O mundo humano

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Durante muito tempo, os demônios são conhecidos pelos humanos como seres crueis que adoram destruições e mortes. Não deixa de ser uma realidade pra alguns demônios, mas pra outros a realidade é bem diferente...

Eu sou um garoto normal. Pelo menos em meu mundo eu sou considerado assim. Durante minha vida toda eu sempre ouvi histórias sobre os seres humanos. Apesar de sermos demônios, nós somos muito bons.
De tanto ler e ouvir histórias sobre os esses seres da minha avó, eu criei uma imensa vontade de conhece-los. Deve ser fascinante.

"Algum dia, você poderá ir ao mundo humano e conversar com eles, conhecer sua cultura e gostos" minha avó dizia essas palavras pra mim sempre que terminava de me contar alguma história.

Certo dia quando completei meus 17.000 anos, minha avó me presenteou com uma bolsa de estudos do mundo humano. Ela queria muito que eu fizesse meu último ano no mundo do qual eu sempre sonhei em visitar. E obviamente eu não recusei e aceitei. Porém, meus pais não acharam uma boa ideia. Eles diziam que era muito perigoso, e que os humanos poderiam me fazer algum mal pra mim. Era normal se pensar isso, afinal os filhos são os bens mais precisos dos pais. Não é mesmo?

Depois de muita insistência e conversa fiada, meus pais me deram permissão pra ir. Minha avó falou algo do tipo "Ele é um demônio! Ele precisa conhecer o bem e o mal. Ficar preso aqui não será nada bom para o seu futuro!". Embora eu não gostasse de ser tratado como uma criança, eu não falei nada pois foi isso que fez meus pais mudarem de opinião.

Fui na minha antiga escola pegar minhas coisas do meu armário, e encontrei com minha amiga de infância Berith. Nos cumprimentamos e caminhamos juntos pra casa.
- Oh, então você vai mesmo pro mundo lá de cima? - ela perguntou enquanto caminhavamos.
- Sim, de algum jeito minha avó conseguiu uma bolsa de estudo no mundo humano. Eu não deixo de me surpreender em como esses velhos conseguem essas coisas. - eu olhava pro papel que minha avó tinha me entregado. Nele estava escrito "seja bem vindo a Nova Vida"
- Que legal. Eu queria poder ir pra lá. Nosso mundo é tão feio que me faz querer chorar. - disse ela olhando em volta.
- A não diz isso. - falei sorrindo - O inferno tem seus pontos positivos. Não é muito diferente do mundo humano!
- Eu queria poder morar no céu. Dizem que lá as ruas são de ouro e os anjos cantam, deve ser lindo. Deus deve ser uma pessoa maravilhosa. - disse ela soltando alguns brilhos.
- Você é tão sorridente e colorida que nem parece um demônio - soltei umas risadas.
- Eu queria muito ter nascido um anjo. Eu iria ajudar os humanos e assim eles não cairiam nesse mundo que é o inferno.
- Eu sinceramente acho que você é um anjo disfarçado de demônio. - disse parando de andar e olhando pra ela.
- Sério? - ela sorri - Sabe, eu vou sentir muitas saudades suas Lu.
- Eu também sentirei suas. Já faz quanto tempo que nós nos conhecemos?
- Como irei lembrar? Nós sempre andamos juntos desde o dia em que nascemos! - ela solta uma pequena risada.
- É verdade. - dou uma risada junto.
Berith e eu sempre fomos melhores amigos, tanto que os outros até achavam que tinham algum relacionamento. Mas sempre pensei nela como uma boa e velha amiga.
- Lembra de quando nós eramos crianças e choravamos quando os humanos caíam no lago de fogo? Você era sempre o primeiro a chorar e corria prós meus braços dizendo pra gente ir embora e que estava com medo. - ela contou sorrindo.
- Ah não me lembre desse passado constrangedor, é extremamente vergonhoso um demônio sentir pena de humanos.
- É mas você nunca se segurou. Naquela época nós devíamos ter uns 5.000 anos, acho que séria 4 anos pros humanos. Se bem que você não mudou muito desde daquela época. Continua um chorão.
- Cala a boca. Você sempre consegue um jeito de me constranger... - caminhando na frente.
- Desculpa, desculpa.
Ficamos andando por uma pequena parte do caminho sem dizer nada. Berith apenas cantarolava com um sorriso no rosto sem motivo algum.
- Berith? Os humanos vivem muito pouco tempo não é? - perguntei quebrando o silêncio.
- Sim. Pra eles é bem difícil viver uma vida saudável e alcançar os 100 anos. - fiquei um pouco cabisbaixo mesmo sem saber o porquê - Lucifer, não se apegue demais a eles, ou você sabe o que pode acontecer com você no final. No mundo humano o tempo gira diferente do inferno.
- Sim, eu sei...

No dia seguinte eu já estava saindo de casa com minha mala acompanhado de meus pais e minha avó. Eu estava indo em direção ao portão do inferno pra poder entrar no outro mundo a cima de nós.
Chegando no Jhushi, que é o que séria o aeroporto pros humanos, começaram as despedidas tristes. Minha mãe chorava tanto que era capaz de suas lágrimas apagar todo o fogo do inferno.
- Se cuida meu filho. Sempre escove os dentes antes de dormir e depois de comer. Também não esqueça de acordar cedo todos os dias... - falava entre lágrimas.
- Mãe...
- Também tome cuidado com os humanos, eles são malignos...
- Mãe...
- Mas não se irrite e mate um, poderá causar confusão. Faça como eu te ensinei, sempre converse, se a conversa não der em nada você pode somente desmaia-lo. Mas não com muita força pra não mata-lo. E também...
- Tá bom, mãe. Eu vou me cuidar, você devia se procupar mais com você mesma do que comigo. - falei abraçando ela. Eu sempre era tratado como criança, mas apenas hoje eu não me importei. Afinal eu estava indo realizar meu sonho.
- Filho se cuida. Não coma os humanos, você pode ter dor de barriga. - alertou meu pai. Ele sempre teve um pouco de preconceito com humanos, não sei porque. Eles tinham quase a mesma aparencia que nós demônios...
- Lucinho, vem cá. - disse minha avó me fazendo abaixar pra ela sussurar em meu ouvido - Aqui tem um dinheiro pra você usar como quiser por lá, não se preocupe! É dinheiro humano e você vai poder usar naquele mundo. Mas aprenda a usar ele lá ou vão te passar a perna. - nesse momento eu desejei saber como minha avó conseguia essas coisas. Mas somente agradeci.

Atenção a todos os demônios que partiram pró mundo humano com destino ao brasil. Logo logo seus portais se abriram. Estejam atentos!

Eu começei a esperar ansiosamente o portal se abrir quando derrepente Berith chega correndo com respiração forte. Parece que ela havia cruzado todo o inferno só pra me ver.
- Fi-finalmente eu cheguei... Por pouco eu não consigo chegar... - disse ela com as mãos em seus joelhos ofegante.
- O que ouve Berith? - pergunto preocupado.
- Eu vim me despedir. Afinal eu ficarei sem meu melhor amigo...to um pouco triste. - disse ela fingindo chorar.
- Ora ora, que sortudo você é lucizinho. Sua namoradinha veio se despedir de você. - disse minha avó provocando.
- Ela não é mi...
- Ah sei sei. Vamos deixar vocês a sos. - disse ela empurrando meus pais pra longe nos deixando sozinhos.
- Sua avó continua saudável como sempre! - disse com um sorriso.
- Sim, infelizmente. - falei brincando.
- Ah é mesmo, eu trouxe algo pra você. É uma pulseira da sorte. - disse me entregando a pulseira - Nela está escrito meu nome pra você sempre se lembrar de mim. Eu também tenho uma com o seu nome. Assim mesmo em mundos diferentes nós poderemos estar conectados.
Pelo jeito ela tem estudado bastante os custumes humanos - eu pensava.
- Obrigado, vou sentir saudades de você. - botei a pulseira.
- E eu suas... - ela pareceu meio incomodada com algo.
- Algum problema?
- Sabe Lu...eu gosto...de...de

Atenção passageiros, o portal se abrirá em breve. Preparem-se. - avisaram interrompendo o que Berith ia falar.

- Hum? Gosta do que?
- Bem eu gosto de...
- Ah deve ser aquele negócio chamado churros né? Quer que eu traga pra você quando voltar?
- Não é isso... Eu queria dizer que eu gosto de...

Preparar para embarcar!

- Oh parece que eu tenho que ir, mas o que você ia falar mesmo?
- Bem...eu... Gosto muito do sorvete de lá. Prove um quando tiver tempo. - disse ela sorrindo.
- Ah, tá bom. Obrigado pela recomendação. - sorri pra ela, embora achasse que não fosse isso que ela queria me falar.
Ainda acho que ela queria churros.
- Agora eu tenho que ir, até mais. - falei e sai correndo. Sua cabeça abaixou.
- A eu já ia esquecendo. - voltei correndo e dei um beijo em sua testa. - A gente se vê!
Berith ficou vermelha. Ela tocou sua testa onde foi beijada e em seguida soltou um sorrisso.
- Tchau lucifer, pena que não conseguiu dar um beijão em sua namoradinha né. - gritou minha avó de longe com meus pais.
- Ela não é minha namorada sua velha louca! - gritei afundando no portal em direção ao outro mundo.
- Quem sabe um dia... - disse Berith segurando sua pulseira.
- Hum? Disse alguma coisa Berizinha? - perguntou minha mãe.
- Não, nada. - negou ela, porém minha avó conseguiu ouvir o que ela disse.

Boa sorte meu querido Lucifer. Seu sonho se realiza agora! Não demore voltar, afinal não é bom deixar sua querida avó e sua futura esposa preocupada.

Meu sonho se realizou. Agora minha história começa nesse novo mundo!

O bom demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora