que gostavam de ser aquilo que eu sou. Nem eu própria me atrevo a dizer aquilo que sou, eu não quero aceitar isso, mas vou ter de acarretar esse peso para o resto da eternidade.

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