Paper Hearts

These strange things

Capítulo narrado pelo Jimin, espero que gostem 🤧💕

Eu já senti muito frio durante minha vida. O frio do ar condicionado, frio do inverno, frio de pisar no chão úmido pela manhã, frio de abrir o congelador de madrugada, frio de ficar muito tempo com gelo na boca..

O frio que sentia no momento, era pura ansiedade.

Meu primo celebrava seu casamento hoje, estava feliz, tão energético, sorria para qualquer alma viva em minha frente, como se fosse meu próprio casamento. Estava feliz por reencontrar tantas pessoas e entes queridos, e o mais importante, voltar para Seul depois de tanto tempo morando na pequena Busan.

    Em exatos seis anos atrás, mudei-me para Busan em busca de ingressar na faculdade de dança que tanto queria. Hoje, finalmente formado, me apresento em um grupo de bailarinos local. Voltei para Seul especialmente para o casamento, e ficaria aqui por mais duas semanas.

   Eu amava Busan, mas nada como voltar para minha velha Seul. Esse era o motivo de meu grande e brilhante sorriso.

Este sorriso se repercutiu por todo o início de celebração, até que meus olhos se encontrassem com as orbes escuras e tão bem conhecidas. O fundo musical de violões pareciam se agitar a medida que meu coração fazia o mesmo. Sorri minimamente, talvez pelo nervosismo, ele fez o mesmo.

    Notei que ele andaria em minha direção se não fosse o organizador avisando o início da celebração. Logo, as pessoas começaram a se amontoar para entrar na grande capela. Voltei meus olhos para entre a multidão, mas não mais o vi. Meu acompanhante cutuca meu ombro, me guiando para dentro do grande local.

    Minha cabeça dava grandes voltas, mas estranhamente, eu estava me sentindo bem. Meu estômago parecia querer falar comigo, e não era por fome, chamava isso de "coisos", eu estava tendo puro coisos no estômago agora, assim como sentia anos atrás.

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   O apito enfim soou, pedindo em um som ensurdecedor, para que os jogadores parassem de conversar e entrassem em campo.

    Respirei fundo e caminhei com os outros. Nunca fui fã de futebol, mas eu precisava de algo no meu histórico para ingressar em alguma boa universidade, e bom, definitivamente eu não sirvo para artes marciais.

    Procurei por entre as arquibancadas, os olhos jabuticaba, querendo ter neles algum conforto. Vi ele não tão ao longe, bem no alto da arquibancada, com uma bandeirinha e as bochechas pintadas das cores vermelha e azul. Sorri para ele e logo ouvi um grande "Park Jimin!!!" saindo de seus lábios.

    Tentei controlar um riso alto com aquilo, vê-lo tão animado balançando aquelas bandeirinhas era realmente engraçado, ele sim gostava de futebol. Levei o dedo indicador nos lábios, lhe pedindo silêncio, pedido que foi ignorado totalmente pelo garoto que gritava meu nome, sendo acompanhado de outros torcedores.

    Ao fim do jogo, perdemos. Sabia que havia um grande biquinho de tristeza em meus lábios, mesmo que não pudesse tomar conta disso no momento. Eu realmente queria ter ganhado...

     Voltei o vestiário, tentando esconder qualquer lágrima que quisesse sair dos meus lábios. Eu sempre fui muito sensível.

— Jimin!

      Olho para trás, vendo que Jungkook alcançara-me. Em suas mãos estava as bandeirinhas e em suas bochechas permanecia a tinta, mesmo esta, um pouco manchada pelo suor.

— Eu perdi...

     Murmurei o óbvio com um biquinho. Ouvi um riso abafado sair de seus lábios, e logo ele se aproximou abraçando meu corpo, como um consolo. Mesmo que estivéssemos ambos suados pelo calor da quadra, envolvi meus braços em seu corpo assim como ele fazia comigo. Por um segundo, naquele abraço, me senti a pessoa mais protegida, quase havia esquecido do tal jogo.

— Você já ganhou coisa muito mais importante que o jogo.

    Uni as sobrancelhas sem entender, o que afinal eu tinha ganhado? Eu nunca ganhei nenhuma competição em minha vida. Ergui o rosto para ele, sem nem soltar seu corpo, definitivamente não era algo que planejava fazer no momento.

— Jimin.

— O que?

    Encarei seu rosto em pura ansiedade e curiosidade. Apertei sua camisa entre os dedos para controlar o que sentia em meu estômago. Assim, observando seus olhos de tão perto, meu estômago parecia gritar em desespero e me avisar para que fizesse algo, algo que não sabia o que seria. Eu sentia muitas coisas naquele momento, todas desconhecidas. Eu realmente estava cheio de "coisos".

— O que, Jungkook?

— Eu...sujei seu cabelo de tinta.

    E o instante seguinte se passou com um Jeon Jungkook correndo de um Park Jimin furioso, por toda a quadra daquela escola. Tais sendo observados por algumas pessoas que simplesmente achavam a cena engraçada e até mesmo fofa. Coisa que eles realmente era juntos. Eles eram engracadamente fofos, ou fofamente engraçados.

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    A celebração tomou início. Todos os convidados já estavam sentados apreciando tudo que acontecia. Meu primo estava maravilhoso e sua esposa não estava para trás, simplesmente tudo ocorria como em um conto de fadas.

    Quando o casal trocou as alianças e selaram os lábios, mal consegui segurar as lágrimas, já estava entregue ao choro, pura emoção que se acendia em meu peito. Por reflexo, olhei para o lado, do outro lado do recinto, Jungkook olhava para mim com um pequeno sorriso nos lábios.

    Se meu rosto já estava vermelho pelas lágrimas, agora eu devia estar como um tomate vivo. Esfreguei as bochechas com cuidado para não borrar a maquiagem, e desviei o olhar. Sabia o motivo de seu sorriso, eu sempre havia dito como gostaria de me casar em uma igreja, um sonho desde sempre, e por mais que nunca tinha dito que seria com ele, estava mais que explícito que essa era a minha vontade.

    A cerimônia enfim finalizou, os noivos correram para o carro onde sairiam em busca de sua lua de mel. Eu ria baixo comigo mesmo, enquanto esfregava meus fios em uma tentativa de retirar restantes de flocos de arroz que caiu em mim também.

    Viro-me para procurar meu acompanhante e voltar ao hotel, mas o encontro foi outro.

   Encontrei-me com a pessoa que fazia meu estômago revirar desde a primeira série.