Gil
Por que despertadores são tão insistentes? Eu já acordei mas não consigo levantar, mas sei que não posso ficar muito tempo na cama, eu posso acabar dormindo e assim perder meu primeiro dia de aula do ensino médio.
Levanto e depois de tomar um banho, ponho a minha calça jeans preta com rasgadinhos no joelho, há quem diga que isso é coisa de gay mas eu não ligo, sobre a calça ponho minha blusa com o Darth Vader na frente, eu simplesmente adoro essa blusa e nos pés nada melhor do que meu velho All Star.
Já é hora de ir, não sei se estou triste por ter que tentar socializar num lugar cheio de pessoas que eu nunca vi ou feliz por finalmente sair de casa, não que eu não goste daqui mas não aguento mais olhar para as mesmas paredes, mesmas pessoas e os mesmos problemas.
- Pai, pode me levar para a escola?
- Suas pernas parecem estar funcionando bem - ouvi sua voz arrastada vindo do sofá. Outra coisa da qual estou cansado, meu pai. Saio pela porta sem dizer mais nada. Eu falaria com a minha se ela estivesse em casa, mas ela não estava.
Ainda bem que o dia está nublado, isso significa não chegar lá suado e ficar bem humorado. Será que vou conseguir fazer amizades, será que vou conseguir falar com alguém sem travar? Normalmente eu sou aquele cara que tudo que você pode ouvir sair da boca é "presente professor" espero que seja diferente dessa vez.
Quando dei por mim já tinha chegado e andado em direção ao auditório e automaticamente sentado na última fileira, estava esperando o diretor acabar seu discurso chato sobre essa escola super legal e muito bem organizada, onde as pessoas aprendem a viver. Quando finalmente acabou todo o papo furado eu nem sentia mais o meu traseiro. Finalmente o sinal tocou para o intervalo, minha bunda agradece.
- Corre que hoje é bolacha Maria galera - um cara sorridente disse para um bando de caras bocós, claramente conseguiram se conectar e até agora eu estou simpatizando apenas com o chão. My old friend*.
Achei um banco debaixo de uma arvore e sentei lá. Eu estava apenas observando tudo quando ouvi duas garotas e um garoto cochichando.
- Ele não falou com ninguém ainda - a que tinha cabelos cacheados disse.
- Parece ser um tanto interessante, você não acha Marcus? - a menina com cabelos pretos pergunto pro menino moreno que concordou mas não parecia muito gostar da ideia. Cara que indiscretos eu não vou ficar aqui pra ver se eles vão me achar interessante. Espero que seja diferente dessa vez. Lembrei do que disse a mim mesmo esta manhã e fiquei apenas observando enquanto eles se aproximavam.
- Hey, eu sou Alya - disse sorrindo a menina de cabelos pretos e olhos castanhos que parecem com... ah ... não sei mas são muitos bonitos.
- Nome legal! - digo tentando lembrar meu nome - Meu nome é Gilberto.
- Ola Gilberto, eu me chamo Francisca - se pronunciou a de cabelo cacheado e pele morena.
- Mas nós a chamamos de Frankie, e eu sou Marcus - disse o cara moreno.
- Então, como se conheceram?
- Eu e Frankie moramos na mesma rua desde o ano passado, e os pais dela conhecem meus avós, então já nos conhecíamos antes vir pra cá - disse Alya sorrindo pra Frankie. Cara esse apelido é estranho.
- Eu estava andando quando sem querer barroei nelas e aqui estou eu - disse Marcus. Não sei por que mas acho que essa barroada não aconteceu por acaso.
- Legal conhecer vocês - digo com um sorriso tímido que é bem retribuído por eles.
- Nossa! Seu sorriso é esquisito - disse Alya risonha, o que me deixou com cara de mané.
- Não leva pro lado pessoal, ela sempre fala o que vem à cabeça - disse Frankie desconcertada.
Não acredito que estou falando com alguém que não é o chão, cara...estou feliz com isso. Percebo Alya olhando para minha blusa, então pergunto:
- Vocês gostam de Star Wars? - Alya Sorrir com os olhos e grita com um sim bem audível. Que legal algo para conversar. - Vocês assistiram todos os filmes?
- Não ter assistido esses filmes seria um insulto a vida - disse Marcus.
- Que exagero! - disse Alya.
- Ops! Estou insultando a vida - Frankie disse.
- Isso não é possível, todo mundo nesse mundo já viu Star Wars, não assistir é quase um estado mental de loucura - disse Marcus.
- Claro que não esquentadinho cada um vive a própria vida do jeito que bem entende. S'por que não assistir não quer dizer que eu seja maluca ou que esteja criticando o filme - diz Frankie.
- Disse tudo mana - comenta Alya enquanto tira os fios de cabelo que estavam sobre sua testa branca e os coloca atras da orelha.
- Okay, okay eu só ... ah ... - começa Marcus mas duvido que ele termine, tava na cara que ele disse aquilo pra da uma de nerd e impressionar - Deixa pra lá.
- Mas então Frankie, você já assisstiu e não gostou ou nunca assistiu? - perguntei.
- Nunca em toda minha vida.
- A gente podia fazer uma maratona juntos? - disse Alya.
- Adorei sua ideia - eu disse balançando a cabeça freneticamente.
- Joinha, tô dentro! - comenta Marcus. Nós três olhamos pra Frankie esperando alguma coisa.
- Deseja conhecer a força? - Pergunta Alya. Frankie desfoca o olhar enquanto pensa na resposta proposta. Não se sabe ao certo que ela está pensando quando ela abre um sorriso e diz:
- Sim!
- Você vai dar uma boa padawan** - digo pra Frankie e vejo Alya sorrir e Marcus finge estar emocionado. Então o sinal toca.
-Bem parece que temos que ir pra sala - diz Frankie.
- Você é primeiranista também? - Marcus me pergunta.
- É né!
- Bom, espero que fiquemos juntos - Frankie diz e caminha em direção as salas de aula. E estranhamente eu concordo plenamente com ela.
* Meu velho amigo.
**PADWAN: significa aprendiz ou iniciante. É um termo utilizado nos filmes Star Wars. Padwan são crianças que faziam treinamentos para se tornarem um cavaleiro Jedi, os cavaleiros do lado bom da força.
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Poeira Espacial
RomanceO amor pode ser manifestado de varias formas, mas ás vezes até as pessoas mais espertas demoram a percebe-lo, mesmo estando bem debaixo de seu nariz. É isso o que acontece cm Alya uma garota muito esperta e sincera em tudo o que faz, ela não é burra...