20. Conversas com Dona Meca e Dona Amália

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Participo do grupo espírita e da manipulação dos remédios. Além de ser interessante, é muito bom conversar com D. Meca e com D. Amália sempre que as atividades permitem.

Às vezes, dona Meca fala da infância do Eurípedes, diz que tinha medo que ele não vingasse, porque era magrinho, magrinho. Conta como ele cuidava dela em suas crises e nunca saía de perto até que melhorasse. Ela fala com um brilho de carinho nos olhos.

Ele ajudou a educar todos os irmãos. Para Eurípedes, tinha que se cortar o mal pela raiz ao lidar com as imperfeições, sem desculpismo ou acomodação. Entendia os limites de todos, mas queria o máximo de cada um.

Dona Meca fala sempre com muita franqueza. Não tem essa de voz melosa e gestos artificiais, nada de falsa aparência de elevação. Sua energia e disposição de fazer tudo certo contagiam. Quando se aborrece, é palavrão na certa!

Aliás, nem ela, nem Eurípedes é de meias palavras e falsa santidade. Muito falso beato se assusta com a conduta dos dois. É engraçado ver essas situações. Com eles, falsidade não tem espaço!

Na farmácia, minha companhia preferida é Dona Amália. Ela se tornou a auxiliar mais constante de Eurípedes e sempre nos conta histórias fascinantes. O professor não se incomoda, não tem essa de falsa modéstia, quer que todos os seus alunos aprendam a fazer o que ele faz em relação à mediunidade e à conduta moral.

– Tentaram matá-lo por duas vezes. Diz dona Amália e continua.

– O portão da casa do professor fica aberto à noite para que as pessoas possam entrar e ir direto ao quarto dele sempre que precisem. Um dia, veio um homem, entrou e bateu em sua porta. Ele levantou e foi abrir. Ao colocar a mão na maçaneta, apareceu Bezerra e disse: não abre, Eurípedes. Este homem veio te matar, vá deitar-se. Nós cuidaremos disso. Ele se deitou. O homem, por algum motivo, foi embora.

– E a segunda vez, como foi? Pergunto.

- Ele recebeu um pedido de ajuda de madrugada. Era um parto. Mandou a pessoa ir com o remédio. Arrumou-se e saiu.

Ao cruzar a praça, viu dois homens na esquina. Bezerra apareceu e disse: Eurípedes, são dois pistoleiros, esperam para matá-lo. Não tema.

Eurípedes continuou na direção dos homens. Aproximou-se deles e disse: boa noite, em nome de Deus. Eles responderam e nada fizeram. Eurípedes passou.

– Que impressionante. Mas o professor não dorme mais?! Como é o horário dele? Pergunto muito curioso.

D. Amália sorri e diz, é assim.

– Das 4 às 7 horas da manhã ele recebe o receituário mediúnico para atender aos pedidos de outras cidades do Brasil.

Das 8 às 10 horas trabalha aqui na manipulação e no correio. Das 10h30 às 15 horas está no colégio.

Das 15h30 às 17 horas recebe o receituário e faz a manipulação para os pedidos de Sacramento.

Das 19h00 às 21 horas tem as tarefas do Grupo Espírita.

E depois faz a contabilidade da loja de seu pai, seu Mogico.

– É inacreditável. Ele dorme só umas quatro horas por noite.

-Na verdade, é bem menos.

– Como!? Indago.

- Ele ampara a todos que vão lhe pedir ajuda durante a noite. Muitas vezes, quando a pessoa chega de madrugada para pedir um remédio, ele já recebeu a receita, manipulou e colocou o medicamento no frasco.

Meu Amigo Eurípedes BarsanulfoOnde histórias criam vida. Descubra agora