CLAY | chaeyoung

clay;; único

Quando eu passo nos corredores da faculdade e vocês cochicham sobre mim, eu sei bem sobre o que estão falando. Estão se perguntando quem é essa garota confiante de saia azul e batom vermelho, certo? Porque essa é a única coisa que deveriam estar dizendo sobre a minha pessoa. Que eu sou incrivelmente maravilhosa.

Eu sei, deve ser difícil pra vocês entenderem como é possível eu, Chaeyoung, ficar tão gata usando um suéter velho e cabelo castanho curtinho. Mas querida, se quiser eu te conto todos os segredos pra acordar de manhã cada dia mais linda. O segredo é se amar.

Vocês sabem que eu ando por aí como se fosse a própria Beyoncé. Deve dar inveja, né? Me ver toda cheia de mim mesma, enquanto vocês falam sobre coisas que nem lhe dizem respeito. Sim, os meus ombros são muito largos. E eles são lindos do jeitinho que são. Eles me fazem andar que nem uma modelo da Victoria's Secret, não acha?

Ah, você não gosta do meu maxilar? Acha ele masculino demais? Ah, que pena, porque eu amo ele! Ele me faz parecer ainda mais forte, sabe? Mas se você não me acha bonita, porque não simplesmente me diz isso ao invés de ficar sussurrando por aí sobre mim?

Como se diz em Meninas Malvadas, "Por que você está tão obcecada por mim!?".

Eu sei, eu sou gata pra caralho. E deve doer me ver tão bem quando você parece tão mal. Mas, querida, você nem me conhece! Nunca trocamos uma palavra, mas o meu nome nunca sai da sua boca. Nós poderíamos ser amigas, sabe, se você passasse menos tempo me julgando por eu me amar e mais tempo amando a si mesma.

Se você acha que me chamando de "traveco" vai me ofender, então você não sabe absolutamente nada sobre mim. Eu não construí cada pedacinho de mim durante todos esse anos para ser desmontada tão facilmente, querida. Eu sou uma mulher completíssima, muito obrigada por perguntar. E sim, eu tenho um pênis, mesmo que isso não seja da sua conta.

E se você não acha que eu sou uma garota, bem, o problema é todo e completamente seu! Quem tem que saber ou não sou eu mesma, e meu amor, eu tenho certeza absoluta de que eu sou uma mulher, do mesmo jeito que eu tenho certeza de que você precisa de um pouco mais de amor próprio. Talvez eu possa emprestar um pouco pra você, sabe?

E não adianta querer me chamar de nomes fazendo aquela cara de nojo. Eu que deveria ter nojo de todo esse seu ódio gratuito, não o contrário.

Se você acha que eu deveria usar camisa social e falar grosso, me desculpe querida, mas eu não vou viver no mundo que você quer. Eu vou viver como eu quero, fazendo o que me faz feliz com pessoas que me fazem ainda mais feliz. E essas pessoas definitivamente não são você.

Não, eu não preciso mudar nadinha em mim. Eu não sou massinha de modelar pra você ficar moldando como quer. Eu sou eu. Quem tem que escolher as mudanças nesse corpinho lindo aqui, sou eu. E quem tem que gostar de mim sou eu mesma.

E querida, eu não só gosto de mim. Eu me amo pra caralho.

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Sempre é bom lembrar que mulheres trans também são mulheres, e que o que elas têm entre as pernas não é da sua conta.

Essa oneshot foi inspirada pela música Clay, da incrível Grace Vanderwaal.

Espero que você tenha gostado, obrigada por ler até aqui.