Flor

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Em algum lugar.
- Hum? Que lugar é esse? Tem muita luz. Será que conseguir chegar? - falava comigo mesmo colocando a mão direita a cima dos olhos impedindo a claridade.
Eu estava sentado em um banco de praça. Havia várias pessoas e crianças correndo e brincando. Não pareciam ser demônios, eles não possuiam chifres, nem unhas e orelhas pontudas.
Passei a mão pela cabeça na região da testa e não conseguir senti-los. Meus chifres haviam sumido, e minhas unhas e orelhas não estavam pontudas. Estavam normais como as dos humanos. Fiquei um pouco preocupado mas então parei e pensei que talvez fosse pra me camuflar na sociedade humana.

Imagina a confusão que seria se eles vissem que eu tinha chifres e orelhas pontudas. Séria só questão de tempo até descobrirem que eu não sou humano. Eu seria levado para um laboratório e...espera. Eu estou no mundo humano! O mundo do qual eu sempre sonhei em conhecer!

Nesse momento uma grande felicidade tomou conta de mim.

Onde será que eu vou primeiro? - eu logo pensei. E então afistei uma barraca com um homem um pouco gordo dando uma bola colorida à um garoto. Não conseguiu identificar o que poderia ser aquilo, mas talvez fosse alguma comida envenenada pra matar humanos.

Eu me aproximei da barraca pra ler o que estava escrito, porém não entendia quase nada.
- Minha avó disse que eu estaria no Brasil quando chegasse. Então aqui as pessoas falam português... Que lingua mais complicada. - falava eu abaixado ainda tentando ler o que estava escrito na banca.
- Ah...garoto? O que você está fazendo aí? Está assustando minha clientela. - falou o senhor dono da banca. Então eu levantei e olhei pró lado e algumas pessoas estavam me encarando e resolvi tomar jeito.
- Ah desculpa, desculpa. É que eu não sou daqui e cheguei a pouco tem... Espera, você entende o que eu falo? -perguntei.
- Claro que sim, porquê não entenderia? Por acaso você é estrangeiro? - perguntou ele confuso achando que talvez eu fosse louco.
- A nada não, desculpa o incômodo. Já estou de saída. - estava indo embora quando decidi dar meia volta. - Ei, esse negócio rosa aí. Tem veneno?
Assim que disse isso várias pessoas que comiam a bola colorida me encararam.
- Ei ei ei o que ta falando? É claro que não. - dizia nervoso. - Podem comer sossegados, não tem nenhum mal não.
- Bem, aqui vocês não tentam matar os humanos?
- Por que eu faria isso? Está louco? Eu também sou humano.

Ele tem razão. Por mais crueis que fossemos, no inferno nós não matava-mos outros demônios.

- Bem, na verdade eu sou de uma terra distante e ainda não aprendi a ler português. Eu estava tentando entender o que você estava escrito aqui pra saber o que você estava vendendo.
- Era só isso? Você me parece mais um filho de camponês que não conhece nada da cidade grande. Bem eu vendo algodão doce, conhece? - perguntou levantando um palitinho com uma grande a bola colorida na minha frente.
- Na verdade eu só ouvi falar disso dá boca da minha avó. Sempre quis provar. - falei à encarando.
- Você é realmente do campo né? - fez uma pergunta retórica - Se você quiser é dois reais.
- Eu não sei muito bem quanto custa dois reais, mas eu tenho esse dinheiro aqui. - tirei no meu bolso um dos papéis que minha avó tinha me dado. - Serve? - o moço pegou o dinheiro e olhou contra a luz.
- Isso é 100 reais! Com essse dinheiro você pode comprar uns 50 desses. - falou com os olhos arregalados.
- Bem, eu tenho muito mais dessas aqui. Eu só quero um mesmo, você pode ficar com o resto.
- Hum... - disse ele pensando - Ei você precisa aprender a economizar. É um pecado você gastar tanto dinheiro assim atoa.
- Mais você não ganharia uma grande quantidade em uma só venda?
- Bom, sim. Mas não é da forma certa. Se eu aceitasse eu não conseguiria dormir a noite.
Fiz uma cara de quem não tava entendendo.
- Vamos fazer assim. Você me parece ser um garoto honesto, então eu te darei um de graça hoje. Você troca esse dinheiro, aí quando passar por aqui de novo você, tudo bem? - disse o vendedor sorrindo e me entregando com uma mão o meu dinheiro e com a outra o doce.
- Tudo bem, obrigado. Eu não demorarei, amanhã mesmo eu lhe pago. - gritei pra ele correndo em uma direção oposta da banca.
- Não precisa ter pressa!

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⏰ Última atualização: Dec 04, 2019 ⏰

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O bom demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora