{Por favor não me matem pela demora a atualizar, bloqueio de "escritor" é uma merda.
Maaaas está aqui em capítulo novinho em folha.
Espero que gostem!}
Seu celular apitou e o visor iluminou o quarto já escuro, anunciando a chegada de uma nova notificação. A menina, que já não estava tão sonolenta, teve sua atenção direcionada ao aparelho que estava em cima da cabeceira da cama, o pegando para si. Sentou-se na cama, ajeitando as cobertas ao seu redor e desbloqueou o aparelho sentindo seus olhos arderem com a claridade excessiva.
Quando leu do que se tratava, teve que tapar a própria boca e se segurar com todas as forças para não gritar em excitação.
"jamesrodriguez10 iniciou um vídeo ao vivo. Assista antes que termine!"
Tocou a tela do telefone energicamente e logo a imagem do colombiano que reinava em seus pensamentos, a preencheu. Ele trazia nos lábios um lindo sorriso, fazendo que no peito da brasileira reinasse as sensações de alívio e felicidade, já que as últimas semanas para James não tinham sido nada fáceis e isso a tinha deixado preocupada.
Suspirou pesadamente mirando a tela, o vendo falar animadamente e os comentários de diversos usuários subirem. O som da sua risada preencheu os seus ouvidos e automaticamente as batidas do seu coração deram uma acelerada.
Como eram possíveis as reações que simples atos dele lhe causavam?
Ele nem sabia que ela estava ali, do outro lado da tela, às 1 e 30 da madrugada. O que não era o certo, já que tinha uma prova importante no dia seguinte. Mas que perdeu toda sua importância, assim que entrou naquela live.
Tudo tinha sido meio assim desde 2014, na Copa que acontecera no Brasil, e ela colocou os olhos pela primeira vez naquele colombiano sorridente e carismático. Passou a sonhar com ele mais frequentemente do que o recomendável. Seguiu todas as redes sociais e fazia questão de comentar todas as publicações. Todas informações sobre James Rodriguez que o Google podia abrigar, Sandy as sabia. De cor e salteado.
Passou a acompanhar futebol, coisa que não era de seu feitio, assistindo todos os jogos e competições do Real Madrid e Bayern de Munique (times os quais ele fez parte durante os últimos anos). Só para ter o prazer de vê-lo em campo, com aquela expressão centrada que a fazia se apaixonar ainda mais. Sabia todos os resultados, conhecia os companheiros de time (alguns também lhe arrancavam uns suspiros, ela tinha que admitir) e conseguiu convencer seu pai a comprar uma camisa do time merengue com o nome e número de James Rodriguez estampados. Não que o hábito de assistir ao esporte a transformou numa perita no assunto. Seu entendimento ainda era um pouco raso: durante os noventa minutos de jogo, só entendia quando era gol ou alguma penalidade (se era falta ou pênalti, ela não fazia a menor ideia, mas ainda assim ralhava contra o adversário).
Todos os garotos que passavam por sua vida perdiam a graça, não eram o suficiente. Não eram ele.
"Nossa Sandy, quanto exagero!", era o que suas amigas lhe diziam sempre a viam suspirar pelo jogador. Mas ela nem ligava. Podia parecer fanatismo, mas algo naquele colombiano de um metro e oitenta a atraia de uma forma inexplicável.
Voltou sua atenção ao telefone a sua frente. James carregava no rosto uma expressão um pouco mais fechada, e falava calmo como quem conta uma história. Sandy forçou sua mente e tentou lembrar das aulas de espanhol (as quais ela não prestava muita atenção), para entender o que ele falava. Algo sobre seu atual condicionamento físico e o tratamento que ele está sendo submetido em busca de melhoras. O que ela torcia que acontecesse rapidamente, pois, se não falhava sua memória, a Champion League, a Bundesliga e os Amistosos para a próxima Copa estavam próximos e tinha ciência do quanto o colombiano era importante em todas competições.
Tocou a tela, na barra de comentários, digitando alguns em sequência:
@sandyfernandesps:
Quase meia hora de live e eu não tinha deixado nenhum comentário? Perdão senhor Rodriguez, porém pode ficar aliviado porque sua fã número 1 chegou!
@sandyfernandesps:
O aniversário é seu, mas quem ganhou o presente fui eu, por ter a oportunidade de ver o seu sorriso.
@sandyfernandesps:
Acho bom mesmo, você melhorar rápido senhor Rodriguez. Competições importantes estão vindo por aí e eu quero um gol bem lindo em minha homenagem.
Riu de si mesma assim que tocou para enviar, tentando se convencer do quão ridícula era aquela situação. Ele nunca a notaria em meio de milhares comentários.
Lembrou-se instantaneamente das mensagens que enviava no direct do Instagram.
Há uns meses atrás, depois de um dia horrível, tudo que ela queria era alguém para desabafar e parecia que todas as suas amigas resolveram tomar "chá de sumiço", a deixando sem muitas opções. Decidiu abrir o aplicativo para tentar achar algo interessante e que distraísse sua cabeça. Começou pelo stories, que se localizam na parte superior, assistindo todos, até os mais longos, até chegar no de James, que postara um vídeo jogando Mario Kart com alguns companheiros de time. Tocou no usuário do jogador, entrando em seu perfil, dando aquela fuçada básica, curtindo e comentando umas duas publicações novas que não tinha visto antes. Por um instante, mirou a opção Enviar uma mensagem e pensou "Por que não?". Afinal, não tinha nada a perder. Claro que era meio esquisito e um pouco de idiotice, levando em conta o panorama geral de tudo aquilo. Ele é um jogador mundialmente famoso e ela uma simples adolescente sonhadora. Ponderou consigo mesma durante um tempo, porém quando deu por si, já estava apertando o botão de enviar.
Ficou olhando para as mensagens por alguns minutos, pensando na besteira que havia feito. Ele não leria, de qualquer jeito. Ou leria? Confessou a si mesma que queria que ele lesse. Que ele a notasse. Ou até mesmo que respondesse com um simples "Olá".
Mas isso nunca aconteceria. Ele nunca o faria, disso ela sabia. Mas algo nela a incentivava a continuar, dizendo que o dia em que ele a responderia, chegaria.
Improvável, ela sabia. As leis naturais do universo eram bem claras.
Mas a voz rouca, com um lindo sotaque em espanhol latino burlou essa lei, tirando Sandy de seus devaneios, fazendo a respiração dela falhar um tanto e os olhos dobrar de tamanho com o espanto.
"Para usted, haría más de mil goles Sandy"
Foi como se o mundo tivesse congelado por um instante. Como se eles se vissem por através das telas dos celulares. Ela e ele, com olhares espantados. Ele havia lido e respondido seu comentário. Era surreal demais para ser verdade. Nem seus sonhos mais malucos, lhe proporcionaram tal sensação. Era esquisito, mas ao mesmo tempo eufórico. Ele tinha notado ela! Que vontade tinha de abrir a janela do seu quarto e gritar para os vizinhos o que tinha acontecido.
"Vídeo ao vivo encerrado"
Logo agora que ela iria comentar mais algumas vezes! Mas tudo bem, ela já tinha ganhado o dia. O mês. O ano.
Sonharia com aquelas palavras pelo tempo que sua memória permitisse. Procuraria pela manhã, nas páginas do fã-clube do jogador, partes da live e baixaria aquela em especial. Bloqueou a tela do telefone e o recolocou na cabeceira de sua cama. Voltou a deitar e se cobriu. Mirou o teto por alguns minutos, ainda não tinha certeza se tudo não era mais um de seus sonhos. Se fosse, não lhe importava, estava feliz e nada mudaria isso.
Fechou os olhos e forçou-se a dormir, afinal agora tinha um lindo motivo para sonhar. E esse motivo possuía nome, sobrenome e um belo sotaque colombiano.
