Paper Hearts

Do you remember that?

    Sempre achei o céu a coisa mais fascinante que existe. As estrelas, os astros, as galáxias..tudo era simplesmente maravilhoso aos meus olhos. Nesse momento, acho que percebi que o céu é a segunda coisa mais fascinante que existe. Porque Park Jimin, nas luzes do jardim, com os fios loiros repletos de flocos brancos, usando um terno que tão bem lhe caía, ah..essa devia ser uma das 7 maravilhas, devia ser a 1º delas.

   Caminhei até ele sem nem ao menos perceber, meus pés pareciam não obedecer minha mente, eles guiaram-me até suas costas, ouvir suas risadas após tantos anos parecia mexer tudo em meu interior.

    Aliás, eu sempre gostei de suas risadas.

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O professor já havia desistido da minha mínima e insignificante existência, quando jogou tudo para o alto e resolveu me tirar de sala.

Realmente, não acho que tenha feito grande coisa, o chiclete preso no cabelo da menina sairia se cortasse, aquilo não era o fim do mundo. Cabelos crescem, certo?

Por azar do destino, Jimin também havia levado culpa pelo meu descuido. Eu apenas tinha colocado o chiclete para descansar na cadeira da frente, coisa que era costume meu quando tinha que ler alguma coisa em voz alta, voltaria depois para pega-lo, mas nãããão, a menina da cadeira da frente tinha que encostar-se novamente, fazendo com que meu chiclete fosse embora junto com alguns fios de seu cabelo. Jimin, apenas estava tentando me ajudar a concertar minha pequena besteira e acabou saindo de sala juntamente comigo.

— Jungkookie..m-minha vida acabou.. a-a diretora vai brigar comigo e vai chamar meus pais..e-eu não vou mais para academia de dança! Kookie, é o meu sonho!

O menino esperneava puxando a manga da minha camisa de farda, eu realmente achava um grande exagero de sua parte. Agora, estávamos sentados do lado de fora da sala da diretora, esperando para que nossa vez chegasse e pegássemos nossa advertência.

Coisa que já sabia pelas inúmeras vezes que vim parar aqui. Todos por descuidos e besteira dos professores na minha opinião.

— Sua vida não irá acabar, Jimin...

— Vai sim...eu não vou mais ter emprego, nem família, vou morar na rua e..meu Deus! Eu nunca vou me casar!

Sorri fraco com aquilo. Sabia do enorme desejo que Jimin tinha de se casar um dia. Ter uma casa, seus filhos, e uma boa vida. Achava aquilo bonito, não posso dizer que era um sonho em minha vida, mas com certeza parece algo legal para se ter. Principalmente se for com a pessoa certa.

— Mas se você for morador de rua, não tem como se casar, de qualquer forma, isso não será o principal dos seus problemas.

Minha fala definitivamente não parece ter ajudado. Jimin olhava-me com os olhos brilhando em curiosidade, ele parecia ter dúvidas e perguntas rodando em sua cabeça.

— Mendigos não se casam?

— Acho que não.

O seus lábios se contorcem em um biquinho frustrado. Não sei se ele se preocupava com sua futura situação de mendigo solteiro, ou realmente com todos os mendigos do mundo.

Mas por que falamos de mendigos sendo que estávamos prestes a receber advertências na diretoria? Eu definitivamente não sei.

— Mas eu já vi casais de mendigos na rua. Eles pareciam felizes, só podem ser casados!

Achava graça de sua forma de ver o mundo. Para ele, as pessoas só eram realmente felizes quando se encontravam com sua "outra metade".

— Sendo assim, quando virarmos mendigos, poderemos nos casar de baixo da ponte.

Era só uma piada, claro, mas os olhinhos deles pareciam brilhar tanto quanto brilhavam quando ele comprava seu lanche no refeitório. Um sorriso transpareceu em seu rosto e sua expressão suavizou. Acho que nossa conversa idiota pelo menos rendeu um sorriso.

— Então..tudo bem ser mendigo.

Rimos de sua afirmação. É, tudo bem sermos mendigos, casados e felizes mendigos.

— Park Jimin e Jeon Jungkook, podem entrar.

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— Oi...

   Foi tudo que consegui dizer. Não, eu não estava tímido, eu apenas estava sem palavras. Ele havia amadurecido.

   Suas bochechas, apesar de ainda parecerem fofas, diminuíram. Seu corpo, agora exibia alguns delicados músculos pelo terno. Apesar de ainda ser mais baixo, Jimin havia crescido. Realmente, Jimin havia crescido.

— Oi Jungkook..

   Sorri mínimo com a resposta. Sua voz também havia amadurecido, por mais que ainda soasse melódica e delicada aos meus ouvidos, ela havia amadurecido junto dele.

— Pensei que estivesse em Busan.

— Eu estava sim, mas vim para o casamento e acabou que vou ficar mais duas semanas.

Assenti e sorri fraco. Ele ainda ficaria duas semanas em Seul.

Duas semanas...

— esse casamento é muito bonito, não é?

Comenta ele, olhando tudo ao seu redor com fascínio. Já eu, não consegui tirar meus olhos se sua face admirando cada novo detalhe.

— muito bonito..

Seus olhos pousam nos meus por segundos. Sabia o que ele pensava, e era a total verdade. Park Jimin era aos meus olhos mais bonito que toda decoração que cercava nossos corpos.

— melhor que se casar em baixo da ponte, certo?

Não pude deixar de esboçar surpresa. Ele realmente se lembrava, se lembrava de mim e do que aconteceu em nossa época de escola. Ele ainda havia guardado lembranças nossas.

O quanto mais ele se lembrava?

Meus lábios se abrem para dizer algo, mas sou interrompido por outro homem que chega perto de nós.

— boa noite.

Cumprimenta ele para mim. Nossa altura não era tão divergente, seu rosto um tanto retangular, exibia um maxilar quase perfeito e seus fios castanhos cobriam-lhe as sobrancelhas.

— boa noite..

— Jungkook, esse é Hoseok...

Percebi um certo desconforto da parte de Jimin. Suas bochechas estavam coradas, sempre achei isso bonito, mas sei que só acontece quando ele está desconfortável com algo ou envergonhado.

O homem sorri e estende sua mão para que eu aperte. Mesmo um tanto hesitante, segurei sua mão e forcei um sorriso agradável.

Pensei alguma forma de me apresentar. Havia perdido contato com Jimin, claro, foi muito bom revê-lo, mas sabia que não havíamos mais a ligação de antes. Nunca fomos namorados oficialmente, mas não éramos apenas amigos.

— Sou Jeon Jungkook...amigo de Jimin.

— Sou Jung Hoseok, noivo dele.

Então minha ficha caiu. A intromissão, as bochechas coradas...

Tinham alianças...

Parece que ele realmente realizaria seu sonho afinal.