Piloto

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-Porque eu tenho que me mudar? – eu perguntei do banco de trás pro meu pai. 

-Vai ser melhor pra você – ele respondeu me olhando pelo retrovisor, minha mãe não tinha dito uma única palavra sobre a minha mudança. 

-Vocês não me querem mais? – eu perguntei sentido que a minha voz começava a falhar – Foi porque eu não fui uma boa menina? 

O mais velho parou o carro perto uma casa grande e respirou fundo antes de descer e abrir a porta pra mim eu sabia que estávamos em Aichi pela placa que eu li no meio do caminho. Ele abriu a porta e eu desci. 

-[Nome]... – meu pai se ajoelhou pra ficar na minha altura e pegou meu rosto em suas mãos – Você foi a melhor coisa que aconteceu nas nossas vidas... Por isso não podemos te perder, lembra que mamãe falou que você estava doente?

Balancei a minha cabeça fazendo que sim.

-Essas pessoas vão te ajudar a ficar melhor, você não quer poder sair e brincar com as outras crianças? Precisa ficar boa primeiro. Você vai fazer isso não vai? Pelo papai e pela mamãe?
Ele me puxou pra um abraço e afagou meus cabelos, em seguida ele levantou e pegou a minha mão me guiando pra dentro da casa, realmente era uma casa grande. Não demorou até que algumas pessoas nos cumprimentassem.

-Sakae-kun – meu pai cumprimentou o homem mais velho – Não tenho palavras para agradecer pelo que você vai fazer pela família Hirai, estaremos em dívida eterna com a casa Ichinose.
-Não se preocupe, isso vai ajudar ambos os lados. Quem sabe assim possamos sair do radar dos Hiragis por um tempo – ele tinha os cabelos escuros e olhos gentis, o tal Sakae finalmente pareceu me notar.

 – Você deve ser [Nome] não é? Se me permite dizer você é uma dama muito bonita.

Ele se abaixou na minha frente olhei pro meu pai e esperei a aprovação dele, com um aceno de cabeça eu já sabia que estava tudo bem.

-Eu tenho um filho da sua idade, quem sabe vocês possam treinar juntos uma hora. – ele colocou a mão na minha cabeça e se levantou – Bem acredito que esteja quase na hora... Vou deixar vocês se despedirem...

-Bem... É aqui que nos separamos... Se qualquer coisa de ruim acontecer você pode pedir pro Sakae-kun ligar pro papai. E lembre-se, nós sempre vamos estar ligados aqui – ele apontou pra minha testa – e aqui ele apontou pro meu coração.

Ah que coisa mais linda... Se eu tivesse um coração estaria comovido.

A imagem do meu pai começou a se dissolver e em seguida tudo não passava de um borrão, a minha cabeça estava pesada e eu não conseguia distinguir o que era realidade ou o que estava acontecendo na minha mente.

Só porque não estou no mundo real não quer dizer que eu seja uma mentira, não é porque está no mundo real que é uma verdade.

Faziam 2 anos que eu estava na casa Ichinose e 2 anos tentando controlar essa coisa dentro de mim.

Assim você me magoa, afinal eu sou você e você sou eu.

Eu nunca vou ser você, afinal o que você quer de mim?

Seu corpo, sua mente e sua alma. Porque não sucumbe de vez a mim?

Nunca, eu tenho coisas para proteger e por isso preciso ficar mais forte. Eu prometi pro meu pai que eu ficaria mais forte.

Sempre o mesmo discurso, você não tem graça [Nome]... Mas sua ambição me alimenta então vou deixar você livre... Por enquanto.

Meus olhos abriram num instante mas logo fecharam por causa da luz branca do laboratório, os cientistas da casa Ichinose me olhavam com apreensão.

-Foram apenas 30 minutos senhorita [Nome], 10 minutos a menos do que a ultima sessão – uma mulher de óculos redondos disse – Parece que estamos começando a ter testes efetivos.

-Tanto faz – respondi.

-Então, o que ele disse dessa vez? – ela perguntou puxando uma cadeira pra minha frente e checando os meus sinais vitais.

-A mesma coisa de sempre – respondi sem ânimo – Ele me mostrou a memória do dia que eu cheguei... E do meu pai.

-Tentando apelar para seu psicológico – ela resmungou com ela mesma – Bem, a senhorita é muito racional para apenas 6 anos não acredito que qualquer truque de mente funcione.
Permaneci em silencio e apenas respondia quando ela me perguntava alguma coisa, não demorou até que eu fosse liberada.

Quando eu cheguei na casa Ichinose com uma suposta "doença" mal sabia eu que essa doença tinha um nome e era um demônio. Aparentemente meus pais não podiam ter filhos e por isso apelaram para meios mais ocultos de concepção, mesmo assim eu nasci com um corpo muito fraco, foi quando "Shura" aconteceu.

Na primeira vez que eu o encontrei ele era um homem alto, de pele clara e olhos avermelhados os cabelos eram tão negros que cintilavam com um brilho azul acompanhando um par de chifres igualmente escuros, os mesmos eram curvados pra trás. Ele tinha o tronco nu e apenas calças escuras e botas de combate. Mas tinha um par de asas esqueléticas feita de sombras que constantemente se moldavam em qualquer coisa que ele quisesse.

No pouco que eu consegui de informação ele disse que as sombras sempre o acompanharam, esse provavelmente era o motivo pelo qual eu podia enxergar melhor no escuro. Mas enfim o trato da família Hirai é que os Ichinose com sua maestria em feitiços me ajudassem a controlá-lo e em troca a minha mão foi entregue ao primogênito e futuro chefe da casa.

A casa Hirai é praticamente a ovelha negra da casa Hiragi, somos conhecidos por sermos mestres de arma e estrategistas, e por baixo dos panos assassinos. Os Ichinoses sendo sempre ridicularizados por ser quem são só teriam a ganhar com a união das nossas casas, afinal eu sou a próxima cabeça da família.

Entrei no quarto que me foi cedido e como sempre fui a janela como o quarto ficava no alto eu conseguia enxergar as extensões do terreno, eu quase nunca saia da casa. Normalmente só saía pra ir comprar alguma coisa específica ou quando meu pai vinha me visitar... Pensando nisso a última vez que eu saí foi pra ir no funeral da minha mãe.

Eu continuava olhando pela janela quando ouvi uma batida tímida na minha porta, ela abriu revelando o filho do Sakae-kun. Ele devia ter passado o dia treinando de novo pois estava com diversos arranhões e machucados, mas mesmo assim veio aqui com o livro de feitiços e maldições.

-Você não precisa vir aqui todos os dias me dar aula Guren – eu disse voltando a olhar pra janela.

-Eu sei – ele respondeu e sentou na frente da pequena mesa de centro.

O garoto era a coisa mais próxima que eu tinha pra chamar de amigo, suspirei e me sentei na frente dele – E então?

Guren parecia meio aéreo e não tinha me respondido, eu inclinei a minha cabeça pra encontrar os olhos dele – Guren – chamei novamente e as íris ametistas pareceram focar na minha pessoa – O que aconteceu? Você está estranho...

Ele permaneceu em silencio alguns instantes antes de me olhar confiante – [Nome], você já ouvi falar em alguma fada da floresta?

Arregalei meu olhos – Fada? Acho que não...

-Eu acho que eu encontrei uma fada hoje – ele me respondeu num sussurro como se estivesse contando um segredo.

-Jura? – eu coloquei minhas duas mãos apoiadas na mesa – E como ela era? Você é tão sortudo... Eu queria poder ver uma fada...

Voltei a minha posição normal e apoiei meu queixo na minha mão. Ele pareceu olhar pra mim e pensar, mas logo deixamos o assunto de lado e começamos com os estudos de feitiços. Sem tirar meus pensamentos da tal fada que o Guren tinha encontrado... Uma fada que ele me disse depois que se chamava Mahiru



N/A: Oi oi, esse capitulo é apenas um piloto de uma história que eu tenho guardada. Segue todos os eventos que aconteceram com o Guren antes do anime Owari no Seraph. Se tiver uma boa resposta eu posso continuar.
Ate lá Xx


Dangerously (Guren x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora