Fic. Histórica

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Entrevistadora: MissAlbuquerque
Entrevistada: RainhadaBad_

Amanda: Conte-nos um pouquinho sobre você. Quem é a pessoa por trás da @Rainhadabad_?

Débora: Quem sou? (Risos)
Soa até engraçado essa pergunta, porque por mais que eu descreva pessoas e lugares que meus olhos nunca contemplaram, sou totalmente tola para descrever "quem sou eu".  No entanto, estive pensando esses dias enquanto voltava de uma viagem, sobre essa tal de Rainha da bad, e cheguei a conclusão que sou exatamente essa interrogação no final de cada pergunta, sou um verdadeiro infinito de sonhos e desejos, uma caixinha de música daquelas dos anos 40, que nossos bisavós davam corda pra escutar suas melodias tristes. E por fim, é certo que nenhum ser humano sabe quem ele é por completo.

Amanda: Fale um pouco sobre "1945: O trem das rosas vermelhas". Como é a história que envolve esse livro?

Débora: 1945: OTRV é uma história que nos leva para duas épocas opostas -- 1940 e 2018 -- com pessoas, situações, regras, tradições e romances/sentimentos diferentes. O leitor conhece logo no início Daysa González, uma adolescente frágil e indefesa que deixa o "mundo no mudo" como forma de autoproteção,  mais tardar você conhece uma Daysa aos noventa e dois anos com marcas da guerra. Existe esse equilíbrio de tempo entre o passado e o presente, essa gangorra nos faz perceber que o mundo caminha para frente e ao mesmo tempo volta para o passado.
O trem das rosas vermelhas conta como foi que a Segunda Guerra Mundial atingiu a América Latina, países como Uruguai, Argentina e até mesmo o Brasil. Conta também outros malefícios que a guerra trouxe, a fome, o estupro -- em mulheres e crianças judias e toda aquela que fosse contra ao governo -- e assim por diante.
A construção do romance nesse período pode soar clichê, mas foi exatamente isso que aconteceu. Ainda não sou formada em história, porém recentemente li o livro "A mulher do oficial nazista" (um relato real de uma sobrevivente do holocausto). Edith Hahn conta que os nazistas e até mesmo Hitler sabiam que, pra cada judeu morto, sempre haveria um membro nazista salvando outro judeu, seja uma mulher, uma criança, um idoso e assim por diante. Dessa forma, veremos David Hans (Herr Kommandant) salvando mais uma vítima da guerra, e com o decorrer da história veremos Daysa salvando outras vítimas e construindo um amor inabalável com David e até mesmo outros alemães.

Amanda: A história parece ser viciante para quem gosta desse tema!! Quais inspirações para escrever?

Débora: Minhas inspirações sempre vêm de algo que está ao meu redor, situações minúsculas que não têm importância para as pessoas, para mim sempre se pode tirar algo útil que fará o leitor repensar em como ele é como "ser humano".
De modo geral tenho como inspiração minha família -- por exemplo em 1945: OTRV temos uma personagem principal que é evangélica e que tem toda uma origem latina, essa referência ao cristianismo vem da minha própria família. Sou evangélica e tive uma avó paterna que era latina (Boliviana). É engraçado, mas a música me motiva 100% a construir uma história. Não vou mentir, porém livros, novelas (mexicanas, que a propósito amo), meus amigos e até mesmo eu, são todos inspirações.
Pode parecer algo copiado de outros escritores o que falei, mas é certo que acontece com 70% dos escritores -- iniciantes ou aqueles que já estão há anos nesse ramo. Enfim, em todas minhas histórias, a inspiração nasce de alguma coisa que aconteceu ao meu redor ou eu vi e gostei. Recentemente eu fui tia pela primeira vez, e desde quando descobri minha mente não ficou parada e já produziu todo um enredo. Isso é magnífico e eu amo. (Risos)

Amanda: Então você diria que sua história carrega um pouco de si mesma?

Débora: Sim, para ser sincera é um relato de algo que já vem sendo presente há anos na minha vida.
No terceiro capítulo de 1945: OTRV, o narrador conta que o protagonista David, desde sempre observava a garota por detrás das plantas.
Esse é o ponto que deixa de ser ficção e passa ser realidade. A história desse casal é minha história com uma pessoa -- o famoso crush secreto, o dono único de todas minhas histórias. (Risos). Você é a segunda pessoa que conto que essa história foi escrita  para "ele". Tenho um livro de cartas que também foi para ele, mas não se pode comparar com 1945: OTRV, porque nela eu vejo como poderia ter sido se a gente fosse real um para o outro.
Assim como David, também sou uma stalker de respeito e há anos observo a mesma pessoa. Quem ler pode até pensar que sou uma maluca, mas a verdade é que assim como a grande maioria dos personagem presente nessa história, eu também tenho uma guerra que me separa dele. A gente sabe que hoje em dia essa metáfora se aplica ao tradicionalismo no modo geral, as pessoas podem até aceitar determinadas quebras de regras, mas outros tabus sempre irão causar polêmica e ódio. Isso é triste e lamentável.
Enfim, como diz minha amiga Tainá: "Isso é amor platônico", independentemente do que seja, eu sei que é amor, assim como sei que Daysa e David são reais. Creio que essa história carrega tudo aquilo que vem sendo guardado desde 2011.

Entrevistando Em WLB /𝙵𝙴𝙲𝙷𝙰𝙳𝙾/ 2019Onde histórias criam vida. Descubra agora